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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

FOME

Ouvi atentamente os breves depoimentos de Aniceto e Alcina que relembraram as suas vidas de extrema miséria. Tão extrema que nem imaginamos tivesse sido possível. Mas foi real, vivida em vexame  e sentida como afronta, mas nunca verbalizada. Pobres espoliados!
Eu era criança, mas lembro-me do caldo de beldroegas e das papas de berças. Lembro-me também de todas as noites rezar com a minha avó para que Deus nos livrasse da FOME, da PESTE e da GUERRA. Por esta ordem: é que a fome matava mais do que as outras duas pragas juntas. Milhares de crianças não sobreviviam para além do segundo ano de vida, porque a fome era grande.Mais milhares morriam antes de atingirem os sete anos, porque a fome era muito grande. Dias sobrevinham em que nem sequer havia um caldo de urtigas com um pingo de azeite … Eram os dias negros em que, de estômago encolhido, coração apertado e pés descalços e gretados, se ia pedir esmola.
Que humilhação ! Deus estaria, talvez, distraído.
E hoje? Como é hoje?
Temo que a fome volte a instalar-se. Porque o vexame, a humilhação e a espoliação já estão instaladas. E não vivemos numa ditadura. É mesmo suposto vivermos num estado democrático  porque, ao contrário dos nossos avós, que não tiveram Escola, nem Serviço Nacional de Saúde, nem Segurança Social nós, de acordo com a Constituição, temos tudo isso, porque vivemos num regime democrático. 
Como? Que estou eu a dizer?
Onde já se viu que numa democracia o Estado possa, impunemente, espoliar os seus cidadãos? Onde já se viu que numa democracia haja governantes, políticos e banqueiros que,arrogantemente, nos dizem que temos de empobrecer, sair do país, emigrar… enquanto que eles próprios mantêm os seus vencimentos e reformas obscenamente milionárias, as suas benesses e privilégios e até fortunas obscuramente obtidas?
Não quero, não posso acreditar que Deus esteja outra vez distraído.

Leiria, 17 de Fevº de 2013

Júlia Ribeiro

in:lelodemoncorvo.blogspot.pt

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