quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Escritora Teresa Almeida é destaque no Divulga Escritor

Maria Teresa de Jesus Almeida Vaz Rodrigues nasceu em Trás-os-Montes, na aldeia de Lagoaça, conselho de Freixo de espada à Cinta.
Estudou na Escola do Magistério Primário de Vila Real e Instituto superior de Educação e Trabalho do Porto. Exerceu a sua atividade profissional nos concelhos do Porto e Miranda do Douro. Dedicou a sua vida à causa da educação, ora no ensino, ora na área da gestão e administração escolar, ao nível do 1º CEB.
Ao desligar-se da sua atividade profissional encontrou, na poesia, naturalmente, um apelo, uma chama, um caminho que percorre com indomável vontade. Nas palavras desafia o tempo, solidifica os afetos, apura a sensibilidade  e revive os estados de alma que na sua vida foram chama, luz e caminho. A poesia, a pintura e a dança são atividades que a apaixonam.
“É na educação o investimento que considero prioritário. É desejável que as escolas e as bibliotecas escolares continuem a desenvolver projetos, tendo em vista a formação literária dos educandos e o gosto pela leitura.
Gostaria que em cada localidade houvesse tertúlias, saraus, teatros com a participação de autores e o envolvimento da comunidade...”

Boa Leitura!

SMC - Escritora Maria Teresa para nós é um prazer tê-la conosco no projeto “Divulga Escritor’. Conte-nos o que a motivou a ter o gosto pela escrita? Quando começou a escrever?
TERESA ALMEIDA - O meu voo nas palavras começou muito cedo através da leitura. A leitura foi, de facto, a grande motivação.  Pela leitura rasguei caminhos, abri horizontes, viajei por espaços de enorme encantamento. O mundo abria-se para mim de maneira surpreendente e percebi que a vida é a ideia que dela fazemos. Penso que quem tem o prazer intenso de ler,  acaba por sentir necessidade de comunicar as suas próprias emoções, acaba por descobrir o prazer de escrever. O que seria a vida sem emoção?
Creio que comecei a organizar a minha afetividade às palavras no meu pequeno baú de recordações:  as cartas dos  amigos, os postais ilustrados, as declarações de amor, os aerogramas... Nesse mundo fechado eu sentia o encantamento e a evasão.
Encaminhar os meus alunos pelo mundo da leitura e da escrita, ajudando-os a abrir janelas de mais claros rasgados e promissores horizontes, foi uma experiência muito enriquecedora.
SMC - O que mais lhe inspira a escrever?
TERESA ALMEIDA - É a força do amor que me leva a escrever. O poema nasce espontaneamente e nunca sei em que figurino se desenvolve.
Devo dizer que tenho um espírito otimista e creio que a alegria e a esperança são perceptíveis nos meus escritos. Em qualquer caso mal sucedido deixo sempre à mostra uma centelha de luz.
 A natureza é uma inspiração permanente com nuances poéticas incomensuráveis. Recordo-me do meu deslumbramento quando em menina descia as arribas do Douro. Sentia que a poesia me rodeava, como se uma felicidade espititual descesse, vinda não sei donde e de mim se apossasse.
SMC - Reparo que o seu blogue é bilingue. Que importância tem a língua mirandesa na sua vida?
TERESA ALMEIDA - Tomei contacto com esta língua quando fui colocada como professora numa aldeia em que o Mirandês se falava fluentemente (e ainda se fala) - Aldeia Nova. Lembro-me de tomar nota dos vocábulos e pedir explicações aos meus alunos e colegas. Sempre senti a sonoridade e o encanto desta língua. Ser raiano, no planalto mirandês, é andar abraçado a três línguas: o Português, o Castelhano e o Mirandês.  A mistura é quase inevitável. Diversos fatores se conjugaram para que o mirandês mantivesse a sua autenticidade e em 1998 a Língua Mirandesa (património linguístico notável) foi oficializada na Assembleia de República.
Sinto necessidade e gosto em escrever, também nesta língua, com a qual me sinto identificada, procurando beber a sabedoria dos que, no berço, a mamaram.
É com este objetivo que integro o grupo de blogueiros "Froles Mirandesas" onde se partilha e se vive esta riquíssima e ancestral cultura.
SMC - Conte-nos como foi escrever seu  livro “Ousadia”? A quem você indica a leitura desta maravilhosa obra literária?
TERESA ALMEIDA - Como o fogo precisa de rastilho, assim eu preciso de chama para escrever e nesse primeiro livro verti as minhas emoções mais profundas,  desde os meus tempos de menina. Direi que a minha escrita tem um cunho sensível e intimista.
Não posso deixar de referir que o feedback de pessoas de família e de escritores que muito prezo foi decisivo para vencer a timidez e ousar responder a um anúncio de concurso publicitado pela Corpus Editora.
A capa do livro foi escolhida pela editora e constituiu para mim uma enorme e bela surpresa porque me sugere musicalidade, movimento, ritmo e alegria - creio que - sem falsas modéstias - naquele corpo estou eu.
Sou aficionada das novas tecnologias mas não me dispenso de andar acompanhada, folhear  e sentir o livro da minha preferência. Escrever um livro é um acto de amor.
Dedico a minha obra aos amantes da poesia, aos que gostam de levantar os pés do chão, aos que vivem por amor e aos que comigo se alegram.
SMC - Onde podemos comprar o seu livro?
TERESA ALMEIDA - Online- http://www.worldartfriends.com/store/1385-maria-teresa-almeida-ousadia.html;

