Foi ontem inaugurado e aberto ao público o Museu Nacional Ferroviário de Bragança. O espaço nasce onde estava já o Núcleo Museológico de Bragança, localizado na zona da antiga estação de caminhos-de-ferro, ocupando o edifício anteriormente destinado ao parqueamento de carruagens daquela que foi a estação terminal da Linha do Tua.
17 anos depois do fecho do Núcleo Museológico, a memória da vivência ferroviária foi devolvida à capital de distrito através do espaço que ontem abriu portas: o Museu Nacional Ferroviário de Bragança. Em plena inauguração, o presidente da câmara de Bragança, Hernâni Dias, ressalvou o investimento que devia ter sido feito na linha férrea podendo ter-se evitado o término neste território.
“Temos vindo a assistir ultimamente a uma forma mais intensa de pretender fazer a intervenção na ferrovia e vemos que hoje no Programa Nacional de Investimento 2030, uma boa parte dos investimentos para além de estarem localizados no litoral têm a ver com a questão da ferrovia. Lamentamos, obviamente, o facto de ter encerrado esta linha e que não se tivesse desenvolvido um grande projecto de ligação a Espanha, ainda hoje falamos dessa ligação até por via rodoviária”, afirmou.
Valdemar Pais, de 77 anos, natural de Salsas, no concelho brigantino, foi o último funcionário no núcleo museológico, onde trabalhou mais de 20 anos mas ao serviço da CP esteve mais de 45. E neste dia relembra o que foi a noite que levaram, em segredo, as máquinas de Bragança. “Mandaram-nos para Lisboa para que não disséssemos ao povo que vinham buscar as máquinas, se não o povo não deixava levar as máquinas. Não deviam ter deixado fechar a linha”, contou.
José Carlos André, de 72 anos, foi revisor. Para a CP trabalhou mais de 20 anos, 12 dos quais em Bragança. Acredita que o término da linha foi prejudicial para a região. “Nem que fosse para fins turístico, nunca devia ter acabado, era bonita a paisagem. Havia muitos estudantes que viajavam entre Mirandela, Macedo, Sendas e Bragança, na altura não havia camionagem”, lembra.
A maioria do espólio que o espaço alberga, e que está associado à dinâmica do que foi este meio de transporte na região, já estava na cidade mas houve algumas peças que foram trazidas de outros núcleos através da Fundação Museu Nacional Ferroviário.
O investimento para a criação deste espaço foi de 923 mil euros, financiado em cerca de 50% por fundos comunitários.
Escrito por Brigantia
Jornalista: Carina Alves
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Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço.
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