Sob o céu e sob a terra

 Há noites em que o silêncio
fala mais alto do que os homens.
A terra respira devagar,
e o céu, imóvel, observa.

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As estrelas,
velhas feridas de luz,
recordam-nos o tempo
em que também fomos fogo.

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Pergunto-me quem sou,
de onde vim,
para onde irei,
e o eco responde apenas
és pó que pensa,
és sonho que se lembra
de ter sido estrela.

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A vida…
ah, essa chama breve,
esse sopro que se acende e que se apaga
no mesmo gesto.
Entre a alegria e a dor
há um fio tão fino
que só o coração o sente.

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A saúde é o instante em que o corpo canta,
a doença, o verso rouco da carne.
Ambas são paisagens da mesma viagem,
rostos diferentes da mesma verdade.

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E no alto, a lua,
testemunha antiga
das nossas pequenas grandezas.
Ela sabe
que a felicidade é só um clarão
entre duas sombras,
mas mesmo assim brilha.

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Talvez viver
seja apenas aceitar
o movimento do universo em nós,
o ciclo que nos leva
e nos devolve ao pó.

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E nessa aceitação,
nessa rendição serena,
há qualquer coisa de divino.
Algo que não se explica.
Apenas se sente.
Como a noite,
como a terra,
como a vida…
ao fim e ao cabo.

HM