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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quarta-feira, 24 de abril de 2019

O QUE É CULTURA?

Por: Humberto Pinho da Silva 
(colaborador do "Memórias...e outras coisas..."
Dizia, certa vez, alguém, cujo nome já não me recordo, que: Cultura, é o que resta, depois de tudo se ter esquecido.
É a essência, que permanece da: educação, que recebemos; dos costumes; tradições e valores, que alicerçam a sociedade, em que estamos inseridos.
Saber: é ter conhecimento de certa matéria ou determinado assunto. Cultura: é o sumo de vários conhecimentos, que foram “ esquecidos”, ao longo da vida e servem para: pensar, criticar, raciocinar… e escrever.
Nem só o académico, que frequentou a Universidade, se pode dizer que é culto; o ignorante, o humilde trabalhador do campo, pode ser sábio, e ensinar-nos muito, que empiricamente foi adquirindo, por experiência própria ou recebida dos seus maiores.
Muitas vezes, a gente rude, são verdadeiros livros abertos, no modo como se exprime, e na vernaculidade dos termos que emprega.
Cultura e liberdade, andam de mãos dadas. Não pode sobreviver a cultura de um povo, se o invasor, impõe: religião, língua, tradições, valores da sua civilização.
Antigos conquistadores, conheciam que o modo eficaz de dominaram um povo, era inculcarem: costumes e tradições alheias, ao longo dos anos.
A lavagem cultural, pode ser pela violência (decreto); ou levá-lo a aceitar, por imitação ou complexo de inferioridade.
Foi o método usado pelos europeus, na época dos descobrimentos. Pelos romanos, ao expandirem o Império; e, segundo parece, o processo, que certos lideres muçulmanos pretendiam fazer, de modo pacífico, primeiro ao Ocidente, depois ao Oriente.
A globalização acelera o fim da cultura característica dos povos, criando a mestiçagem da cultura, e fomentando a mobilização, e a perda de identidade dos povos.
É, porém, verdade, que a amálgama de tradições e costumes, enfim, da cultura de vários povos, enriquecem os países; mas, também, é verdade, que os descaracteriza.
Cada povo tem sua cultura, seu modo de pensar e agir, transmitidos de geração a geração. A globalização, lentamente, vai igualando, impondo aos povos mais fracos, a perda de identidade; acabando assimilados.
Perseverar a língua, é defender a cultura de um povo.
Em “ A Correspondência de Fradique Mendes”, Eça, depois de afirmar que :” Na língua verdadeiramente reside a nacionalidade”, exprime a opinião sobre o poliglota: “Nunca é patriota. Com cada idioma alheio que assimila, introduzem-se-lhe no organismo moral modos alheios de pensar, modos alheios de sentir. O seu patriotismo desaparece, diluído em estrangeirismo.” (*)
Infelizmente, a língua portuguesa, tem sofrido tantos saltos de polé, enxertada de tantos estrangeirismos, tão desprezada, pelas figuras públicas, inclusive a classe politica, que anda mais remendada, que capa de pedinte, como dizia o nosso clássico.
Na época de Eça, éramos “colonizados” pela França. Para se ser considerado culto, era necessário conhecer a língua francesa.
Tudo vinha de Paris: a moda, a ciência, a arte…e até os janotas da alta-sociedade, iam, à Capital da Luz, buscar noiva! …
Agora, tudo nos chega da terra do Tio Sam: os costumes, tradições, as ideias…; até a nossa língua sofre – e de que maneira, – com a subserviência…

(*) – Edição de Lelo & Irmão, Porto,1960 – Pág. 128


Humberto Pinho da Silva nasceu em Vila Nova de Gaia, Portugal, a 13 de Novembro de 1944. Frequentou o liceu Alexandre Herculano e o ICP (actual, Instituto Superior de Contabilidade e Administração). Em 1964 publicou, no semanário diocesano de Bragança, o primeiro conto, apadrinhado pelo Prof. Doutor Videira Pires. Tem colaboração espalhada pela imprensa portuguesa, brasileira, alemã, argentina, canadiana e USA. Foi redactor do jornal: “NG”. e é o coordenador do Blogue luso-brasileiro "PAZ".

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