Por: José Mário Leite
(colaborador do Memórias...e outras coisas...)
Quando a vaga de emigração regressou ao nosso país, com valores expressivos, nos dramáticos anos da Troika, interpretando literalmente a recomendação explícita (é bom não esquecer) do então primeiro ministro Passos Coelho, uma das profissões que mais se destacou nessa sangria de trabalhadores qualificados foi a dos enfermeiros.
Houve quem alertasse, e bem, para o prejuízo não só humano, mas também económico que tal movimento representou: perdemos jovens que iam constituir família em países estrangeiros, melhorando o seu balanço social, em prejuízo do nosso; enviámos para o exterior, a custo zero, técnicos em cuja formação gastámos significativos recursos públicos, nada recebendo em troca.
Mais de uma década depois, na mesma área, sem que tenhamos recuperado parte significativa desses ativos, estamos a importar médicos da América Latina, mas não a custo zero pois, como é público, a vinda desses profissionais é feita com a celebração de contratos com empresas que se fazem pagar pela especialização dos mesmos.
É o mercado, dirão!
Não, não é!
Não só exportamos abaixo do custo como pagamos substanciais mais-valias na importação. Acresce que, por um lado a falta de médicos não resulta do “normal funcionamento do mercado” (a falta de médicos não advém de nenhuma carência na oferta – muitos jovens foram afastados do curso de medicina por medidas puramente burocráticas resultantes de um inexplicável poder corporativo) e, por outro, muitos dos enfermeiros enviados para outros países praticam lá, depois de alguma formação pós-graduada, atos que, por cá, estão reservados a licenciados em medicina.
Se esta atividade funcionasse de acordo com as leis do mercado a solução seria óbvia: Formar, rapidamente mais médicos. A partir de licenciados, em áreas de biologia, com especial enfoque nos enfermeiros, não só porque assim se evitaria a sua saída e ainda porque a obtenção da qualificação seria mais rápida e consistente. Estando a ser feito com excelentes resultados em países com elevados níveis de qualidade e, igualmente, por cá, no Algarve, sendo esta a opção da Universidade Católica, é natural, necessário e urgente multiplicar estas experiências, sobretudo no interior, onde as carências, sendo maiores, são, igualmente, mais difíceis de colmatar.
Acresce que, os novos cursos de medicina, seguindo o paradigma mais atualizado e que melhores resultados produz, se faz, maioritariamente, em ambiente de trabalho, formar médicos a partir de outros profissionais de saúde, pode fazer-se mantendo os candidatos ativos, com ganho para os próprios e, obviamente, para o depauperado SNS. Um enfermeiro, com a vida familiar organizada no interior, não abandonará, facilmente, a sua residência quando obtiver a graduação médica, podendo continuar a exercer a sua atividade no mesmo local onde já se encontra.
Havendo condições (e há), para a criação de um curso de Medicina em Bragança, a sua concretização tem de ser um desígnio regional!
Dirão: “Isso é uma questão dos ministérios da Saúde e do Ensino Superior”. Obviamente que terão de ser esses órgãos governamentais a decidir. Mas, tratando-se da saúde e do desenvolvimento do nordeste, é um assunto prioritário para a população. Sendo-o, terá de ser igualmente uma prioridade para os executivos municipais. Muito mais importante, independentemente da opinião dos seus presidentes, que a festividade anual, a rotunda “artística”, a festa medieval, o turismo gastronómico ou a etapa da Volta a Portugal.
Houve quem alertasse, e bem, para o prejuízo não só humano, mas também económico que tal movimento representou: perdemos jovens que iam constituir família em países estrangeiros, melhorando o seu balanço social, em prejuízo do nosso; enviámos para o exterior, a custo zero, técnicos em cuja formação gastámos significativos recursos públicos, nada recebendo em troca.