- Casa da Cultura de Miranda do Douro.

- Pelo correio, autografado;

o pedido pode ser feito por email:teresalmeida9@gmail.com

SMC - Como é o dia-a-dia da escritora Maria Teresa? Conte-nos como concilia a escrita, a pintura e a dança?
TERESA ALMEIDA - A escrita, a pintura e a dança  são grandes paixões que cultivo, se interligam e me identificam  nos meus escritos.
Desde os tempos no colégio da Imaculada Conceição - em Lamego - que despertei para a arte, através da dança, do teatro e da musica.
 De tal modo as sinto entrecruzadas que fiz o lançamento do meu livro em simultâneo com uma exposição de pintura da minha autoria.  A ideia de movimento, enquanto arte, acompanha o pincel, o corpo e a palavra. 
Tendo trabalhado no nordeste transmontano sempre me envolvi nas danças regionais que, para além de serem ensinadas nas escolas, têm levado o nome e a cultura de Miranda do Douro a todos os continentes. Miranda do Douro é uma terra musical, é palco das mais vivas emoções em lhaços de pauliteiros, em danças mistas e cantares. Sinto a melodia quando danço, pinto ou escrevo.
No grupo de danças dos professores do planalto mirandês, do qual faço parte como membro da direcção, encontrei a alegria da camaradagem, a suavidade, o ritmo e a alma do espírito mirandês. São lhaços que poetizam os nossos passos.
Como refere Fernando Subtil: a dança, a pintura e a poesia conjugam-se nela em rasgos de carácter e grandeza que dão expressão e força ao seu sentir.
SMC - Quais são as suas referências literárias? Que autores influenciaram em sua formação como escritora?
TERESA ALMEIDA - Sou de muitas leituras e de muitos autores. Há, no entanto, alguns que passam a fazer parte de nós como se tratasse de um perfume íntimo. Milan Kundera, por exemplo, levava-me com arte e leveza de página em página. Eça de Queiroz,  Alçada Batista, Gabriel Garcia Marques, Saramago, Patrik Suskind, Lance Horner, Margueritte Duras, Miguel Cervantes. Miguel Torga, o poeta do meu rio e dos meus montes e das minhas gentes: o meu poeta. Florbela Espanca, Maria Teresa Horta, Fernando Pessoa, Natália Correia,  Sophia de Mello Breyner Andresen, Pablo Neruda e tantos outros. Gosto da forma com José Rodrigues dos Santos lança luz sobre a passado e a atualidade. Gosto da forma como Amadeu Ferreira nos leva ao coração do planalto mirandês.
A Biblioteca itinerante Gulbenkian foi, na aldeia, a luz da minha adolescência. No Porto, nas feiras do livro, perdia-me. O Círculo de leitores também me acompanhou. Pelos jornais comecei a ver as publicações, as críticas e ia sempre adquirindo o que mais se identificava com o meu gosto.
Na minha escrita há, como é óbvio, uma mistura de influências, mas ouso entregar-me inteira.
SMC - De que forma você, hoje, divulga o seu trabalho?
TERESA ALMEIDA - A apresentação pública do livro é, desde logo, o primeiro momento marcante.  Divulguei trabalhos meus no Agrupamento de Escolas de Miranda do Douro, tendo integrado o programa da semana de leitura. Gosto de deixar o meu livro e as antologias em que participo nas bibliotecas do agrupamento e na biblioteca municipal.
Participo, com prazer, em saraus e tertúlias de poesia. Já participei em concursos como o Poetry Slam. Sou muito grata aos escritores que me abriram a portas do Porto poético, incluindo as de Vila nova de Gaia e Matosinhos..
Publico na minha página de facebook, no meu blogue e em grupos poéticos.
