Número total de visualizações do Blogue

Pesquisar neste blogue

Aderir a este Blogue

Sobre o Blogue

SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

Monte Alegre do Sul (SP-Brasil) e Sua História

Por Antônio Carlos Affonso dos Santos – ACAS
São Paulo (Brasil)
(colaborador do Memórias...e outras coisas)
A cidade de Monte Alegre do Sul, SP, Brasil, protegida pelas últimas ramificações da Serra da Mantiqueira, em pleno vale do Rio Camanducaia, fica no circuito paulista das águas, sendo autodenominada Estância Hidromineral de Monte Alegre do Sul. A natureza, excessivamente generosa, dotou o município de locais privilegiados, onde o homem instalou suas plantações de morangos, seus alambiques de cachaça e suas produções de vinhos de mesa. Em fins do regime monárquico, alguns desbravadores de Amparo e Bragança Paulista, cidades da região, se estabeleceram neste bucólico vale do Camanducaia formando sítios e fazendas de café, além de preservar grande parte das matas naturais. A fama de suas águas cristalinas, juntamente com a fertilidade do solo e sua beleza natural, com paisagens montanhosas; propiciaram uma serenidade sem igual e uma beleza sem par.

                   UM POUCO DA HISTÓRIA DE MONTE ALEGRE DO SUL

Em fins do regime monárquico, alguns desbravadores de Amparo e Bragança Paulista, se estabeleceram neste bucólico vale do Camanducaia, formando sítios e fazendas de café e preservando as grandes matas naturais. 
A fama de suas águas cristalinas, juntamente com a fertilidade do solo e sua beleza natural com paisagens montanhosas, propiciam uma serenidade sem igual e uma beleza sem par. 
Entre os colonos que vieram, estava o senhor Theodoro de Assis, homem simples e abnegado; e devoto do Senhor Bom Jesus. Theodoro era colono do senhor Antônio Pereira Marques, então proprietário da Fazenda Marquinhos. Nesta fazenda passava um ribeirão, no qual Theodoro encontrou uma imagem do Senhor Bom Jesus. 
O abnegado devoto, contando com o bom senso do patrão ergueu, no terreno de sua casa, uma pequena capela de pau-a-pique, sob a proteção do Senhor Bom Jesus. Mas, o senhor Antônio Pereira Marques, dono do latifúndio, indignou-se com a atitude de Theodoro, por ter construído a capelinha sem a sua autorização e ordenou que a mesma fosse demolida. 
O velho Theodoro, contrafeito, não desistiu da luta! E então foi procurar o sitiante Lourenço de Godói, homem digno e dono das terras onde hoje se localiza a cidade de Monte Alegre do Sul, contando-lhe o ocorrido. O sitiante, condoído com o evento, ofertou ao Theodoro um terreno seu, no qual poderia construir a capelinha, sendo a mesma erguida onde hoje se localiza o Coreto da Praça Bom Jesus. 
Esclareça-se que a citada imagem foi encontrada pelo colono Theodoro no dia 06 de Agosto de 1873; daí a razão da festa do Padroeiro acontecer no dia 06 de Agosto, quando se comemora também a data de fundação da cidade. 
Ao redor da capelinha foram sendo construídas várias residências, formando-se então o Bairro da Capelinha. Muitos forasteiros foram atraídos à região pelos milagres do Senhor Bons Jesus e vieram conhecer o lugar, gostaram e aqui se estabeleceram; muito em função da magnitude de beleza da natureza, da salubridade do clima e das águas. 
E o Bairro da Capelinha foi aumentado, sempre ao redor da igrejinha erguida por Theodoro de Assis, considerado o fundador da cidade. 
Em meados de 1.880, a capelinha foi demolida e em seu lugar foi construída outra maior, com uma imagem ainda maior, do Senhor Bom Jesus; essa doada pelo latifundiário Senhor Antônio Pereira Marques, em sinal de arrependimento pelo que fizera ao seu colono Theodoro anos antes. 
Em 1882, o capitão José Inácio resolveu, com o auxílio dos moradores e devotos, construir uma igreja maior. E assim o fez; no mesmo local onde hoje se situa o Santuário do Senhor Bom Jesus. Também em 1882 foi nomeado o primeiro pároco da igreja, Padre Alexandrino do Rego Barros, que fundou a primeira escola do povoado, sendo ele mesmo o professor. 
