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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

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COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira..
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

quarta-feira, 2 de outubro de 2019

VIDA E MORTE DE ZUMBI

Por: Antônio Carlos Affonso dos Santos – ACAS
São Paulo (Brasil)
(colaborador do Memórias...e outras coisas)


Zumbi dos Palmares (1655-1695) foi o último dos líderes do Quilombo dos Palmares e também o de maior relevância histórica. Nascido aproximadamente em 1655, no Quilombo dos Palmares, Capitania de Pernambuco, região da serra da Barriga. Hoje, União dos Palmares, no estado brasileiro de Alagoas.

A palavra “Zumbi” ou “Zambi”, nome adotado pelo herói, é de origem 'quimbunda', e faz alusão a seres espirituais, tais como fantasmas, espectros e duendes.

Era sobrinho do líder Ganga Zumba, o qual, por sua vez, era filho da princesa Aqualtune dos Jagas (ou imbangalas), um povo de tradições militares com ótimos guerreiros.

Zumbi foi aprisionado pela expedição de Brás da Rocha Cardoso e entregue aos cuidados do Padre Antônio Melo, em Porto Calvo, quando ainda tinha cerca de seis anos.

Foi então batizado com o nome “Francisco” e recebeu uma educação esmerada. Aprendeu português e latim, além do catecismo para ser batizado na fé católica.

Aos 10 anos de idade, já era fluente em português e latim. Aos 15, fugiu e voltou para o Quilombo de Palmares.

Alguns anos depois, em 1675, Zumbi ganha notoriedade ao defender o quilombo do ataque das tropas portuguesas. Nesta batalha sangrenta, demonstrou suas habilidades de guerreiro jaga.

Com 25 anos de idade, Zumbi desafia seu tio. Em 1680, assume o lugar de Ganga Zumba como líder de Palmares (segundo estudiosos, Ganga Zumba teria sido assassinado).

Sua postura diante do governo colonial é de desafio e enfrentamento. Assim, o governo colonial contratou os serviços dos bandeirantes Domingos Jorge Velho e Bernardo Vieira de Melo.

Zumbi ganhou respeito e admiração de seus compatriotas quilombolas devido suas habilidades como guerreiro, a qual lhe conferia coragem, liderança e conhecimentos de estratégia militar.

Lutou pela liberdade de culto e religião, bem como pelo fim da escravidão colonial no Brasil. Apesar disso, este líder também ficou conhecido pela severidade despótica com que conduzia Palmares, onde, inclusive, havia um tipo mais brando de escravidão.

De todas as maneiras, não admitia a dominação dos brancos sobre os negros e, portanto, tornou-se o maior símbolo pela liberdade dos negros da história brasileira. Em 1694, eles lideram o ataque que irá destruir a 'Cerca do Macaco', capital de Palmares. Destruíram-na completamente e ferem seu líder, Zumbi, o qual consegue fugir.

    Na Serra da Barriga, em sua encosta oriental, viveram por sessenta e sete anos, os negros livres dos Palmares.

    Tinham fugido de várias fazendas, engenhos, cidades e vilas, reunindo-se, agrupando-se derredor de chefes, fundando uma administração, um estado autônomo, defendido pelos guerreiros que eram, nas horas de paz, plantadores de roça e criadores de gado.

     Elegiam vitaliciamente, um Zumbi, o Senhor da força militar e da lei tradicional.

     Não havia ricos, nem pobres, nem furtos, nem injustiças. Três cercas de madeira rodeavam, numa tríplice paliçada, o casario de milhares e milhares de homens.

     Ao princípio, para viver, desciam os negros armados assaltando, depredando, carregando o butim para as atalaias de sua fortaleza de pedra inacessível.

     Depois o governo nasceu e com ele a ordem; a produção regular simplificou comunicações pacíficas, em vendas e compras nos lugarejos vizinhos. Constituiu-se a família e nasceram os cidadãos palmarinos.

     As plantações ficavam nos intervalos das cercas, vigiadas pelas guardas de duzentos homens, de lanças reluzentes, longas espadas e algumas armas de fogo.

     No pátio central, como numa aringa africana, residia o Zumbi, o Rei naquela república negra, o primeiro governo livre em todas as terras americanas.

