(Colaboradora do Memórias...e outras coisas...)
Se o (teu) Amor falasse, dir-te-ia:
Que dias felizes não ficam suspensos nas sombras do sol.
Que o caminho ao lado de alguém não é um deserto sem cor.
Que quando corres para um abraço não recebes a força impune de um braço.
Que a dor e o grito são desespero e não o alimento de cada dia.
Que a vida não se faz de um mundo de ausências dentro da alma.
Que não podes adormecer debaixo das pancadas que entendes como beijos.
Que ficar nua não é permitir que um outro te desfaça a carne e a essência.
Que as emoções mais íntimas não são feitas de sangue.
Que sobre o teu corpo não devem morar somente pele e sonhos desfeitos.
Que permitires que te comam o espírito e o corpo não saciará a fome desse Ninguém.
Que ser humana não é um nada que te anula.
Que noites brancas não são sinónimo de noites sem luz.
Que estas pedras onde te deitas não vão transformar-se, como por magia, em flores.
Que os desejos dentro do teu peito não devem ser apenas saudade.
Que não podes viver de janelas trancadas com vergonha de quem melhor te merece.
Que instantes bonitos não são porta de entrada para desceres ao abismo.
Que não podes ficar rendida ao que nunca tiveste.
Que dentro de ti existe uma obra que almeja ir ainda além.
Se o amor falasse, dir-te-ia…
Que o primeiro amor que casa contigo é o que nasce do teu próprio coração.
- Paula Freire -
Paula Freire - Natural de Lourenço Marques, Moçambique, reside atualmente em Vila Nova de Gaia, Portugal.
Com formação académica em Psicologia e especialização em Psicoterapia, dedicou vários anos do seu percurso profissional à formação de adultos, nas áreas do Desenvolvimento Pessoal e do Autoconhecimento, bem como à prática de clínica privada.
Filha de gentes e terras alentejanas por parte materna e com o coração em Trás-os-Montes pelo elo matrimonial, desde muito cedo desenvolveu o gosto pela leitura e pela escrita, onde se descobre nas vivências sugeridas pelos olhares daqueles com quem se cruza nos caminhos da vida, e onde se arrisca a descobrir mistérios escondidos e silenciosas confissões. Um manancial de emoções e sentimentos tão humanos, que lhe foram permitindo colaborar em meios de comunicação da imprensa local com publicações de textos, crónicas e poesias.
O desenho foi sempre outra das suas paixões, sendo autora das imagens de capa de duas obras lançadas pela Editora Imagem e Publicações em 2021, “Cultura Sem Fronteiras” (coletânea de literatura e artes) e “Nunca é Tarde” (poesia), e da obra solidária “Anima Verbi” (coletânea de prosa e poesia) editada pela Comendadoria Templária D. João IV de Vila Viçosa, em 2023. Prefaciadora dos romances “Amor Pecador”, de Tchiza (Mar Morto Editora, Angola, 2021), “As Lágrimas da Poesia”, de Tchiza (Katongonoxi HQ, Angola, 2023), “Amar Perdidamente”, de Mary Foles (Punto Rojo Libros, 2023) e das obras poéticas “Pedaços de Mim”, de Reis Silva (Editora Imagem e Publicações, 2021) e “Grito de Mulher”, de Maria Fernanda Moreira (Editora Imagem e Publicações, 2023). Autora dos livros de poesia: Lírio: Flor-de-Lis (Editora Imagem e Publicações, 2022) e As Dúvidas da Existência - na heteronímia de nós (Farol Lusitano Editora, 2024, em coautoria com Rui Fonseca).
Em setembro de 2022, a convite da Casa da Beira Alta, realizou, na cidade do Porto, uma exposição de fotografia sob o título: "Um Outono no Feminino: de Amor e de Ser Mulher".
Atualmente, é colaboradora regular do blogue "Memórias... e outras coisas..."- Bragança e da Revista Vicejar (Brasil).
Há alguns anos, descobriu-se no seu amor pela arte da fotografia onde, de forma autodidata, aprecia retratar, em particular, a beleza feminina e a dimensão artística dos elementos da natureza.

Se eu mandasse... estas tuas palavras seriam de leitura obrigatória em todo o lado. Resta-me a esperança que, ao menos aqui sejam lidas... e entendidas. São de uma beleza e profundidade ímpar. Um caminho não fácil de seguir por todos mas possível.
ResponderEliminarÉ isso, Henrique. Que um simples poema possa ser mais do que beleza. Pudessem algumas palavras constituir-se como incentivo à descoberta de uma porta para o amor-próprio, para a coragem e para a liberdade.
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