segunda-feira, 2 de maio de 2016

Uma história de insucesso em Mogadouro

Os resultados do Agrupamento de Escolas de Mogadouro são os mais fracos no Norte, no que respeita à taxa de retenção e desistência do Ensino Secundário.
A Direção da escola e os pais admitem o problema. E todos concordam que "é urgente" encontrar uma solução, diz Carlos Santos, presidente de uma das associações de pais.

Na década entre 2004/2005 e 2013/2014, a situação piorou. De uma taxa de insucesso escolar de 22,3% passou para os 22,6%. Pelo meio registaram-se taxas críticas, como os 37,2% de 2006/2007.

A maioria dos municípios da Região Norte regista uma melhoria nas taxas de insucesso escolar. Só três concelhos estão pior, uma década depois: Mogadouro (22,6%), Valença (18,3%) e Paredes de Coura (7,1%).

A escola de Mogadouro tem implementado medidas para combater a situação, como o reforço letivo a Português e a Matemática, a contratação de uma psicóloga a tempo inteiro, a integração no Programa Territórios de Intervenção Prioritária, em 2012, para zonas económicas e socialmente desfavorecidas, marcadas pela pobreza e exclusão social, onde a violência, a indisciplina, o abandono e o insucesso se manifestam. Criou-se, ainda, o Plano de Intervenção Pródisciplinar, que reduziu drasticamente o número de medidas corretivas aplicadas aos alunos. Em três anos, baixaram de 30 para 8. Estamos no bom caminho", comenta Irene Louçano, que há três anos dirige o agrupamento.

Há causas para os maus resultados. A escolaridade obrigatória até aos 18 anos "desestabilizou", argumenta Irene Louçano. "Obriga os alunos a permanecer na escola sem o quererem e não os conseguimos motivar". Destacam-se, por outro lado, os problemas sociais e as famílias desestruturadas. "Quando os jovens chegam ao 3.º Ciclo, há pais que desistem de querer saber a situação escolar", acrescenta. Muitos têm carências económicas e 48% deslocam-se das aldeias.

A falta de opções curriculares leva os estudantes, quando chegam ao Secundário, a partir para outros concelhos. Carlos Santos, no entanto, entende que essa não é a única razão para que os alunos procurem outras escolas. "A escola não oferece um nível suficiente para atingir os objetivos pretendidos, no caso dos que querem prosseguir estudos e ir para a universidade", lamenta. Dá o exemplo do seu filho, que frequenta o 9.º ano. "Ele não gosta da escola, porque esta não o soube cativar. Uma boa parte dos colegas dele vai embora no final do ano letivo", afirma. Apesar dos esforços do JN, não foi possível contactar a outra associação de pais do agrupamento.

Jornal de Notícias

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