Mais de uma década depois, na mesma área, sem que tenhamos recuperado parte significativa desses ativos, estamos a importar médicos da América Latina, mas não a custo zero pois, como é público, a vinda desses profissionais é feita com a celebração de contratos com empresas que se fazem pagar pela especialização dos mesmos.
É o mercado, dirão!
Não, não é!
Não só exportamos abaixo do custo como pagamos substanciais mais-valias na importação. Acresce que, por um lado a falta de médicos não resulta do “normal funcionamento do mercado” (a falta de médicos não advém de nenhuma carência na oferta – muitos jovens foram afastados do curso de medicina por medidas puramente burocráticas resultantes de um inexplicável poder corporativo) e, por outro, muitos dos enfermeiros enviados para outros países praticam lá, depois de alguma formação pós-graduada, atos que, por cá, estão reservados a licenciados em medicina.
Se esta atividade funcionasse de acordo com as leis do mercado a solução seria óbvia: Formar, rapidamente mais médicos. A partir de licenciados, em áreas de biologia, com especial enfoque nos enfermeiros, não só porque assim se evitaria a sua saída e ainda porque a obtenção da qualificação seria mais rápida e consistente. Estando a ser feito com excelentes resultados em países com elevados níveis de qualidade e, igualmente, por cá, no Algarve, sendo esta a opção da Universidade Católica, é natural, necessário e urgente multiplicar estas experiências, sobretudo no interior, onde as carências, sendo maiores, são, igualmente, mais difíceis de colmatar.
Acresce que, os novos cursos de medicina, seguindo o paradigma mais atualizado e que melhores resultados produz, se faz, maioritariamente, em ambiente de trabalho, formar médicos a partir de outros profissionais de saúde, pode fazer-se mantendo os candidatos ativos, com ganho para os próprios e, obviamente, para o depauperado SNS. Um enfermeiro, com a vida familiar organizada no interior, não abandonará, facilmente, a sua residência quando obtiver a graduação médica, podendo continuar a exercer a sua atividade no mesmo local onde já se encontra.
Havendo condições (e há), para a criação de um curso de Medicina em Bragança, a sua concretização tem de ser um desígnio regional!
Dirão: “Isso é uma questão dos ministérios da Saúde e do Ensino Superior”. Obviamente que terão de ser esses órgãos governamentais a decidir. Mas, tratando-se da saúde e do desenvolvimento do nordeste, é um assunto prioritário para a população. Sendo-o, terá de ser igualmente uma prioridade para os executivos municipais. Muito mais importante, independentemente da opinião dos seus presidentes, que a festividade anual, a rotunda “artística”, a festa medieval, o turismo gastronómico ou a etapa da Volta a Portugal.
José Mário Leite, Nasceu na Junqueira da Vilariça, Torre de Moncorvo, estudou em Bragança e no Porto e casou em Brunhoso, Mogadouro.
Colaborador regular de jornais e revistas do nordeste, (Voz do Nordeste, Mensageiro de Bragança, MAS, Nordeste e CEPIHS) publicou Cravo na Boca (Teatro), Pedra Flor (Poesia), A Morte de Germano Trancoso (Romance) e Canto d'Encantos (Contos), tendo sido coautor nas seguintes antologias; Terra de Duas Línguas I e II; 40 Poetas Transmontanos de Hoje; Liderança, Desenvolvimento Empresarial; Gestão de Talentos (a editar brevemente).
Foi Administrador Delegado da Associação de Municípios da Terra Quente Transmontana, vereador na Câmara e Presidente da Assembleia Municipal de Torre de Moncorvo.
Foi vice-presidente da Academia de Letras de Trás-os-Montes.
É Diretor-Adjunto na Fundação Calouste Gulbenkian, Gestor de Ciência e Consultor do Conselho de Administração na Fundação Champalimaud.
É membro da Direção do PEN Clube Português.
Texto de leitura obrigatória e imperdível. No último parágrafo e na minha mente, acrescentei "ou de que fogo de artificio que termina 1 segundo antes da região ser considerada em alerta vermelho".
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