quarta-feira, 4 de abril de 2018

Dizeres e Ditos na Carta Gastronómica de Bragança

Maria Teresa Moreira
Sr.ª Dona Maria Teresa Moreira73 anos, vive em Rabal. Os pais viviam muito mal. A Avó quando já não tinha pão ia numa burriquinha a Espanha buscar farinha.
No acto de amassar e fazer os pães, a Avó dizia-lhe: persigna-te e pronuncia – Deus te ajude – para o pão cozer bem.
Colhiam pão e batatas, matavam dois porquinhos. Faziam chouriços. Nas Festas matavam um cordeiro e uma pata. Hoje estraga-se muito. Continua a não deitar fora um grão de arroz que seja. Agora estraga-se muito. Tínhamos sapatos só para ir à missa, nos bailes arrastava as socas, que remédio, a Mãe estava sempre a vigiar. Para ganhar algum dinheirinho, a Mãe fazia umas gabelas de urzes vendidas em Bragança. De Bragança, a Mãe trazia algumas postinhas de congro, se sobrava algum dinheiro comprava rebuçados da Régua.
À noite fazia-se uma sopinha para comer, conjuntamente com umas batatinhas com casca e sal, fazia-se um molhinho com azeite, cebola picada, colorau e vinagre. Punham-se as batatas num prato, todos as tiravam e iam molhando. Sabiam muito bem. Não comiam mais uns que os outros, o respeito valia muito. De manhã era cafezinho da borra e torradas de unto, ao almoço cordeiro ou pitinha.
As melhorias nos comeres só na segada, malha e festa.
No casamento compraram moletes para oferecerem às pessoas. Na Consoada polvo não se via, apenas carne de porco e franguinhos.
Cultiva feijão, batatas, pimentos e cenouras.

Carta Gastronómica de Bragança
Autor: Armando Fernandes
Foto: É parte integrante da publicação
Publicação da Câmara Municipal de Bragança

Sem comentários:

Enviar um comentário