“É algo que não deve mesmo acontecer. Percebo que, do ponto de vista financeiro e económico, não seja rentável, mas há matérias em que é preciso assegurar a solidariedade territorial e o acesso à informação, que é também um garante e um pilar da democracia. O Estado português tem a obrigação de fazer as compensações necessárias para que esta distribuição continue a ser feita”, afirmou Isabel Ferreira.
A Vasp anunciou estar a reavaliar o seu modelo de distribuição diária de imprensa nos distritos de Beja, Évora, Portalegre, Castelo Branco, Guarda, Viseu, Vila Real e Bragança. A empresa explica atravessar “uma situação financeira particularmente exigente”, marcada pela quebra contínua das vendas de jornais e pelo aumento expressivo dos custos operacionais, fatores que colocam em causa a sustentabilidade da atual rede de distribuição, sobretudo nas regiões do Interior.
Segundo a distribuidora, esta conjuntura afeta diretamente a viabilidade de manter o abastecimento diário aos pontos de venda, obrigando à ponderação de cortes que, segundo o Correio da Manhã, poderão deixar oito distritos sem jornais a partir de janeiro.
Para Isabel Ferreira, porém, o princípio do serviço público deve prevalecer: “Mesmo que haja uma única pessoa num determinado território, essa pessoa tem o direito de ter acesso a essa informação.” A autarca defende que o Estado deve garantir “equidade” através de medidas próprias, incluindo apoios específicos aos territórios de baixa densidade.
“Se o critério for a densidade populacional para validar a viabilidade do investimento, vamos ser sempre perdedores. É uma pescadinha de rabo na boca. Não podemos utilizar esse tipo de critério. Pelo contrário, temos de fazer investimentos no Interior para que esses investimentos fomentem outros a seguir”, frisou.
A discussão não é nova. Já em 2024, a Vasp tinha sinalizado a possibilidade de abandonar a distribuição em vários concelhos do país, entre eles Vimioso e Freixo de Espada à Cinta, no distrito de Bragança. Na altura, um acordo com o Governo levou ao anúncio de um futuro concurso público para assegurar o serviço, processo que, em fevereiro deste ano, ainda se encontrava em fase de conclusão.
Apesar de considerar que o concelho de Bragança não será diretamente prejudicado pela eventual redução, Isabel Ferreira manifestou solidariedade com os restantes municípios do distrito, insistindo que a defesa da coesão territorial deve ser uma prioridade nacional.

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