Morais, no concelho de Macedo de Cavaleiros, quis homenagear Augusto Jorge Calejão, antigo professor primário da aldeia, e que deixou marcou para toda a vida quem se sentou na sala de aulas que presidia.
A travessa junto à escola primária passa agora a chamar-se “Travessa Professor Calejão”, por sugestão dos antigos alunos. João Rodrigues é o porta-voz.
“Era um homem muito humano, para além de ser um grande mestre. Era um exemplo de cidadão, que me marcou para toda a vida.
E também estive muitas noites em casa dele, ao pé dos filhos. Ficava entregue à família, quando os meus pais tinham de se ausentar para Talhas, de onde a minha mãe era natural. Era a única forma de poder continuar a frequentar a escola.”
Uma proposta que o Junta de Freguesia não podia recusar, diz o presidente Mário Teles.
“Os antigos alunos reconheceram o trabalho que ele fez pela freguesia e pela aldeia. Falam do Professor de tal maneira, que não poderíamos deixar de nos associar.”
O professor faleceu há 46 anos, ainda a exercer a profissão. Para inaugurar a rua estiveram as três filhas. Amélia Calejão conta que quando souberam desta homenagem ficaram muito emocionadas, e relembra o pai.
“Soubemos há oito dias, e há oito dias que andamos com a lágrima no canto do olho.
Foi muito gratificante, passados estes anos todos, ver que ainda se lembram tanto do meu pai.
O meu pai tinha um feitio muito peculiar. Dava-se com toda a gente, ensinava, tinha todas as artes. Fazia teatros, cantava bem, dava injeções às pessoas… Confortava as pessoas quando morria alguém, e até ajudou um aluno que ficou sem pais. “Por todos, não podemos deixar o Manuelzinho morrer”, dizia. E esse aluno ainda hoje fala nisso.
Muito emocionada também, Maria Lurdes Calejão foi uma das filhas que se tornou professora primária inspiarada justamente pela carreira do pai.
“Foi uma surpresa, e as surpresas são sempre muito bem-vindas. Fica a marca, ali com aquela placa, da passagem do meu pai por Morais. Desta aldeia, lembramos os bons tempos que cá passamos, e o bem que as pessoas nos trataram.
O meu pai era uma pessoa muito especial. Era professor, e a minha avó também. Escolhi a mesma profissão inspirada principalmente por ele.”
Augusto Jorge Calejão foi professor em Morais durante 15 anos, entre a década de 40 e 50. Depois, mudou-se para Chacim, no mesmo concelho, onde trabalhou mais 12 anos, até à morte.
Oriundo de uma família natural de Vila Flor, acabou por nasceu na Amendoeira (Macedo de Cavaleiros). Dedicou a vida ao ensino, numa altura em que muito faltava nas aldeias transmontanas, e conquistou o carinho perene dos ex-alunos e habitantes, que o quiseram lembrar ao atribuir o seu nome a uma rua de Morais.
Escrito por ONDA LIVRE
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