Será demais dizer que, depois da minha mãe, esta rua foi aquilo que eu mais amei?
Será!
Uma rua — dirão alguns — não se ama. Talvez. Mas, digo eu, amam-se as pessoas que lá moram, que lá nasceram e que, através da vivência diária, aprenderam a ser gente.
E eu ainda amo essa gente!
Amo-a quando contacto com os que ainda vivem, para ver nos seus olhos a alegria expressa instintivamente e que observo quando o acaso nos faz encontrar.
Amo-a também no seu coletivo, quando a recordação me invade e os recordo nas passagens felizes e também nas dramáticas que vivemos em conjunto — com o mesmo sentimento de resignação pelo que o destino nos reservou, de amargo ou doce.
Os textos do António Orlando dos Santos, o nosso querido Bombadas, são mais do que simples recordações. Os seus textos são janelas abertas para uma Bragança que vive dentro dele e que, graças à sua escrita, continua viva dentro de todos nós. As palavras que ele nos oferece, as memória que resgata, são como um fio de luz que ilumina tempos idos, mas nunca esquecidos, tempos que muitos ainda acalentam no peito com a mesma saudade quente e terna que ele tão bem sabe traduzir em narrativa.
ResponderEliminarAs suas histórias têm o dom raro de transformar o quotidiano de outrora em património afetivo. Nelas ouvimos as vozes das gentes, sentimos os cheiros das ruas, revemos os recantos da cidade como se caminhássemos novamente por entre sombras e clarões da infância, da juventude e das vidas que se cruzaram e deixaram marca. O Bombadas escreve com alma, e é justamente essa alma, tão brigantina quanto universal, que faz com que os seus textos nos toquem tão profundamente.
Publicados com orgulho no blogue e no grupo do Facebook, Memórias… e outras coisas… BRAGANÇA, os seus relatos tornaram-se um ponto de encontro para todos os que amam a cidade, estejam onde estiverem. São como abraços de papel, que nos fazem regressar a casa sem que seja preciso dar um passo. A forma como ele revisita o passado não é apenas nostalgia, é um ato de preservação, de homenagem, de amor genuíno por Bragança e pelas pessoas que a moldaram.
O nosso Bombadas não escreve só para recordar. O nosso Bombadas escreve para que nada se perca, para que cada pedaço da nossa história comum continue a encontrar eco no presente. E é por isso que os seus textos merecem não apenas admiração, mas um elogio rasgado porque ele consegue transformar saudade em obra, memória em celebração, e Bragança, essa cidade tão nossa, em literatura viva e pulsante.
Que continue a partilhar connosco este tesouro de lembranças. Porque, nas palavras dele, todos nós encontramos um bocadinho do que fomos… e daquilo que nunca deixaremos de ser.
HM