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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sábado, 27 de abril de 2019

A INFANTILIDADE DO POVO

Por: Humberto Pinho da Silva
(colaborador do "Memórias...e outras coisas..."
Admirava-se Demóstenes, que a multidão, delirasse ao escutar marinheiros ignorantes, que subiam à tribuna, e não ouvisse, com o mesmo entusiasmo, seus discursos, que eram literariamente perfeitos.
                  Ao lamentar-se a ator, seu amigo, este disse-lhe: para recitar poemas de Eurípedes ou Sófacles.
                  Demóstenes recitou alguns poemas Em seguida, Sátiro, declamou, e nem pareciam os mesmos….
Desde então, Demóstenes, convenceu-se: que para seu ouvido, com entusiasmo, não bastava construir bem as frases; mas, era necessário falar com convicção e ardor.
Isolou-se num subterrâneo, para que não fosse ouvido, e metendo seixos, na boca (era um pouco gago,) lia e discursava para as paredes.
E nunca mais deixou de cuidar da forma como se exprimia; acompanhando os discursos com gestos, e diferentes intuições.
Certa vez, estando a tratar assuntos de Estado, aos atenienses, verificou que pouca atenção prestavam.
Aproveitou o momento para demonstrar, que o povo não passa de criança-adulta, principalmente quando está em multidão.
E, interrompendo a importante dissertação, disse-lhes:
- “Lembrei-me, agora, de caso, e vou contar-vos, antes que o esqueça”.
Todos os olhos se cravaram no orador.
- “ Um homem alugou um burro, para ir a Atenas. O dono do burro acompanhava-o a pé. O calor era diabólico. Não havia sombras. Tudo fervia. Então, o homem, desmonta, e senta-se na beira da estrada, à sombra do burro. O dono do burrico, que sufocava de tanto calor, protestou, dizendo: “ Aluguei o burro, e não a sombra!”. Retorquia o outro, argumentando: “ Alugando o jerico, aluga, também, a sombra dele! …”
Demóstenes, suspendeu, com elegância, a capa, e desceu do púlpito.
A multidão reclamou, excitada:
- “ Queremos ouvir o resto da história! …”
Mas o orador, voltando-se para aquele mar de gente curiosa, rematou:
-” Para vós é mais importante a história de um burro, o que os negócios de Atenas! …”
Esta perícope, lembra-me o povo do nosso tempo: escuta com mais atenção o corrupto, o ambicioso, do que o virtuoso, cuidador do bem da Nação.
O povo não passa de criancinha, de memória curta; de cata-vento, que vira, consoante sopra a última brisa.
Sempre foi assim, e assim será… porque não há nada mais volúvel, que o ser humano...

Humberto Pinho da Silva, nasceu em Vila Nova de Gaia, Portugal, a 13 de Novembro de 1944. Frequentou o liceu Alexandre Herculano e o ICP (actual, Instituto Superior de Contabilidade e Administração). Em 1964 publicou, no semanário diocesano de Bragança, o primeiro conto, apadrinhado pelo Prof. Doutor Videira Pires. Tem colaboração espalhada pela imprensa portuguesa, brasileira, alemã, argentina, canadiana e USA.Foi redactor do jornal: “Notícias de Gaia"” e actualmente é o responsável pelo blogue luso-brasileiro: " PAZ".

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