“A solidão é um sentimento muito pessoal, é um desalento da sua situação pessoal, do não terem a oportunidade de ter uma conversa, de ter alguma pessoa de referência emocional”, precisou Rita Valadas, em declarações à Agência ECCLESIA.
A responsável afirmou que “não bastam” as respostas sociais para este problema, mas importa que estas situações “sejam identificadas e essa proximidade e capilaridade da rede Cáritas” permite que possam perceber essa situação, “quase fazendo radar e tentando acompanhar em cada uma a sua necessidade”.
“Ao contrário do que se pensa, esta situação não é só dos idosos, é também das crianças e jovens. O que ficou muito visível neste momento da pandemia”, realçou.
A entrevistada explicou que há pessoas que “estão isoladas e não sofrem de solidão” e há quem sofra de solidão “e não estão isoladas”, e sublinhou que “este tempo de pandemia agravou muito esta situação”.
Entre 25 e 27 de maio, a Rádio Renascença promoveu a iniciativa solidária ‘Três Por Todos’, que recolheu donativos para projetos que a Cáritas desenvolve com a população sénior.
As animadoras do programa ‘Três da Manhã’ – Ana Galvão, Inês Lopes Gonçalves e Joana Marques – percorreram 15 cidades, cerca 2000 km, em três dias com o intuito de “diminuir a solidão dos portugueses”, com “uma vasta” equipa da emissora católica.
Rita Valadas adiantou que o valor angariado vai ser usado “entre a solidão e as ferramentas que usam para combater a solidão”, através do programa ‘Vamos inverter a curva da pobreza’.
“A ideia é que haja candidatura, para que seja financiada por esta verba, e demonstrar a quem doou o uso que fizemos do dinheiro”, acrescentou, desafiando a rede das Cáritas Diocesanas a apresentar projetos.
Márcia Carvalho, responsável pela comunicação da Cáritas Portuguesa, indicou que uma das tónicas da instituição da Igreja Católica “é a proximidade” e o projeto desenvolvido com a Rádio Renascença “correspondeu a isso”, ao mostrar “o quão próximo” estão das pessoas no terreno, “na realidade, no dia-a-dia”.
“Este exercício da rádio sair à rua deu-nos a oportunidade de partilhamos as histórias de vida daqueles que beneficiam da nossa ação e também daqueles que se envolvem em ações de voluntariado – voluntariado sénior -, os técnicos, a nossa rede, os nossos colaboradores”, concretizou.
A responsável recordou o testemunho de um idoso de Évora, o senhor Leonardo, que partilhou com os ouvintes a sua história, afirmando que “se não fosse esta ação da Cáritas passaria dias, semanas, sem falar com ninguém”.
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