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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Escritora Teresa Almeida é destaque no Divulga Escritor

Maria Teresa de Jesus Almeida Vaz Rodrigues nasceu em Trás-os-Montes, na aldeia de Lagoaça, conselho de Freixo de espada à Cinta.
Estudou na Escola do Magistério Primário de Vila Real e Instituto superior de Educação e Trabalho do Porto. Exerceu a sua atividade profissional nos concelhos do Porto e Miranda do Douro. Dedicou a sua vida à causa da educação, ora no ensino, ora na área da gestão e administração escolar, ao nível do 1º CEB.
Ao desligar-se da sua atividade profissional encontrou, na poesia, naturalmente, um apelo, uma chama, um caminho que percorre com indomável vontade. Nas palavras desafia o tempo, solidifica os afetos, apura a sensibilidade  e revive os estados de alma que na sua vida foram chama, luz e caminho. A poesia, a pintura e a dança são atividades que a apaixonam.
“É na educação o investimento que considero prioritário. É desejável que as escolas e as bibliotecas escolares continuem a desenvolver projetos, tendo em vista a formação literária dos educandos e o gosto pela leitura.
Gostaria que em cada localidade houvesse tertúlias, saraus, teatros com a participação de autores e o envolvimento da comunidade...”

Boa Leitura!

SMC - Escritora Maria Teresa para nós é um prazer tê-la conosco no projeto “Divulga Escritor’. Conte-nos o que a motivou a ter o gosto pela escrita? Quando começou a escrever?
TERESA ALMEIDA - O meu voo nas palavras começou muito cedo através da leitura. A leitura foi, de facto, a grande motivação.  Pela leitura rasguei caminhos, abri horizontes, viajei por espaços de enorme encantamento. O mundo abria-se para mim de maneira surpreendente e percebi que a vida é a ideia que dela fazemos. Penso que quem tem o prazer intenso de ler,  acaba por sentir necessidade de comunicar as suas próprias emoções, acaba por descobrir o prazer de escrever. O que seria a vida sem emoção?
Creio que comecei a organizar a minha afetividade às palavras no meu pequeno baú de recordações:  as cartas dos  amigos, os postais ilustrados, as declarações de amor, os aerogramas... Nesse mundo fechado eu sentia o encantamento e a evasão.
Encaminhar os meus alunos pelo mundo da leitura e da escrita, ajudando-os a abrir janelas de mais claros rasgados e promissores horizontes, foi uma experiência muito enriquecedora.
SMC - O que mais lhe inspira a escrever?
TERESA ALMEIDA - É a força do amor que me leva a escrever. O poema nasce espontaneamente e nunca sei em que figurino se desenvolve.
Devo dizer que tenho um espírito otimista e creio que a alegria e a esperança são perceptíveis nos meus escritos. Em qualquer caso mal sucedido deixo sempre à mostra uma centelha de luz.
 A natureza é uma inspiração permanente com nuances poéticas incomensuráveis. Recordo-me do meu deslumbramento quando em menina descia as arribas do Douro. Sentia que a poesia me rodeava, como se uma felicidade espititual descesse, vinda não sei donde e de mim se apossasse.
SMC - Reparo que o seu blogue é bilingue. Que importância tem a língua mirandesa na sua vida?
TERESA ALMEIDA - Tomei contacto com esta língua quando fui colocada como professora numa aldeia em que o Mirandês se falava fluentemente (e ainda se fala) - Aldeia Nova. Lembro-me de tomar nota dos vocábulos e pedir explicações aos meus alunos e colegas. Sempre senti a sonoridade e o encanto desta língua. Ser raiano, no planalto mirandês, é andar abraçado a três línguas: o Português, o Castelhano e o Mirandês.  A mistura é quase inevitável. Diversos fatores se conjugaram para que o mirandês mantivesse a sua autenticidade e em 1998 a Língua Mirandesa (património linguístico notável) foi oficializada na Assembleia de República.
Sinto necessidade e gosto em escrever, também nesta língua, com a qual me sinto identificada, procurando beber a sabedoria dos que, no berço, a mamaram.
É com este objetivo que integro o grupo de blogueiros "Froles Mirandesas" onde se partilha e se vive esta riquíssima e ancestral cultura.
SMC - Conte-nos como foi escrever seu  livro “Ousadia”? A quem você indica a leitura desta maravilhosa obra literária?
TERESA ALMEIDA - Como o fogo precisa de rastilho, assim eu preciso de chama para escrever e nesse primeiro livro verti as minhas emoções mais profundas,  desde os meus tempos de menina. Direi que a minha escrita tem um cunho sensível e intimista.
Não posso deixar de referir que o feedback de pessoas de família e de escritores que muito prezo foi decisivo para vencer a timidez e ousar responder a um anúncio de concurso publicitado pela Corpus Editora.
A capa do livro foi escolhida pela editora e constituiu para mim uma enorme e bela surpresa porque me sugere musicalidade, movimento, ritmo e alegria - creio que - sem falsas modéstias - naquele corpo estou eu.
Sou aficionada das novas tecnologias mas não me dispenso de andar acompanhada, folhear  e sentir o livro da minha preferência. Escrever um livro é um acto de amor.
Dedico a minha obra aos amantes da poesia, aos que gostam de levantar os pés do chão, aos que vivem por amor e aos que comigo se alegram.
SMC - Onde podemos comprar o seu livro?
TERESA ALMEIDA - Online- http://www.worldartfriends.com/store/1385-maria-teresa-almeida-ousadia.html;

