Com os efeitos sentidos nos últimos meses, há quem já faça contas de perdas na ordem dos milhares de euros.
Luís Reis é um dos maiores produtores do concelho de Macedo de Cavaleiros de carne de raça mirandesa, inserida no mercado nacional e internacional.
Para ele, as perdas com a quebra da procura têm sido elevadas:
“Vendemos para uma cooperativa e eles tiveram uma quebra enorme, penso que estão a vender apenas 19%.
Tanto restaurantes como outros pontos de venda fecharam e a cooperativa não consegue vender. Nós, criadores, temos de aguentar os animais mais algum tempo.
Ao final do ano prevejo um grande prejuízo e não sabemos ainda o que mais virá por aí.”
Além da pecuária, este produtor fabrica produtos agrícolas, com destaque para a olivicultura.
Embora diga que aí a quebra ainda não se sente tanto, a dificuldade está em arranjar mão-de-obra:
“Na olivicultura notamos diferença nos trabalhadores sazonais que às vezes chamamos para trabalhar à jeira, agora mais no tratamento dos terrenos, e as pessoas não querem trabalhar porque não pode haver contacto entre as pessoas. Então, já nem chamamos. Tem de se respeitar as medidas de segurança que existem.”
No geral, Luís Reis estima que, até agora, o prejuízo na sua exploração esteja entre os 25 e os 30 mil euros.
Considera que as ajudas anunciadas pelo Governo são insuficientes e acredita que a situação pode levar ao fim de muitas explorações:
“É complicado a todos os níveis e os apoios para nós são sempre pequenos.
Os prejuízos são incalculáveis e, em muitos casos, até faz com que algumas explorações possam mesmo acabar, dependendo da forma como estão preparadas para sobreviver a isto com que ninguém contava.”
Também Tozé Vila Franca, que é proprietário de uma queijaria artesanal de ovelha no concelho macedense diz que desde o mês passado, as quebras na compra do queijo rondam os 70%:
“O mês passado caíram à volta dos 70% e neste mês esperava não dizer o mesmo mas se calhar até será pior.
É um bem alimentar mas acresce e o valor não é para todas as carteiras, pois o preço de um queijo artesanal de ovelha nunca poderá ser igual ao industrial.”
Também para este produtor as ajudas do Estado não são suficientes e, por isso, resolveu pedir apoio à autarquia:
“Fizemos uma carta para a câmara a pedir algum apoio. Estamos à espera.
Nesta altura, solicitamos a isenção do pagamento da água, pois para nós é um valor bastante elevado tendo em conta o nível de faturação que temos. Falamos de 300€ a 400€ por mês, que nos fariam muito jeito para gastos internos.
Se a situação se mantiver assim por mais alguns meses, vai ser muito difícil sobreviver.”
De forma a colmatar alguma da quebra já sentida, Tozé está a trabalhar numa estratégia de vendas online:
“O site está quase finalizado, mas para irmos tendo já algumas encomendas para a Páscoa, optamos por fazer um catálogo e enviar a todos os contactos para que possa ser partilhado.”
Dois exemplos de quem já sente quebras significativas no escoamento dos produtos, sem ainda poder fazer as contas totais ao prejuízo.
Escrito por ONDA LIVRE
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