A sua função não é agasalhar, mas deixar escorrer a chuva e, por vezes, a neve, repelindo a humidade.
De fácil, rápida e económica manufatura, este traje perdurou até aos nossos dias pela sua funcionalidade.
A coroça é um dos exemplares de traje regional português de mais remotas origens.
Como é sabido, durante o neolítico e na fase denominada de pré-tecelagem, o homem utilizava fibras vegetais para se cobrir e para isolar, por camadas, os tetos das suas cabanas.
Este revestimento revelou-se tão eficaz que resistiu às influências de culturas e civilizações diversas ocorridas durante milénios.
A coroça tem a configuração de um grande espantalho a que, por vezes, se acrescenta um carapuço solto e umas grevas que protegem igualmente as pernas das intempéries.
É interessante salientar a semelhança e o paralelismo entre este abafo humano e a cobertura dos denominados palheiros, também composta pela sobreposição de fiadas de palha.
A visualidade do homem que enverga esta indumentária remete para uma profunda integração na paisagem.
Esta imagem supõe a perfeita relação e dependência do homem com a natureza.
Por outro lado, constituía seguramente uma das mais antigas formas de camuflagem e de proteção natural contra os predadores.
MBT
COROÇA
– Capa composta por cabeção e «saia» de junco, disposto paralelamente no sentido longitudinal, ligado entre si por um entrelaçado encardoado em espaços regulares.
POLAINICOS – De junco disposto paralelamente no sentido longitudinal, entrelaçado em espaços regulares.
CHAPÉU – Feltro preto, fita de tecido (tafetá) de seda e fita de tecido (veludo) de algodão, pretos. Chapéu de aba larga guarnecida com fita de veludo; copa redonda decorada com fita de seda. Remata no interior com fita de couro de cor natural. Forro: Tecido (tafetá) de algodão azul;
TAMANCOS (PAR) – Couro de cor natural com taxas de metal prateado; cunha, salto e solas de madeira de cor natural.
Fonte: “Trajes Míticos da Cultura Regional Portuguesa”
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