Nas férias pequenas fazíamos torneios. Éramos sempre os mesmos três. Eu o Nuno e o Paulo. Eram dias seguidos de disputa sem árbitro.
Ainda possuo as sebentas onde registávamos os resultados.
Na parte do fundo do meu quintal construíamos um autêntico arsenal de jogos.
O jogo da batata consistia num prego espetado numa madeira. Do prego saia um cordel e no fundo do cordel estava uma batata. Um de nós balançava a batata como um pêndulo e o que estava na vez de competir tentava acertar-lhe com uma seta.
O alvo de setas nunca falhava também.
O tiro ao alvo, que era feito com uma espingarda Slavia que o meu Pai tinha comprado no Porto por trezentos escudos quando foi a uma formação e me levou com ele.
Parámos numa loja qualquer e os meus olhos brilharam muito, ao ver as espingardas na montra. O meu pai pegou-me na mão e entrámos.
Ao sairmos já trazia a minha “arma secreta” embrulhada em papel de embrulho daquele castanho liso.
A arma tinha pouca pressão, era das mais baratinhas. Mas tinha cá uma mira!!! Eu e o Teixeira fazíamos coisas mirabolantes com a arma. Quer eu quer ele pegávamos numa “pirulita” entre os dedos polegar e indicador e o outro atirava a uma distância de dez metros com o chumbo alemão, que era do melhor, que comprávamos no Cazão. Nunca falhámos e nunca ninguém se magoou.
Mais tarde, o pai do Paulo comprou-lhe uma Diana que mais parecia um canhão tal a potência que tinha, era uma mola das modernas. Mas mira como a da minha Slavia, não havia. Mesmo, depois de já gasta, ter sido necessário apoiar o parafuso da mira com um fósforo…que ia sendo substituído quando estava impróprio para consumo.
A passagem pelo escutismo era quase obrigatória e eu não fugi à regra ingressando na patrulha Rola do Agrupamento 18 de Bragança onde me mantive durante uns anos.
Na foto, uma casa na árvore, no espaço onde foi a biblioteca Gulbenkian nas traseiras do Centro Cultural Municipal (antiga Câmara).
HM
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(Henrique Martins)
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sexta-feira, 19 de abril de 2019
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