Armando Fernandes |
O Tó carinhosa designação do estimável porco (abstenho-me de adnumerar os outros chamadoiros do marroncho) em tal matéria consegue bater a larga distância o poeta Fernando Pessoa, passou a deter um espaço científico, cultural, técnico e lúdico onde é objecto de operativa desmancha no sentido de a explicação ser para toda a vida.
As crianças passam a ter ao mexer dos dedos conteúdos lúdicos de alta alacridade onde cada menino assume o papel que entenda, ao invés o adulto pode rememorar imagens de marcos simbólicos da infância e adolescência, caso das matanças.
Se o menino num ápice recupera o passado dos berrões, o avô recupera o som pouco interessante para os recos do pungente sobiote, flauta, a anunciar a castração, cujos elementos eram posteriormente deglutidos nos meios de chufas e jocosidades de variado tom.
A recuperação de um casarão pertença da Misericórdia de Vinhais deu azo a tão necessário equipamento depositário de saberes estruturantes da herança das gentes simples mas argutas, pobres mas engenhosas, nodosas na casulo envoltório do ser hospitaleiro, habituado a contar com poucos, e possuir pouco, mesmo assim esmoler, pouco atreito a queixas, embora tenha graúdos motivos para isso.
Tão gracioso espaço seria-o menos desprovido da lareira tradicional. Na hagiografia secular, da emigração, circulam numerosos relatos referentes ao regresso de conterrâneos nossos ao fim largas dezenas de anos, não no propósito de regressarem, sim de voltarem a pisar a terra da sagração natal, de reverem parentes, também exibirem ouros e pedrarias, da mulher e os filhos pisarem o sobrado da casa onde viu a luzo do dia.
Conta-se a vinda de um Homem, nado nas cercanias de Vinhais, enriquecido, chega ao terreiro, apontam-lhe empobrecida mansarda, empurra a porta, resoluto grita – o lar – originando gordas lágrimas a escorrerem nas faces dos presentes.
Pois o Lar, ao qual os Romanos concediam forte vínculo original, representa-se soberbamente, quase apete dizer luxuosamente, os artefactos e utensílios salientam as diversas fases de vida do leitão até chegar a cevado, acrescentando valor de vários saberes a este equipamento de valia no quadro das existências deste género em Trás-os-Montes. Agora, importa levá-lo ao estádio de indústria cultural de Âmbito nacional e internacional no pressuposto de ser ponto de referência de cariz económico de criador de emprego.
Por Armando Fernandes
Declaração de interesses: também participei na confabulação e construção de conteúdos.
in:jornalnordeste.com
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