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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sábado, 30 de novembro de 2024

Portugal atento à chegada de vespa asiática gigante às Astúrias

 Chama-se vespa-gigante-do-sul (Vespa soror) e é uma espécie invasora asiática, maior do que a vespa-asiática (Vespa velutina). Cientistas espanhóis alertaram este mês para a entrada desta espécie na Europa, mais concretamente nas Astúrias, a cerca de 300 quilómetros de Portugal. O ICNF diz já ter alertado a rede STOPVespa.

Vespa soror. Foto: Rushen/WikiCommons

Nas últimas décadas, a globalização tem facilitado a introdução e distribuição de algumas espécies sociais de vespas em novas regiões e países. Segundo os autores de um artigo publicado a 9 de Novembro na revista científica Ecology and Evolution, isto deve-se, por exemplo, ao facto de as vespas rainhas fertilizadas passarem a parte do ano que lhes é meteorologicamente desfavorável escondidas em materiais ou contentores que os seres humanos depois transportam para outras regiões longe do lugar original destes insectos.

Outro ponto relevante para a introdução com sucesso destas vespas é o número reduzido de indivíduos necessários para que se possam estabelecer em novas áreas.

Todas as espécies do género Vespa são endémicas da Ásia, à excepção da vespa-europeia (Vespa crabro) e da Vespa orientalis, que existem na Europa e Norte de África. Na verdade, apenas a Vespa crabro era autóctone da Península Ibérica, mas na última década têm chegado outras espécies do mesmo género, como a Vespa velutina, a Vespa orientalis e a Vespa bicolor.

Agora chegou a vez de uma outra espécie, a vespa-gigante-do-sul (Vespa soror). Esta espécie, descrita em 1905, vive nas regiões quentes da Ásia, incluindo o Nordeste da Índia, Myanmar, Tailândia, Laos, Vietname e Sul da China.

Naquele artigo científico, os investigadores apresentam o primeiro registo europeu da vespa-gigante-do-sul, das Astúrias, no Norte de Espanha. Foram recolhidos quatro espécimes em Março de 2022 e em Outubro de 2023 em El Campo, Granda, Siero, nas Astúrias. Os espécimes foram apanhados numa armadilha para vespa-asiática.

Os primeiros registos de Vespa soror na Europa são confirmados por análises genéticas e morfológicas neste artigo científico.

A vespa-gigante-do-sul tem um padrão de cor que é comum a poucas espécies asiáticas do seu género e é totalmente único no contexto europeu. Ambos os sexos têm três cores: preto ou castanho escuro, castanho claro e amarelo. A cabeça, que é excepcionalmente grande, é quase toda amarela. Tanto as antenas como as patas são quase todos castanhos e as asas são amareladas.

Os padrões de cor mais comuns das seguintes espécies: Vespa velutina(A), Vespa orientalis (B), Vespa crabro (C), Vespa bicolor (D), Vespa soror (E), e rainha da espécie Dolichovespula media(F). Ilustrações adaptadas de Perrard et al. (2014).

Segundo o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), a vespa-gigante-do-sul “é particularmente agressiva na defesa do ninho e na caça a outros insetos”. As obreiras podem pode atingir 35 mm. “Preda sobretudo insetos, desde abelhas a louva-deus, mas também lagartixas.”

“O ICNF já alertou a rede de interlocutores municipais da plataforma STOPVespa para a necessidade de deteção e reporte da ocorrência desta e de outras potenciais vespas invasoras: Vespa orientalis: de tamanho médio, um pouco maior do que a Vespa velutina mas mais pequena do que a nativa vespa-europeia Vespa crabro; Vespa bicolor: presente no sul de Espanha”, acrescentou numa nota.

“O INIAV, IP no caso de indivíduos suspeitos de pertencerem a estas novas espécies, irá disponibilizar o serviço de envio de possíveis exemplares para identificação, livre de custos no âmbito do Plano Ação para a Vigilância e Controlo da Vespa velutina em Portugal”.

Segundo os autores do artigo, “a Vespa soror é um predador agressivo que preda invertebrados de vários tamanhos, incluindo borboletas, libélulas, louva-a-deus e gafanhotos, bem como outras vespas e até preda pequenos vertebrados como lagartixas”.

Além disso, salientam, “há registos de Vespa soror a atacar, em grupos, as colmeias da abelha do mel Apis cerana, resultando em colmeias destruídas e perdas consideráveis para os apicultores”. “Um risco semelhante pode existir nas Astúrias para colmeias de Apis mellifera, com impactos potencialmente maiores, se nos lembrarmos que a presença da Vespa velutina já está a causar graves perdas nas colónias locais de abelhas do mel”.

Os investigadores alertam que a vespa-gigante-do-sul pode ter complicações para a saúde humana, especialmente durante os meses de Setembro a Dezembro, quando as novas rainhas e as colónias se tornam grandes e muito defensivas. As picadas são muito dolorosas.

Os ninhos são feitos debaixo do solo, mistas vezes com a entrada escavada entre as raízes de grandes árvores. “Alguns ninhos estão muito perto da superfície, apenas a alguns centímetros, mas outros estão mais profundos com um ou mais túneis que podem ter 60 centímetros ou mais de comprimento entre o ninho e a entrada”.

Este registo eleva para quatro o número de espécies de Vespa introduzidas na Península Ibérica.

Helena Geraldes

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