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Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço.
A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)
(Henrique Martins)
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N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.
domingo, 26 de agosto de 2012
As queixas de quem tem como vizinhança uma vacaria
Um casal de idosos passa o tórrido verão transmontano "abafado" em casa sem poder abrir uma janela para evitar os cheiros, moscas e as investidas dos animais de uma vacaria numa aldeia de Mogadouro.
Os poucos habitantes de Valcerto, superados em largas centenas pelo número de cabeças de gado, estão habituados a coabitar com os animais numa zona em que a pecuária é um tradicional meio de subsistência e com peso na economia regional.
Na aldeia circulam rebanhos de cabras e ovelhas e há várias vacarias, mas a que se encontra instalada junto ao largo, na saída para Mogadouro, é motivo de queixa de vários vizinhos.
O casal Rosa Verde e José Ramos, com oitenta anos, vive há "para cima de 20 anos" paredes meias com a vacaria, separado apenas por uma estreita rua da exploração com 20 animais.
José disse à Lusa que ao longo destes anos já se queixou "à Câmara, à GNR", foi "duas vezes ao delegado de saúde".
"Davam-me razão e nada", contou.
"Nós não podemos abrir uma janela. Estamos aqui abafados", queixa-se Rosa, na cozinha da casa com portas e janelas fechadas num quente final de tarde de verão.
O desconforto de não poder arejar a casa é ainda assim melhor do que a alternativa de ser invadida pelo cheiro e moscas.
Já não podem sequer correr as persianas que se encontram "presas com um baraço" depois de terem sido destruídas pelos embates dos animais ao passarem na rua, segundo relataram.
"Às vezes chegamos de um terreno [de cultivo] e vamos para comer, mas temos de sair daqui por causa do cheiro e das moscas", contou José.
De inverno é o lodo, além da sujidade que os animais espalham pela rua.
Mais acima, no largo da aldeia, as vizinhas Clemência Gonçalves e Ermelinda Teixeira descrevem a situação como "uma miséria".
"Quando estão a tirar o estrume das vacas não se para em casa", afirmou Clemência.
Os vizinhos queixam-se também de os animais irem beber "três vezes ao dia ao tanque público".
O proprietário da vacaria, Compertino Casimiro, compreende as queixas da vizinhança, mas garante que os seus animais "não são exceção".
"Todos passam pelo povo, mesmo cabras, ovelhas, passa o gado todo povo acima, povo abaixo. Não são só as minhas que passam", afirmou.
Compertino não compreende a reação das pessoas já que, segundo disse, "às vezes, mesmo as próprias que reclamam chegam a despejar tudo no ribeiro, o que é bem pior".
A família deste agricultor toda vida teve gado e a vacaria foi herdada do pai há mais de 20 anos.
O agricultor garantiu que "a Câmara licenciou" o espaço aos antigos donos para utilização de estábulo" e que ele próprio está agora a tratar do processo de licenciamento de acordo com as novas regras para estas explorações, em vigor desde 2009.
Mas a situação do setor está tão má que não sabe se valerá a pena e o mais certo será "fechar".
"Não dá. Estou a vender gado porque estou a ter prejuízo. Posso ficar com uns vitelecos, mas não se justifica continuar", afirmou.
HFI
Lusa/fim
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