(Colaborador do "Memórias...e outras coisas...")
Ontem, por mero acaso, no âmbito das permanentes e quase ininterruptas pesquisas sobre a parte oriental do «Reino Maravilhoso», e a propósito do estudo de uma figura de particular relevância para o distrito de Bragança, fui desembocar a Castro de Avelãs e, consequentemente, ao seu histórico mosteiro.
Tantas as voltas que o dito mosteiro já me fez dar, tantas as «pestanas queimadas» à custa do dito, de súbito me lembrei que estávamos num ano em «5» terminado, ou seja, em 2025… O que, para quem conheça a História do referido mosteiro, saberá da importância de um ano terminado em «5»...
Porque daqui por duas décadas, espero ainda por cá andar, se cumprirão os 900 anos sobre o primeiro documento a referir, especificamente o mosteiro. Significando isso que, neste 2025 se cumpriu, igualmente, um aniversário «redondinho»: 880 anos! Tantos quantos leva, documentalmente, o soberbo Mosteiro de Castro de Avelãs! O que, na minha modesta visão, é obra!
Pois é de 1145 esse primeiro documento (embora haja um outro anterior, mas considerado apócrifo…). Num tempo em que, quem mandava, efectivamente, por Terras de Bragança era o nosso conhecidíssimo Fernão Mendes de Bragança, «o Bravo». Documento esse no qual, conjuntamente com outras figuras, como Egas Moniz, surge como confirmante.
Trata-se de uma doação que D. Afonso Henriques faz ao Mosteiro de Castro de Avelãs, enquadrada no objectivo de convencer o Braganção a aderir à sua causa. Tal como já o havia tentado fazer através da promoção do casamento da sua irmã, a infanta Sancha Henriques, com o dito Senhor de Bragança. Sabendo-se que o Mosteiro Beneditino foi promovido, precisamente, pelos Bragançãos, na sequências das suas ligações a Terras Leonesas e, particularmente, ao Mosteiro de São Martinho da Castanheira, em Terras da Sanabria situado.
Mas isto, e a História do Mosteiro de Castro de Avelãs e dos Bragançãos, seus patronos, daria pano para mangas. Hoje apenas aqui os trouxe pela coincidência de me ter lembrado de 1145 e, consequentemente, do recente aniversário dos 880 anos do primeiro documento a mencionar o mosteiro. Já são quase nove séculos de história… O que é muito tempo, para umas «terras sem história», que nunca aparecem nos manuais escolares…
(Foto. Lifecooler)
Rui Rendeiro Sousa – Doutorado «em amor à terra», com mestrado «em essência», pós-graduações «em tcharro falar», e licenciatura «em genuinidade». É professor de «inusitada paixão» ao bragançano distrito, em particular, a Macedo de Cavaleiros, terra que o viu nascer e crescer.
Investigador das nossas terras, das suas história, linguística, etnografia, etnologia, genética, e de tudo mais o que houver, há mais de três décadas.
Colabora, há bastantes anos, com jornais e revistas, bem como com canais televisivos, nos quais já participou em diversos programas, sendo autor de alguns, sempre tendo como mote a região bragançana.
É autor de mais de quatro dezenas de livros sobre a história das freguesias do concelho de Macedo de Cavaleiros.
E mais “alguas cousas que num são pr’áqui tchamadas”.

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