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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 22 de março de 2022

A VELHA CASA

 De memória revejo a Velha casa (o ora esquecido escritor José Régio escreveu o livro a Velha Casa e acréscimos) herança materna, bicentenária, a qual não visito desde os primórdios da pandemia, cuidada prestimosamente pela Cândida minha parente em duplo (eu e o marido somos primos em segundo grau, a casa do avô exibe a riscante data 1908 numa pedra da outrora palheira e/ ou cabanal) e, sempre atenta na observação das fissuras e sinais de velhice pois também as casas nascem, crescem e morrem.
Ora, as casas acompanham a calvície e mantas canosas dispersas nas cabeças dos donos por assim ser, e é, Portugal desde o litoral ao interior a par da arquitectura com laivos ou acentuados símbolos significantes da traça original pululam toda a sorte de volumetrias, colorações, ademanes e bizarras «esculturas nas casas e jardins no Continente e Ilhas adjacentes. 
É um fartote/ orgia de gostos na maioria de duvidoso gosto. E, no entanto as casas encerram histórias, segredos, dramas, amores desvairados, dependências atrozes, pecados mortais, doenças e entorses de toda a casta e géneros.
Nem só Régio escreveu sobre as Casas vetustas, façam o favor de lerem entre muitas outras as obras-primas A Ilustre Casa de Ramires, a Casa Grande de Romarigães, a Casa de Bernarda Alba e ouvia a distinta Amália a cantar a casa da Mariquinhas das tabuinhas tão comuns a ripas com as latas existentes nos dias de agora, das armas guiadas de longe de modo a erradicar bairros inteiros de casas/ caixotes das grandes e médias cidades, escapando (às vezes) as Velhas casas das aldeias de todas as partes do Planeta. A casa de Lagarelhos aquando das obras de restauro das cicatrizes sem ofensa da fachada trouxe à vista desarmada o cano enferrujado de uma espingarda escondida no falso apressadamente construído para esconder o meu avô dado o seu primo Manuel Buíça ter sido o autor do assassinato do rei Dom Carlos. O meu avô nada sofreu, porém o ferrete do apelido perseguiu-o várias vezes, lépido que nem coelho a retouçar no vergel do quintal o meu progenitor expurgou o Buiça do nome da minha Mãe, do mesmo modo ao registar-me poupou trabalho à mulher do Senhor Frederico Monteiro (correspondente da quase totalidade dos jornais de Lisboa e Porto) funcionária do Registo Civil. 
O desvelado servidor da imprensa Sr. Monteiro bem merecia placa a assinalar o seu labor em prol do jornalismo local, prazenteiramente, aqui fica a sugestão. Pois, seria imperdoável não assinalar a brigantina e emblemática Casa do Arco cujo passeio fronteiro sapateei, longe de ter visto a Sapateira Prodigiosa, mas na esperança de ver guapas encerradas no casarão a partir da hora de recolhimento.
A pandemia está a caminhar para a endemia, mantendo o elmo e a viseira penso em volver à Velha casa, por um ou dois dias (o tempo continua a escassear-me, terei uma eternidade à minha espera para repousar quando for desta para pior) a fim de perscrutar o horizonte até à Serra de Nogueira recreando o oráculo de Delfos no desejo de obter resposta para a causa da continuidade e crescente aumento da banalidade do mal debaixo de todos os ângulos, prismas e pontos de vista. PS. Não utilizei – cima da mesa – dada se terem esgotado as mesas!

Armando Fernandes

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