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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quinta-feira, 12 de dezembro de 2024

Caminhada contra a prospeção mineira juntou quase uma centena de pessoas na Serra da Nogueira

 Cerca de uma centena de pessoas participaram no sábado numa caminhada entre Martim (Bragança) e Vila Boa de Ousilhão (Vinhais) de protesto contra o processo de prospeção mineira que está em curso para a Serra da Nogueira.


Uma caminhada promovida pela plataforma Uivo e que juntou portugueses, suecos, neerlandeses, bem como figuras da sociedade brigantina, como o fotógrafo e empresário António Sá, o diretor do Museu do Abade de Baçal, Jorge Costa, ou o antigo presidente da Câmara de Bragança, Jorge Nunes.

“Decidi juntar-me por estar solidário com a causa. Procurar, na medida do possível, defender os valores naturais, patrimoniais, identitários deste território, sabendo que há conciliações que têm de ser feitas, prioridades que têm de ser definidas. O meu entendimento é que o país precisa, de facto, de recursos importantes, estratégicos, para a transição energética, para a sustentabilidade da economia, mas também precisa de preservar valores estratégicos ambientais, fundamentais à vida das pessoas e, em geral, da natureza. Há que definir prioridades. Estamos num território de elevada sensibilidade ambiental, com uma biodiversidade muito rica. A biodiversidade é estratégica para a humanidade em todos os ânimos. Devemos evitar que haja estragos e danos significativos neste tipo de territórios”, sublinhou o antigo autarca.

“Por outro lado, o convívio também é importante, o conhecimento de novas pessoas, de novas perspetivas... também me animou um pouco a vontade de conhecer o movimento em si. Não estive desligado do processo mas quis conhecer os protagonistas e esta parte do território, que é belíssimo e muito diverso em termos de natureza”, disse ainda.

Jorge Nunes entende, ainda, que “o que é importante é que haja esclarecimentos”. “E os autarcas também precisam desse esclarecimento. Precisam de ter o conhecimento necessário para ponderar os vários valores em discussão. Acredito que, numa fase inicial, o conhecimento não fosse o suficiente, que as juntas tenham ficado um bocadinho mais despertas para o processo pelo contacto direto com o debate que ocorreu nas suas aldeias e acabaram por tomar uma posição correta da defesa dos interesses essenciais à preservação destes territórios”, sublinhou Jorge Nunes.

O antigo autarca entende que deveria ter sido o Estado a assumir este tipo de processos em vez de o entregar a privados. “O país deveria dispor da cartografia dos recursos naturais e a sua priorização de exploração, de utilização, e adequadamente identificar o potencial. Por outro lado, a prospeção de recursos e a emergência com que o problema agora se coloca, obrigaria, no meu ponto de vista, a que entidades estatais liderassem o processo de prospeção e cadastro. Uma coisa é a exploração, os privados. As concessões devem ser atribuídas onde os recursos têm viabilidade económica de extração. Mas em zonas sensíveis é diferente. Se este processo estivesse a ser desencadeado por uma entidade estatal, estou em crer que atuariam de uma forma muito distinta junto da população, transfeririam mais conhecimento, haveria mais ponderação e a população compreenderia com mais facilidade estes processos. Ao entregar a privados, a suspeição por parte das pessoas é mais elevada porque os interesses em causa são divergentes e não conciliáveis. A população reagiu com uma prova de cidadania interessante, que deve ser fomentada e promovida”, concluiu.

António Sá, por sua vez, fez um “balanço muito positivo”. “É o culminar de um processo, em que houve uma mobilização popular muito grande, muito rápida, muito civilizada e muito bem documentada, o que terá surpreendido os responsáveis pela empresa, que não estariam à espera. Infelizmente, estas empresas contam um bocado com a ignorância das pessoas, com uma faixa etária já bastante envelhecida, pessoas com poucas defesas naturais e esperavam que fosse um passeio.

Essa mobilização popular conseguiu mudar o rumo dos acontecimentos a nível local. Se houve uma mudança de posição das juntas de freguesia e das Câmaras devemos isso à população e às próprias juntas, que se souberam organizar para perceber que o que está em causa é muito grave, não é de ânimo leve”, disse.

Sílvia Riso, agricultora em Vinhais e porta-voz do Uivo, garante que a luta vai continuar.

“Não pararemos por aqui. A caminhada foi muito frutífera no sentido de podermos comparar diferentes pontos de vista. Daqui saem novas vias para continuar nesta luta”, destacou.

Holandeses e suecos juntaram-se à luta

Quem fez questão de marcar presença foram dois casais, um sueco e outro dos Países Baixos, que ponderam vir morar para o Nordeste Transmontano. “. Visitámos diversos locais de Portugal e queremos explorar um local para viver. A primeira paragem foi na Negreda e não fomos embora. Gostámos tanto, a natureza é incrível. O cenário muda a cada dez minutos, estamos abismados.

Queremos um local em que possamos proporcionar uma boa vida à nossa filha, onde ela possa brincar mais à vontade. Queremos uma vida mais autossuficiente. As pessoas aqui vivem com o suficiente e são muito amáveis”, contaram ao Mensageiro Ditmar e Annemieke Van Dam.

No entanto, com minas, nem pensar. “É um ambiente especial e tem de ser protegido. Se houver minas por todo o lado nem pensamos em vir para cá”, sublinham. O mesmo garante Henrique Fernadnes, da Negreda (Vinhais). “Sempre me interessei muito pelo ambiente que nos rodeia, foi o motivo porque decidi voltar para cá de vez”, frisa.

António G.Rodrigues

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