- Casa da Cultura de Miranda do Douro.

- Pelo correio, autografado;

o pedido pode ser feito por email:teresalmeida9@gmail.com

SMC - Como é o dia-a-dia da escritora Maria Teresa? Conte-nos como concilia a escrita, a pintura e a dança?
TERESA ALMEIDA - A escrita, a pintura e a dança  são grandes paixões que cultivo, se interligam e me identificam  nos meus escritos.
Desde os tempos no colégio da Imaculada Conceição - em Lamego - que despertei para a arte, através da dança, do teatro e da musica.
 De tal modo as sinto entrecruzadas que fiz o lançamento do meu livro em simultâneo com uma exposição de pintura da minha autoria.  A ideia de movimento, enquanto arte, acompanha o pincel, o corpo e a palavra. 
Tendo trabalhado no nordeste transmontano sempre me envolvi nas danças regionais que, para além de serem ensinadas nas escolas, têm levado o nome e a cultura de Miranda do Douro a todos os continentes. Miranda do Douro é uma terra musical, é palco das mais vivas emoções em lhaços de pauliteiros, em danças mistas e cantares. Sinto a melodia quando danço, pinto ou escrevo.
No grupo de danças dos professores do planalto mirandês, do qual faço parte como membro da direcção, encontrei a alegria da camaradagem, a suavidade, o ritmo e a alma do espírito mirandês. São lhaços que poetizam os nossos passos.
Como refere Fernando Subtil: a dança, a pintura e a poesia conjugam-se nela em rasgos de carácter e grandeza que dão expressão e força ao seu sentir.
SMC - Quais são as suas referências literárias? Que autores influenciaram em sua formação como escritora?
TERESA ALMEIDA - Sou de muitas leituras e de muitos autores. Há, no entanto, alguns que passam a fazer parte de nós como se tratasse de um perfume íntimo. Milan Kundera, por exemplo, levava-me com arte e leveza de página em página. Eça de Queiroz,  Alçada Batista, Gabriel Garcia Marques, Saramago, Patrik Suskind, Lance Horner, Margueritte Duras, Miguel Cervantes. Miguel Torga, o poeta do meu rio e dos meus montes e das minhas gentes: o meu poeta. Florbela Espanca, Maria Teresa Horta, Fernando Pessoa, Natália Correia,  Sophia de Mello Breyner Andresen, Pablo Neruda e tantos outros. Gosto da forma com José Rodrigues dos Santos lança luz sobre a passado e a atualidade. Gosto da forma como Amadeu Ferreira nos leva ao coração do planalto mirandês.
A Biblioteca itinerante Gulbenkian foi, na aldeia, a luz da minha adolescência. No Porto, nas feiras do livro, perdia-me. O Círculo de leitores também me acompanhou. Pelos jornais comecei a ver as publicações, as críticas e ia sempre adquirindo o que mais se identificava com o meu gosto.
Na minha escrita há, como é óbvio, uma mistura de influências, mas ouso entregar-me inteira.
SMC - De que forma você, hoje, divulga o seu trabalho?
TERESA ALMEIDA - A apresentação pública do livro é, desde logo, o primeiro momento marcante.  Divulguei trabalhos meus no Agrupamento de Escolas de Miranda do Douro, tendo integrado o programa da semana de leitura. Gosto de deixar o meu livro e as antologias em que participo nas bibliotecas do agrupamento e na biblioteca municipal.
Participo, com prazer, em saraus e tertúlias de poesia. Já participei em concursos como o Poetry Slam. Sou muito grata aos escritores que me abriram a portas do Porto poético, incluindo as de Vila nova de Gaia e Matosinhos..
Publico na minha página de facebook, no meu blogue e em grupos poéticos.
