Por: Maria dos Reis Gomes
(colaboradora do Memórias...e outras coisas...)
Recebi com entusiasmo a proposta do nosso amigo Henrique, incansável criador desta página que nos une, para escrever algo nesta época natalícia que, quer queiramos ou não, é tão especial para a maior parte de nós, independentemente do credo que professamos.
Há luzes e festejos e para os mais “crentes” uma esperança ténue de que guerras e conflitos se esbatam. Eu perdi essa esperança. As guerras e os conflitos existirão enquanto o negócio das armas “enche bolsos” e responde à “gula” dos insaciáveis.
Há luzes e festejos e para os mais “crentes” uma esperança ténue de que guerras e conflitos se esbatam. Eu perdi essa esperança. As guerras e os conflitos existirão enquanto o negócio das armas “enche bolsos” e responde à “gula” dos insaciáveis.
O tempo de Natal transporta-me essencialmente para a minha infância e, depois, para o tempo dos meus filhos ainda pequenos. Fixo-me na preparação da consoada na casa dos meus pais e até, na “minha frustração”, por não poder assistir ao “memorável” Natal dos Hospitais porque, coincidia com a hora de ajudar a mãe na confeção das rabanadas, filhós, do tronco de Natal coberto e decorado com chocolate, entre outras iguarias. O presépio era tarefa dos manos que começava com a faina de procurar o musgo mais verde e macio, para “durar”. Depois o desembrulhar das figuras e dar asas à imaginação. Quanto ao Pai Natal ainda era esperado que se lembrasse de que, junto ao fogão da cozinha, cada um de nós, inocentemente ou não…deixava o sapatinho nessa longa noite de estrelas…
As estradas geladas não afastavam os filhos que já tinham organizado as suas vidas por outras bandas. O encontro da família já alargada e numerosa manteve-se em Bragança enquanto os pais estiveram vivos, depois foi estreitando e mudando de sítio…
As famílias mudaram. Não mudaram os sentimentos, dizemos, para amenizar as ausências que, o Natal é quando um homem quiser e, sim, a lógica é correta e oxalá que para bem de todos, esse espírito de perdão e concórdia fosse uma prática habitual.
Somos então convidados a celebrar os dias da mãe, do pai, dos filhos dos irmãos, dos amigos da tolerância… Tudo cheio de boas intenções pois, sentimos na pele os efeitos de uma sociedade que se deslaça, que ignora a dor dos que, por vezes, estão tão próximos de nós e não os vemos…
E, assim imbuída pelo espírito da época, num dezembro que se instala e num inverno que não quer ser, convido amigos e leitores desta página a celebrar “diariamente” O DIA do ABRAÇO. Esse abraço que cura, a que chamam um remédio sem contraindicações, que conforta, que aproxima, que perdoa pequenas guerras e ódios…
De certeza que este gesto simples aconchega quem amamos, sejam pais, filhos, amigos ou amores, gerando o impulso e o desejo de cuidar.
Maria dos Reis, 1 de dezembro de 2024
Maria dos Reis Gomes, nascida e criada em Bragança.
Estudou na Escola do Magistério Primário em Bragança, no Instituto António Aurélio da Costa Ferreira em Lisboa e na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação no Porto, onde reside.
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