(Colaborador do "Memórias...e outras coisas...")
Há mais de 30 anos que, entre outras coisas, me dedico, de forma insana, a estudar as minhas terras, nas mais variadas vertentes. À custa dessa insanidade, vou partilhando os meus humildes conhecimentos por diversas vias, seja através de artigos em revistas ou jornais, seja em programas televisivos, seja em palestras e comunicações, seja por via de livros. Sempre que faço a apresentação de um livro, incomum é não aparecer por lá um ou dois «cromos». Habitualmente, os «cromos» são indelicados, descorteses, desagradáveis, e comportam-se como se Deus, quando distribuiu a inteligência, os tivesse privilegiado com uma fatia incomensuravelmente superior.
Nessas abordagens desagradáveis, aprendi a repetir o mesmo acto. Ou seja, vou buscar um dos exemplares do livro apresentado e, acto contínuo, pergunto, educadamente, à pessoa qual o seu nome. Seguidamente, abro as páginas onde consta a bibliografia, folheio-as (porque ainda são algumas), e digo à pessoa: «Estranhamente, o seu nome não consta aqui na bibliografia. Já escreveu algum livro ou artigo sobre o tema que eu me tenha esquecido de mencionar?». Obviamente, a resposta é, invariavelmente, negativa. Então, prossigo, dizendo: «O/A Senhor(a) não é obrigado(a) a adquirir o livro. No entanto, quando lançar o seu primeiro livro ou artigo, prometo-lhe que marcarei presença»… E, educadamente, uma vez mais, retiro-me…
Uma das vias pelas quais sempre me recusei a partilhar o tal de humilde conhecimento, era a das «páginas ou grupos públicos» das redes sociais. Precisamente para evitar os «cromos» ou, doutra forma dito, os «sabetudólogos». Que possuem uma diferença substancial em relação aos «cromos» que surgem nas apresentações dos livros: esses não são cobardes, dão a cara e não se escondem atrás de «perfis manhosos».
Neste caso particular, o ilustre administrador desta página, para lá de outras características excelentes, tem uma que se sobrepõe: é extremamente persuasivo! E lá conseguiu, com os válidos argumentos apresentados, convencer este «rapazola» a por aqui ir partilhando as coisas que até, maioritariamente, já tem publicadas. Assim o vai fazendo este dito «rapazola» crente, lírico e carola, por, entre outras coisas, considerar que o conhecimento de nada vale se não for partilhado. E até procura, dentro das suas limitações, partilhar esse conhecimento numa linguagem menos técnica ou científica, por assim dizer, distinta daquela que é utilizada noutras publicações.
Mas tinha logo de trazer aqui o tema de «mouros e mouras encantadas»! Tema que até a Minha saudosa Avó Maria, analfabeta e simples, conseguiria discutir… À semelhança de todos os «sabetudólogos»… Porém, a Minha Avó Maria, Mulher rija do campo, mesmo sem polidez, era extremamente educada, coisa que os «sabetudólogos» não são. Por vezes, à custa dos «sabetudólogos», cujo nome não é conhecido em lado nenhum, daí talvez a frustração, apetece-me fazer aquilo que um ilustre arqueólogo me disse, recentemente: «Não estou para andar a dar pérolas a porcos». Expressão que me foi repetida por uma amiga, que acrescentou: «Quem quiser conhecimento, que o pague e faça como tu, que compre os meus livros, ou como eu, que compro os teus». Hoje, inevitavelmente, lembrei-me dessas sábias palavras...
No entanto, e como não sou nenhum vezeireiro, também me lembrei que há pessoas sensatas, educadas, que apreciam o conhecimento, que também partilham o seu conhecimento, e com as quais aprendo imenso. Onde se inclui o administrador desta página que, como já lhe disse, merecia uma estátua em todas as freguesias do distrito, pelo tanto que tanto tem feito e faz pela divulgação destas terras. Instância última, ele não mereceria que me deixasse abalar pelos «sabetudólogos». Estirpe que deveria concentrar as suas energias para escrever uns artigozitos que fosse, numa qualquer publicação, onde pudessem partilhar a sua suprema sabedoria «wikipédica»…
Rui Rendeiro Sousa – Doutorado «em amor à terra», com mestrado «em essência», pós-graduações «em tcharro falar», e licenciatura «em genuinidade». É professor de «inusitada paixão» ao bragançano distrito, em particular, a Macedo de Cavaleiros, terra que o viu nascer e crescer.
Investigador das nossas terras, das suas história, linguística, etnografia, etnologia, genética, e de tudo mais o que houver, há mais de três décadas.
Colabora, há bastantes anos, com jornais e revistas, bem como com canais televisivos, nos quais já participou em diversos programas, sendo autor de alguns, sempre tendo como mote a região bragançana.
É autor de mais de quatro dezenas de livros sobre a história das freguesias do concelho de Macedo de Cavaleiros.
E mais “alguas cousas que num são pr’áqui tchamadas”.

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