Também já participei em seis antologias. Para além de ser uma boa forma de divulgarmos o nosso trabalho, temos a oportunidade de conhecer outros autores,  percebemos melhor a relação entre o autor e o editor e as diversas formas de trabalho das editoras.
A minha primeira publicação foi na Antologia "Poetas Luso-Brasileiros (editora Sapere - Rio de Janeiro).
Também gosto de trocar livros com outros autores. É a prenda que me dá mais gozo oferecer.
Sou, também, membro da Associação Portuguesa de Poetas.
SMC-  Escritora Maria Teresa, quais os seus principais objetivos como escritora?  Pretende publicar novos livros?
TERESA ALMEIDA - Sem dúvida. Pretendo continuar a trabalhar a palavra e a suas inesgotáveis potencialidades, como se elas  pudesse chispar  feitas estrelas. Temos direito ao nosso pedaço de céu.
Sinto-me integrada neste mundo fascinante e tenho material para um novo livro, mas procuro a melhor maneira de o publicar.
Gostaria que a minha escrita fosse uma provocação e um envolvimento.
Uma provocação que despertasse o desejo e a inquietude e a vontade de escrever, porque cada olhar é único e há sempre novos e extraordinários caminhos.
Um envolvimento  no mundo dos afetos, na alegria de viver, no sentido estético e profundo da palavra.
SMC - Quais as melhorias que você citaria para o mercado literário em Portugal?
TERESA ALMEIDA - É na educação o investimento que considero prioritário. É desejável que as escolas e as bibliotecas escolares continuem a desenvolver projetos, tendo em vista a formação literária dos educandos e o gosto pela leitura.
Gostaria que em cada localidade houvesse tertúlias, saraus, teatros com a participação de autores e o envolvimento da comunidade. Que os novos autores tivessem  visibilidade  através dos média. Que as editoras procurassem divulgar, com mais eficácia, as obras dos novos autores.  Que se Intensificasse o intercâmbio entre autores de vários países - como, de resto, se começa já a praticar em alguns grupos poéticos.
Gosto de divulgar o trabalho de autores cujas obras valorizo, tendo já feito apresentações de alguns livros na minha cidade, cidade que continua a valorizar e a promover a cultura.
"Divulga Escritor" é um voo oceânico que se insere bem nesta rúbrica.
SMC - Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista, agradecemos sua participação no projeto “Divulga Escritor”, muito bom conhecer melhor a escritora Maria Teresa Almeida, que mensagem você deixa para nossos leitores?
TERESA ALMEIDA - Agradeço a oportunidade e o prazer que tive em refletir convosco sobre a minha escrita. Uma autoanálise leva-nos a questionarmo-nos e a procurarmos ir cada vez mais longe.
A poesia é, para mim, um desafio, do qual não sei sair. A minha perceção, o meu encontro com o universo, a minha forma de me encantar, a fidelidade a mim mesma, mais pura do que a que consigo controlar, o meu traje de gala, como refere Alfredo Cameirão. Como se a minha alma se vestisse de madrugada e a palavra nascesse.
Ler é um dos caminhos para o enriquecimento e satisfação pessoal, com reflexos no progresso e no desenvolvimento do país.
A leitura e a escrita poderão proporcionar-nos momentos de intenso prazer e ser verdadeiros  instrumentos ao serviço da defesa dos valores humanos.

Jornalista Shirley M. Cavalcante (SMC) entrevista escritora Maria Teresa Almeida.
in:liberarti.com

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