     Ali o Zumbi distribuía justiça, exercitava as tropas, recebia festas e acompanhava o culto, religião espontânea, aculturação de catolicismo com os rituais do continente negro.

     Vinte vezes, durante a existência, foram atacados, com sorte diversa, mas os Palmares resistiam, espalhando-se, divulgando-se, atraindo a esperança de todos os escravos chibatados nos eitos de Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia.

     A república palmarina desorganizava o ritmo do trabalho escravo em toda a região. Dia a dia fugiam novos cativos, futuros soldados do Zumbi, com seu manto, sua espada e sua lança real.

     Por fim, depois de investidas numerosas, em 1693, sete mil homens veteranos, comandados por grandes chefes de guerra, marcharam sobre Palmares.

     Debalde o Zumbi levou suas forças ao combate, repelindo e vencendo. O inimigo recompunha-se, recebendo viveres e munições; enquanto os negros, sitiados, se alimentavam de furor e de vingança.

     Numa manhã, todo exército atacou ao mesmo tempo, por todas as faces. As paliçadas foram cedendo, abatidas a machado, molhando-se o chão com o sangue desesperado dos negros guerreiros.

     Os paulistas de Domingos Jorge Velho; Bernardo Vieira de Melo com as tropas de Olinda; Sebastião Dias com os homens de reforço - foram avançando e pagando caro cada polegada que a espada conquistava.

     Gritando e morrendo, os vencedores subiam sempre, despedaçando as resistências, derramando-se como rios impetuosos entre as casinhas de palha, incendiando, prendendo, trucidando.

     Quando a derradeira cerca se espatifou, o Zumbi correu até o ponto mais alto da serra, de onde o panorama do reino saqueado era completo e vivo. Daí, com seus companheiros, viu o final da batalha.

     Paulistas e olindenses iniciavam a caçada humana, revirando as palhoças, vencendo os últimos obstinados.

     Do cimo da serra, o Zumbi brandiu a lança espelhante, e saltou para o abismo.

     Seus generais o acompanharam em fidelidade ao Rei e ao Reino vencido.

Em 1695, no dia 20 de Novembro, Zumbi é delatado por um de seus capitães, Antônio Soares, e morto pelo capitão Furtado de Mendonça. Tinha, então, 40 anos de idade.

Sua cabeça foi cortada, salgada e levada com o pênis dentro da boca, ao governador Melo e Castro. Foi exposta em praça pública de modo a acabar com o mito da imortalidade de Zumbi dos Palmares.

     Em alguns pontos da serra ainda estão visíveis as pedras negras das fortificações.

     E vive ainda a lembrança do último Zumbi, o rei dos Palmares, o guerreiro que viveu na morte seu direito de liberdade e de heroísmo. Curiosidades

Após derrotar e matar Zumbi, o capitão Furtado de Mendonça foi premiado com cinquenta mil réis pelo monarca D. Pedro II de Portugal.

 O ano de 1673 é a data do primeiro registro histórico referente a Zumbi, onde ganha notoriedade por lutar contra os portugueses.

A importância de Zumbi dos Palmares é tão grande para o movimento negro que hoje seu nome batiza uma Faculdade e o Aeroporto Internacional de Maceió/AL.

A data da morte de Zumbi, 20 de novembro, foi adotada como o “Dia da Consciência Negra”, e é homenageada em todo o Brasil.

Em 1988, a escola de samba carioca Vila Isabel, homenageou Zumbi dos Palmares com o enredo "Kizomba, Festa da Raça". A escola conquistou o seu primeiro título com o tema.

Referência:

Livro Lendas Brasileiras - Câmara Cascudo
TCC de Juliana Bezerra - Bacharelada e Licenciada em História, pela PUC-RJ. Especialista em Relações Internacionais, pelo Unilasalle - RJ. Mestre em História da América Latina e União Europeia pela Universidade de Alcalá, Espanha.
Impressões do autor.


Antônio Carlos Affonso dos Santos – ACAS. É natural de Cravinhos-SP. É Físico, poeta e contista. Tem textos publicados em 8 livros, sendo 4 “solos e entre eles, o Pequeno Dicionário de Caipirês e o livro infantil “A Sementinha” além de quatro outros publicados em antologias junto a outros escritores.

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