Doutor em leis pela Universidade de Coimbra; nasceu em Olmos, concelho de Macedo de Cavaleiros, e não em Peredo ou Penedo (!), como dizem alguns escritores, a 17 de Agosto de 1806 e faleceu no Rio de Janeiro (Brasil) em 1852, vitimado pela febre amarela.
Era filho de Raimundo da Rocha e de D. Teresa Luís da Ponte, naturais de Olmos. Foi para o Brasil em Dezembro de 1831, como ele declara num dos seus opúsculos abaixo citados.
Eis o que a seu respeito diz a Revista Trimensal do Instituto, vol. XV, pág. 524:
«Aquelle homem, que escreveu um jornal destinado a promover os progressos da agricultura no Rio Grande; aquelle advogado honrado que se arruinou com a creação do Despertador; o muito grave e respeitavel José Marcellino da Rocha Cabral, foi um dos estrangeiros mais uteis, que tem vivido no Brazil. Foi elle o fundador do Gabinete Portuguez de Leitura, que tanto honra esta cidade (a do Rio de Janeiro), e foi elle o que fez a nossa imprensa política, e os nossos jornaes subirem a uma escala superior. O Despertador foi um diario monumental na historia da nossa imprensa».
Antes de fundar a empresa do Despertador, foi em 1833 redactor do Propagador da Indústria Rio Grandense. Publicou também: Colecção de alguns artigos escritos e publicados no Brasil por...; seguida de documentos e de observações em refutação às calúnias e convícios contra ele publicados. Rio de Janeiro, 1839. 8.° gr. de 48 págs.
Relatório motivado sobre a estatística da província de S. Pedro do Rio Grande do Sul, dirigido ao Ex.mo Sr. presidente da mesma província em conselho, pelo encarregado daquela comissão. Rio de Janeiro, 1836. 8.° gr. de 28 págs.
Foi vice-cônsul de Portugal no Rio de Janeiro; fundou em 1837 o Gabinete Português de Leitura, santuário espiritual, factor máximo educativo e propagador da vitalidade portuguesa, onde, em 1904 foi colocada uma lápide de mármore que diz:
«1837 / HOMENAGEM DO GABINETE PORTUGUEZ DE LEITURA / AOS SEUS FUNDADORES / DRS. JOSÉ MARCELINO DA ROCHA CABRAL / E MANUEL COELHO LOUZADA».
Preparado o pão espiritual para a colónia portuguesa, lançou olhos para o pão material, e em 1840 funda a Sociedade Portuguesa de Beneficência, destinada a procurar trabalho aos que o não tivessem, a sustentar os indigentes e a educar e instruir a mocidade desvalida. Para comemorar o facto, foi colocado em 1886 o busto em mármore de Rocha Cabral e em 1910 uma placa também de mármore, que diz:
«AO DR. JOSÉ MARCELINO DA ROCHA CABRAL INICIADOR DA FUNDAÇÃO DA SOCIEDADE PORTUGUEZA DE BENEFICENCIA EM 1840. GRATIDÃO DA REAL E BENEMERITA SOCIEDADE PORTUGUESA DE BENEFICENCIA / 1910» (105).
Memórias Arqueológico-Históricas do Distrito de Bragança
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