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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

domingo, 1 de dezembro de 2024

Para todos os bragançanos…

Por: César Urbino Rodrigues
(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")

Nos primeiros 11 anos de vida, todo o meu mundo se resumia à aldeia de Peredo dos Castelhanos, que teria à volta de 300 habitantes. Aí fui feliz duma forma que nunca mais revivi em lado nenhum.

A adolescência e a juventude passei-as em Macau, onde tive colegas de vários cantos do mundo, desde a gigantesca China de Mao Tsé-Tung à minúscula colónia inglesa de Singapura, passando pela província portuguesa de Timor, pela ilha dos Açores e por vários pontos da metrópole nacional, de que se destacavam os concelhos de Mogadouro, Freixo de Espada à Cinta e Moncorvo.

Já com 20 anos, regressei a Portugal, tendo passado pelo seminário de Leiria e, um ano depois, pelo serviço militar em Mafra, Lisboa, Santa Margarida e, finalmente, em Bragança, em cujo BC3 “passei à peluda”, como dizíamos na nossa gíria militar, em Outubro de 1972.  
A partir daí, Bragança e a minha aldeia passaram a ser, definitivamente, o centro e a sede do meu mundo. É verdade que Macau também me ficou para sempre no coração e na mente, porque ali me fiz homem, aprendi as bases do que sei e me apercebi da relatividade das raças, das culturas e das nacionalidades. No entanto, mesmo lá tão longe, as memórias da vida na aldeia nunca mais me abandonaram, tanto pela saudade dos familiares e conterrâneos, como pela nostalgia dos jogos de futebol nas Eiras ou pelos convívios inocentes e fraternos a guardar as vacas nos lameiros primaveris e nos restolhos de verão, como ainda pelas paisagens incomparáveis, sobranceiras ao rio Douro, por onde espreitávamos o comboio que se contorcia no sopé dos montes, entre as estações do Côa e do Pocinho, e nos lançava uns apitos de saudação e agradecimento por lhe acenarmos enquanto desaparecia na última curva.

Na altura de escolher uma profissão, os certificados académicos permitiam-me a instalação nas maiores urbes do litoral. Todavia, foi em Bragança que o meu coração repousou e se sentiu sempre em casa, como nos anos passados na aldeia. Em nenhuma outra cidade por onde passei, senti o conforto íntimo que a tranquilidade do modus vivendi de Bragança me dava e que era incompatível com a agitação urbana dos grandes centros. 

Por isso, ao preparar-me para o meu 52º Natal em Bragança e, não obstante as dificuldades que a vida nos traz, seja qual for o local da nossa residência, quero expressar a todos os bragançanos, tanto aos que aqui nasceram como aos que por cá se fixaram por opção ou por obrigação, os votos mais profundos e sinceros dum FELIZ NATAL e dum ANO NOVO de perfeita saúde e de muita fraternidade, não obstante a diversidade de feitios, de ideologias e de crenças, sempre num quadro de tolerância recíproca e de abertura e solidariedade para com o Outro.


César Urbino Rodrigues
, natural da aldeia de Peredo dos Castelhanos, concelho de Moncorvo, estudou 9 anos no Seminário de Macau, fez a licenciatura em Filosofia na Universidade do Porto, o Mestrado em Filosofia da Educação na Universidade do Minho, com uma tese sobre «As Coordenadas fundamentais da Educação no Estado Novo», e o doutoramento na Universidade de Valhadolid, em Teoria e História da Educação, com uma tese sobre a «Representação do Outro No Estado Novo. Foi professor no ensino secundário, na Escola do Magistério Primário de Bragança, no ISLA de Bragança, no Instituto Piaget de Mirandela e DAPP na Escola Superior de Educação de Bragança.

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