(Colaborador do "Memórias...e outras coisas...")
Hoje, recebi uma mensagem na qual era questionado acerca dos documentos mais antigos a mencionarem, especificamente, povoações no distrito de Bragança. Conversa que daria pano para mangas… Acabaria por derivar a conversa para os mais antigos vestígios de presença humana por estas terras, que remontam ao Paleolítico Superior, atravessando todas as restantes épocas com nomes estranhos. Ser-me-ia perguntado se os Romanos, de facto, tinham estado por aqui. Tendo-lhe dado imensos exemplos de vestígios dessa passagem por estas bandas. Acabando por em época Romana me deter… Tendo transmitido ao interlocutor que já me tinha dado tema para, à noite, escrevinhar um pouco e partilhar mais algumas curiosidades com os leitores das «Memórias».
Antecipadamente advertindo que os primeiros nomes que aqui trarei não serão reconhecíveis, com toda a probabilidade, pela maioria, nem têm correspondência directa com qualquer nome conhecido na actualidade. Inevitavelmente, e porque já tenho trazido os nossos antepassados Zelas por aqui, de imediato me lembrei de um registo numa placa de bronze, datado do ano 27 d.C., há quase 2000 anos, hoje à guarda do «Staatliche Museen», em Berlim. Nessa placa, conhecida como «Tábua de Astorga», «Tábua dos Zelas» ou «Pacto dos Zelas», estão representados dois pactos de hospitalidade entre «gentilitates» da «gens Zoelarum». Pacto esse que foi assinado numa cidade designada como «Curunda».
Não há certezas absolutas relativamente à sua efectiva localização, porém, nas diversas conjecturas já efectuadas, ressalta aquela que a faz situar nas imediações da actual Castro de Avelãs. Caso, no futuro, outras conclusões confirmem esta possibilidade, tratar-se-á da primeira povoação, localizada no actual distrito, a possuir um registo escrito. Não em papel, mas numa placa de bronze.
E, por hoje, fica aqui esta curiosidade sobre «Curunda», mais havendo para ir trazendo, “ós pouquetchinhus’e”…
Rui Rendeiro Sousa – Doutorado «em amor à terra», com mestrado «em essência», pós-graduações «em tcharro falar», e licenciatura «em genuinidade». É professor de «inusitada paixão» ao bragançano distrito, em particular, a Macedo de Cavaleiros, terra que o viu nascer e crescer.
Investigador das nossas terras, das suas história, linguística, etnografia, etnologia, genética, e de tudo mais o que houver, há mais de três décadas.
Colabora, há bastantes anos, com jornais e revistas, bem como com canais televisivos, nos quais já participou em diversos programas, sendo autor de alguns, sempre tendo como mote a região bragançana.
É autor de mais de quatro dezenas de livros sobre a história das freguesias do concelho de Macedo de Cavaleiros.
E mais “alguas cousas que num são pr’áqui tchamadas”.

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