Com profunda tristeza e comoção recebi agora mesmo a notícia do falecimento do Senhor Orlando Lopes, antigo vizinho e sempre no meu coração, um homem bom, inteiro, e um daqueles nomes que ficam para sempre ligados à memória coletiva de Bragança.
Partiu um velho e querido amigo, um dos últimos representantes da geração dos nossos Pais (dos Pais dos que são da minha geração), uma geração feita de trabalho discreto, de compromisso com os outros, de valores sólidos e de um profundo amor à terra que os viu nascer e crescer. Com ele vai-se um tempo que já não volta, mas fica o exemplo, o legado e a marca indelével que deixou na nossa comunidade.
O Senhor Orlando Lopes foi dirigente associativo desde sempre. Fundador do Clube Académico de Bragança, dirigente do G.D.B… e de outras Associações de Bragança. Foi um verdadeiro construtor da nossa cidade, um dos rostos que, com dedicação, entrega e espírito de missão, ajudaram a edificar uma cidade viva, participativa e humana, uma Bragança de que todos temos saudades. Sempre presente, sempre disponível, acreditava no valor do associativismo como espaço de encontro, de solidariedade e de crescimento coletivo. Serviu sem fazer ruído, mas com uma constância e perseverança que só os verdadeiramente comprometidos conseguem manter.
Para quem o conheceu, ficará para sempre a memória da sua palavra serena, do seu olhar atento, do conselho dado no momento certo. Um dia teve que me ir tirar da cama, de madrugada para irmos a Chaves fazer um jogo, e com o meu Pai conivente: - Anda levanta-te! (Parece que lhe estou a ouvir a voz). Bem me custou já que a noite tinha sido longa… mas o respeito era “muito lindo”. Com a pressa, levei o saco da aula de ginástica do Liceu, que era às sextas-feira de tarde, onde iam as sapatilhas. O Manecas não ficou muito contente já que, no balneário, quando dei pela falta das chuteiras, o “Meirim” entendeu que o Manecas me deveria emprestar as chuteiras, e ele, sem culpa nenhuma, ficou de fora do jogo. O Manecas era bem melhor jogador que eu. O futebol de 11 nunca foi a minha praia. O Sr. Orlando era daqueles homens que não precisavam de grandes gestos para se fazer notar. Bastava a presença, o exemplo, a coerência entre aquilo que dizia e aquilo que fazia. Um homem de princípios, de caráter, de respeito pelos outros e pela história comum que ajudou a escrever.
Dona Ana, Antonieta, Zé Orlando, Teresa, Paula, Xi, Nando e toda a família… neste momento de dor e de saudade, deixo-vos uma palavra sentida de força e coragem. Tentai encontrar algum conforto na certeza de que o Vosso Querido Pai partiu deixando uma herança imensa, o reconhecimento de uma cidade inteira, a gratidão de muitos e a memória de quem fez o bem sem esperar nada em troca. O luto é profundo, mas maior ainda é o orgulho por tudo aquilo que ele foi e representou.
Recordá-lo-emos sempre com respeito, carinho e gratidão. Enquanto houver memória, enquanto houver Bragança, o nome do Senhor Orlando Lopes continuará presente, como exemplo de cidadania, de dedicação e de amor à sua terra e às suas gentes. Que descanse em paz.
Até um dia destes Sr. Orlando… Foi uma grande honra tê-lo conhecido!

Sem comentários:
Enviar um comentário