segunda-feira, 30 de julho de 2018

Festival Lombada preserva o ciclo do pão

Terminou ontem a 20º edição do mais antigo festival tradicional da região transmontana, Festival de música e tradição da Lombada.
Foto: CM de Bragança
A iniciativa aconteceu em Palácios, no concelho de Bragança e pretende valorizar a ruralidade, as tradições e as actividades associadas ao pão. Da segada, à malha e ao próprio fabrico do pão em fornos tradicionais, aos habitantes da aldeia têm-se juntado vários curiosos para ver e até participar. Raul Tomé é presidente da Associação Cultural e Ambiental de Palácios, que organiza o evento, e relembra como era feito este trabalho noutros tempos.

“Os proprietários dos terrenos sozinhos não conseguiam ceifar a sua produção e para isso organizavam as chamadas “camaradas” que era sempre um convívio em todos os momentos da segada. Era sempre um grande grupo que vinha trabalhar. Depois das ceifas tinha lugar a acarreja, que era levar o cereal para a eira. Ninguém começava a acarreja sem os vizinhos acabarem a ceifa e toda a aldeia ajudava”, contou Raul Tomé.

Maria da Luz Rodrigues, é habitante de Palácios e foi mais uma das amantes da tradição que tirou as vestes de outros tempos do armário para ir segar à moda antiga, memórias que ainda tem bem presentes.

“Eu ia com os meus pais, irmãos e era uma alegria, porque se juntava muita gente. Aliás todos iam ajudar todos da aldeia. Os homens atavam e as mulheres segavam e depois deste trabalho realizado fazia-se a acarreja. Depois fazia-se a meda e só no final é que vinham as malhadeiras. Nós gostávamos de ir à segada porque se comia muito bem”, recordou Maria da Luz Rodrigues.

Quem também pôs mãos ao trabalho foi o presidente da câmara de Bragança. Hernâni Dias fala da preservação das tradições e afirma que há cada vez mais pessoas a participar.

“É um festival que têm vindo a marcar o panorama local relacionado com a preservação das tradições, nomeadamente no ciclo do pão. E tem tido cada vez mais adesão da parte da população local e também e outras pessoas que vêm de fora que vêm perceber como isto tudo acontece, de um ponto de vista turístico”, destacou Hernâni Dias.

Nestes trabalhos da vida rural de outros tempos, a música e as cantigas imprimiam a estas actividades outra dinâmica e por aqui a música também não ficou por mãos alheias. Por isso, do festival fez ainda parte o tradicional encontro de gaiteiros e tocadores da Lombada. Este ano houve ainda um workshop de cuscos.

Escrito por Brigantia
Carina Alves

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