Doze anos depois da última greve geral, a paralisação de hoje tem especial impacto em setores como a educação, com escolas fechadas, a saúde, com consultas e cirurgias adiadas, e os transportes, deixando muitas pessoas sem hipótese de se deslocarem.
Refira-se que esta paralisação não é total, já que nos setores que visam a satisfação de necessidades sociais inadiáveis, a lei do trabalho determina a “prestação de serviços mínimos indispensáveis”. Assim, ainda que de forma limitada, hoje os hospitais, lares e transportes vão funcionar. No caso da saúde, por exemplo, estão garantidos os serviços de urgência, os tratamentos de quimioterapia e radioterapia, assim como os internamentos, os cuidados paliativos e as mudanças de pensos.
Para já, no distrito ainda não há números no que toca à adesão, mas Francisco Marcos, coordenador regional do Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Administração Local, admite que vários trabalhadores vão e estão a aderir à greve. “Certezas não temos, mas vários trabalhadores disseram que iam fazer greve. Outros não nos disseram, mas sabemos que a vão fazer e vão ser solidários com os colegas. Este pacote laboral é muito prejudicial para toda a sociedade e, por isso, espera-se que a greve seja muito participada”.
No que toca por exemplo à educação, o coordenador admite que os assistentes operacionais têm sido muito prejudicados e, por isso, a adesão à greve é importante. “Vão ser pessoas que se vão unir à greve porque é preciso derrotar este pacote laboral e garantir o aumento dos salários, das pensões, melhoria dos serviços públicos, uma vida melhor”.
Para hoje está marcada uma sessão da Assembleia Municipal de Bragança. Francisco Marcos quer acreditar que foi um lapso ou que a data já estava agendada antes de se saber que hoje seria dia de greve geral. “Parece-nos que é um atentado, passado 50 anos da democracia, fazer uma assembleia municipal neste dia. Refiro ainda que em abril de 2026 irá assinalar-se meio século da Constituição da República Portuguesa, em que se consagrou, entre outros, o direito à greve. Este direito, pela nossa casa da democracia, que é a Assembleia Municipal, deve ser respeitado”.
Em relação à greve, segundo um despacho do Governo, foram também fixados serviços mínimos aos trabalhadores das empresas associadas na Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal, de forma a garantir que nos hospitais haja refeições para os doentes internados, bem como para os trabalhadores que não se possam ausentar para comer. Nos estabelecimentos prisionais, a alimentação dos reclusos também está garantida. O mesmo acontece com crianças e jovens internados em centros educativos e em lares de infância e juventude, pessoas com deficiência internadas em centros de apoio, idosos internados em lares e utentes em centros de dia e serviços de apoio domiciliário.
A propósito da greve, esta tarde, a partir das 15h, tem lugar uma concentração na Praça Cavaleiro Ferreira, em Bragança, convocada pela união dos sindicatos. O objetivo desta iniciativa é promover o debate público.
Estima-se que a greve geral tenha um impacto de 600 a 700 milhões de euros na economia do país.

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