Hoje rumei a Outeiro para revisitar a Basílica, o Santo Cristo, que terá chorado lágrimas em tempos de guerras bravas com Espanha. O castelo capitulou, mas as ruínas persistem na velha máxima do heroico povo transmontano, que antes prefere quebrar que torcer.
Mas o que verdadeiramente me levou a Outeiro foi o abraço, há muito adiado, ao amigo de sempre e de memórias, Henrique Martins. Receberam-me ele e o seu filho, abrindo a adega, santuário místico onde os transmontanos reafirmam solenemente a amizade que dura há tantos anos.
Eu e o Henrique fomos colegas no FAOJ, animadores, movidos pela vontade de fazer mais e melhor pela juventude, numa crença assumida de que só a cultura pode formar cidadãos mais fraternos e solidários. Falámos de tanta coisa: de livros, de alegrias e tristezas, sucessos e desventuras, de tantas e tantas aventuras que vivemos lado a lado, levando o teatro, a música e a poesia às terras bravas do Nordeste, com o entusiasmo de quem partilha sonhos.
Reencontrar o Henrique foi como regressar a casa; à amizade de sempre, porque há amizades que resistem às distâncias, às mudanças e aos anos. Com o Henrique é assim: bastou um olhar, um abraço e um sorriso para perceber que a essência do reconhecimento mútuo permanece intacta.
Foi uma visita breve, mas cheia de significado, como quem revive a memória do lume aceso que afaga as longas invernias da vida.
É um privilégio ter amigos assim, pessoas que o tempo não desgasta, apenas reafirma a ideia de que há amizades que são de sempre.
Um grande abraço, meu Henrique, e obrigado por seres o guardião paciente das memórias de Bragança no teu, nosso Blogue: Memórias… e outras coisas - BRAGANÇA e, sobretudo por seres meu amigo há tantas vidas.
Fernando Calado

Sem comentários:
Enviar um comentário