Também já participei em seis antologias. Para além de ser uma boa forma de divulgarmos o nosso trabalho, temos a oportunidade de conhecer outros autores,  percebemos melhor a relação entre o autor e o editor e as diversas formas de trabalho das editoras.
A minha primeira publicação foi na Antologia "Poetas Luso-Brasileiros (editora Sapere - Rio de Janeiro).
Também gosto de trocar livros com outros autores. É a prenda que me dá mais gozo oferecer.
Sou, também, membro da Associação Portuguesa de Poetas.
SMC-  Escritora Maria Teresa, quais os seus principais objetivos como escritora?  Pretende publicar novos livros?
TERESA ALMEIDA - Sem dúvida. Pretendo continuar a trabalhar a palavra e a suas inesgotáveis potencialidades, como se elas  pudesse chispar  feitas estrelas. Temos direito ao nosso pedaço de céu.
Sinto-me integrada neste mundo fascinante e tenho material para um novo livro, mas procuro a melhor maneira de o publicar.
Gostaria que a minha escrita fosse uma provocação e um envolvimento.
Uma provocação que despertasse o desejo e a inquietude e a vontade de escrever, porque cada olhar é único e há sempre novos e extraordinários caminhos.
Um envolvimento  no mundo dos afetos, na alegria de viver, no sentido estético e profundo da palavra.
SMC - Quais as melhorias que você citaria para o mercado literário em Portugal?
TERESA ALMEIDA - É na educação o investimento que considero prioritário. É desejável que as escolas e as bibliotecas escolares continuem a desenvolver projetos, tendo em vista a formação literária dos educandos e o gosto pela leitura.
Gostaria que em cada localidade houvesse tertúlias, saraus, teatros com a participação de autores e o envolvimento da comunidade. Que os novos autores tivessem  visibilidade  através dos média. Que as editoras procurassem divulgar, com mais eficácia, as obras dos novos autores.  Que se Intensificasse o intercâmbio entre autores de vários países - como, de resto, se começa já a praticar em alguns grupos poéticos.
Gosto de divulgar o trabalho de autores cujas obras valorizo, tendo já feito apresentações de alguns livros na minha cidade, cidade que continua a valorizar e a promover a cultura.
"Divulga Escritor" é um voo oceânico que se insere bem nesta rúbrica.
SMC - Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista, agradecemos sua participação no projeto “Divulga Escritor”, muito bom conhecer melhor a escritora Maria Teresa Almeida, que mensagem você deixa para nossos leitores?
TERESA ALMEIDA - Agradeço a oportunidade e o prazer que tive em refletir convosco sobre a minha escrita. Uma autoanálise leva-nos a questionarmo-nos e a procurarmos ir cada vez mais longe.
A poesia é, para mim, um desafio, do qual não sei sair. A minha perceção, o meu encontro com o universo, a minha forma de me encantar, a fidelidade a mim mesma, mais pura do que a que consigo controlar, o meu traje de gala, como refere Alfredo Cameirão. Como se a minha alma se vestisse de madrugada e a palavra nascesse.
Ler é um dos caminhos para o enriquecimento e satisfação pessoal, com reflexos no progresso e no desenvolvimento do país.
A leitura e a escrita poderão proporcionar-nos momentos de intenso prazer e ser verdadeiros  instrumentos ao serviço da defesa dos valores humanos.

Jornalista Shirley M. Cavalcante (SMC) entrevista escritora Maria Teresa Almeida.
in:liberarti.com

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