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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

domingo, 17 de julho de 2016

Lançamento da edição bilingue do livro "O Lodo e as Estrelas"

"O Lodo e as Estrelas", inicialmente publicado em 1960, é agora reeditado, em co-edição com a Câmara Municipal de Miranda do Douro, numa versão bilingue, "O Lodo e as Estrelas" (L Lhodo i las Streilhas), sendo a tradução para mirandês da autoria de Fracisco Niebro, pseudónimo de Amadeu Ferreira. A reedição foi apresentada no passado dia 15 de Julho no Salão Nobre da autarquia de Miranda do Douro.
Nas palavras de Amadeu Ferreira, redigidas em 2010, a obra “é um testemunho extraordinário que fala da língua mirandesa, da maneira como os barragistas faziam troça dos palhantros e da manifestação que os mirandeses, roubados no que era seu, fizeram em Vila Chã a gritar Num queremos acá la Barraige.” 

“Falar de barragens é pensar em recursos energéticos mas o fundamental é…. o Homem. O homem pensou, projectou, trabalhou, fez obra e desenvolveu uma região, seu nome Miranda do Douro. Ler este livro deixa em mim dois registos: a dedicação do Padre Telmo Ferraz, ao descrever os “desfados” da vida e os registos reais dos que aqui viveram e trabalharam. Saliento o contributo do saudoso Amadeu Ferreira na tradução desta obra para língua mirandesa. Ele acreditou neste projecto. Uma palavra de gratidão a todos os que contribuíram para que estas estórias reais não sejam esquecidas", pode ler-se na contracapa da obra agora editada, num texto da autoria de do Presidente do Município de Miranda do Douro, Artur Nunes. 

José Telmo Ferraz é padre e nascido (25.11.1925) em Bruçó, concelho de Mogadouro. Foi pároco na freguesia de Genísio (1951-1953) e depois nas de Vila Chã e Picote (1953-1956), ao tempo em que começava a ser construída uma barragem, passando depois para Miranda do Douro (1956) quando também aí começaram a construir a barragem. Depois seguiu para Angola (1959), quando começa a ser construída a barragem de Cambambe, voltando a Portugal depois de terminada a obra (Natal de 1962). Passado pouco tempo volta a Angola (1963), já na obra da Casa do Gaiato, criando a Casa de Malange, onde se mantém até 1975. Em 1980 é eleito principal responsável da Casa do Gaiato, voltando a Portugal e continuando a dar o seu trabalho à mesma obra.

Pela construção da barragem, Picote e as terras em volta converteram-se na meca de todos os deserdados e desprotegidos na procura de trabalho, sem família, sem abrigo, sem dinheiro, sem roupa, cansados das distâncias e os longos caminhos percorridos. A todos o padre Telmo recebeu e ajudou, incentivando-os a conseguir o seu abrigo e ajudando-os a encontrar trabalho. Em Miranda do Douro continuou o mesmo trabalho.

Desse período vem o seu livro de poemas O Lodo e as Estrelas (1960, edição de autor), onde mostra as marcas que lhe deixou na alma tudo o que se passava ao seu redor. O livro foi retirado do mercado pela censura do regime de Salazar. Foi publicada uma 2.ª edição em 1975 e uma 3.ª em 1985, pela Casa do Gaiato. Nunca deixou de escrever poemas, no jornal O Gaiato, sempre com a mesma sensibilidade e beleza. 

Fracisco Niebro é um dos pseudónimos de Amadeu Ferreira (1950-2015). Foi presidente da ALCM (Associaçon de la Lhéngua i Cultura Mirandesa) e da Academia de Letras de Trás-os-Montes, vice-presidente da CMVM (Comissão do Mercado de Valores Mobiliários) e professor convidado da Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa.

Autor e tradutor de uma vasta obra em português e em mirandês, também sob os pseudónimos Marcus Miranda e Fonso Roixo, traduziu Mensagem, de Fernando Pessoa, obras de Horácio, Virgílio e Catulo, Os Quatro Evangelhos e duas aventuras de Astérix.

Na Âncora Editora publicou as traduções para a língua mirandesa de Os Lusíadas, de Luís Vaz de Camões, e uma edição comemorativa dos 25 anos da adaptação daquela obra para banda desenhada por José Ruy, com quem também colaborou no álbum Mirandês – História de uma Língua e de um Povo, e correspondente versão em mirandês.

É autor de La Bouba de la Tenerie/Tempo de Fogo, primeiro romance publicado simultaneamente em mirandês e português, e das obras Norteando, com fotografias de Luís Borges, Ars Vivendi Ars Moriendi (poesia), Lhéngua Mirandesa – Manifesto an Modo de Hino/Língua Mirandesa – Manifesto em Forma de Hino, Ditos Dezideiros – Provérbios Mirandeses e Belheç/Velhice. As obras L’Eiternidade de las Yerbas/A Eternidade das Ervas [Poemas (e)scolhidos], com aguarelas de Manuol Bandarra, e O Fio das Lembranças – Biografia de Amadeu Ferreira, de Teresa Martins Marques, foram apresentados postumamente.

in:noticiasdonordeste.pt

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