O dia 17 de dezembro de 2025 vai, certamente, ficar gravado na memória coletiva por ter sido um daqueles momentos em que a cultura, a comunidade e a esperança se encontraram num mesmo espaço e se elevaram mutuamente. O Concerto de Natal do Conservatório de Música e Dança de Bragança, com a participação da Música de Câmara e da Classe de Conjunto, transformou a Basílica do Santo Cristo de Outeiro num verdadeiro palco de emoção, beleza e partilha.
Este evento foi uma afirmação clara de que a descentralização cultural não é um risco é, pelo contrário, uma oportunidade. Levar a música erudita, a formação artística de excelência e o talento jovem até às aldeias é um gesto de justiça territorial e de profunda visão cultural. A coesão territorial constrói-se também assim, criando pontes, aproximando pessoas, valorizando os lugares e reconhecendo que a cultura pertence a todos, independentemente da geografia.
A resposta da população de Outeiro foi inequívoca e comovente. A Basílica encheu-se por completo, num ambiente de entusiasmo genuíno e de atenção respeitosa. Famílias inteiras, jovens e menos jovens, habitantes da aldeia e visitantes, reuniram-se todos para celebrar a música e o espírito natalício. As notas e as vozes entravam não apenas nas paredes centenárias da Basílica, mas também nos corações de quem assistiu. Criou-se uma atmosfera de comunhão e profundamente significativa.
A atuação dos alunos do Conservatório de Música e Dança de Bragança foi, sem exagero, brilhante. Ficou bem patente o rigor, a dedicação e a sensibilidade artística de tantos e tão talentosos jovens, guiados por um trabalho pedagógico sólido e inspirador. A Música de Câmara e a Classe de Conjunto demonstraram maturidade musical, entrega emocional e um notável sentido de conjunto, oferecendo ao público interpretações de elevada qualidade artística. Nem o frio os fez tremer. O Calor que lhes foi transmitido, por quem estava a assistir, superou as melhores brasas e a mais acolhedora lareira.
Neste concerto de Natal, a juventude mostrou-se como verdadeiro património vivo, preparada, criativa, comprometida e capaz de levar beleza aos mais diversos territórios. Outeiro acolheu-os de braços abertos, e eles retribuíram com música, emoção e excelência. Foi uma noite em que se reforçou a confiança no futuro e se confirmou que investir na cultura e nos jovens é investir numa sociedade mais coesa, mais humana e mais justa.
Que este concerto sirva de exemplo e inspiração. Que continue a haver coragem para descentralizar, para acreditar nas comunidades locais e para levar a arte onde ela faz falta porque, como se provou em Outeiro, quando a cultura chega, as pessoas respondem. E respondem em massa, com entusiasmo e com gratidão.
O meu muito obrigado à Câmara Municipal de Bragança na pessoa da sua Presidente Isabel Ferreira, ao Diretor do Conservatório, Rui Machado, à Junta de Freguesia de Outeiro na pessoa do seu Presidente, Flávio Afonso, aos talentosos jovens que nos maravilharam, à população de Outeiro que, como sempre, respondeu positivamente e sem equívocos ou hesitações… e a todos os amigos e amigas que tive o prazer de rever.

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