Um ano mais tarde, o Capitão José Inácio, que era poderoso na região, construiu a casa paroquial e um prédio para a escola recém-fundada, doando-os ao Senhor Bom Jesus. 
No dia 05 de Março de 1.887, por força da Lei Estadual Nº 15, o Bairro da Capelinha foi elevado à condição de Distrito de Paz, sob a denominação de “Freguesia do Bom Jesus de Monte Alegre” e, por força da mesma lei, o Governo Estadual autorizou a determinar os limites da nova Freguesia, sendo nomeado para o cargo de subprefeito, o senhor João Herculano da Serra e para Oficial Maior, o senhor Querubim Silveira de Mello. 
No dia 16 de Novembro de 1887, foi criado um distrito e uma subdelegacia de polícia, e foram demarcadas as divisas da nova Freguesia. 
Em 1890 foi inaugurado o último trecho da estrada de ferro da Companhia Mogiana, cujos trilhos desbravadores chegaram à Freguesia de Bom Jesus de Monte Alegre. À época, o movimento de passageiros era feito por meio de troles (ou tilbury); uma espécie de charrete, puxado por cavalos e muares! Com a estrada de ferro, nasce uma nova era e descortinava-se então, novos horizontes à Freguesia do Bom Jesus de Monte Alegre. 
Em 1893, a então Câmara Municipal de Amparo cria na Freguesia, uma Escola Municipal, nomeando o senhor Antônio Vicente Borges como professor. 
Um ano mais tarde, no ano de 1894, foi criada a agência dos correios (1), ampliando assim os meios de comunicação e a implantação da modernidade.
Durante os anos de 1890 a 1905, foram criadas as Escolas Estaduais que, finalmente, tornaram-se as "Escolas Reunidas de Monte Alegre"; sob a direção do professor Raul de Paiva Castro. 
Em 21 de Abril de 1909, foi inaugurada a estrada de ferro ligando Monte Alegre à Socorro, aumentando assim as relações entre o Distrito e a cidade vizinha de Socorro. 
Em 1915 e 1916, consecutivamente, a Empresa Elétrica de Amparo e Companhia Telefônica Brasileira (CTB), estenderam ao Distrito os seus valiosos serviços, sacramentando a nova era, quando já se chamava Monte Alegre.  A partir de então, o novel Distrito podia se conectar com o restante do País falando em viva voz, enquanto a eletricidade promovia o modernismo, com iluminação, equipamentos industriais e domésticos, além de promessas de um novo tempo! À época, o estado de São Paulo era o maior produtor mundial de café e a população, em geral, exalava entusiasmos, modernismos e planos de desenvolvimento.
No ano de 1932, a então Igreja do Senhor Bom Jesus foi elevada à categoria de Santuário pelo Bispado de Campinas, por situar-se aninhada entre as montanhas e, particularmente, pelo aspecto religioso do morro do Cruzeiro, vizinho ao Santuário e, nesse mesmo ano, foi nomeado para primeiro pároco do Santuário o Cônego José Cobucci, que terminou seus dias aqui, na já Monte Alegre do Sul, quando já detinha o epíteto de “cidade presépio”. 
Em 14 de Dezembro de 1942, foi fundada a Estação Experimental de Monte Alegre do Sul, vinculada à Secretaria de Estado da Agricultura (2), fato esse que veio trazer grandes melhoramentos à região, bem como o levantamento sócio econômico do homem rural local. 
Em 30 de Novembro de 1944, foi editado o Decreto Lei Nº 14.334, que trocava o nome Monte Alegre do Sul para Ibiti, fato esse que causou transtorno geral entre os moradores e políticos da época. Muitas relutâncias perante a nova denominação e após muitas desavenças, aos 24 de Dezembro de 1948, por força da Lei N.º 233, a então Ibiti foi elevada a categoria de Município, com o nome de Monte Alegre do Sul, Comarca de Amparo, 8ª Zona Eleitoral. 
E a luta continuava. O intuito de transformar Monte Alegre do Sul em Estância; estribados na pureza das águas que jorravam de suas rochas, na sua paisagem montanhosa e na salubridade do seu clima, se renovava. Os políticos da época viram seus sonhos transformarem-se em realidade somente 16 anos mais tarde, aos 12 de Dezembro de 1964, por força da Lei Nº 8.517, quando Monte Alegre do Sul passou a ser a “Estância Hidromineral de Monte Alegre do Sul”. 
Em 1966, por ato governamental, extinguiu-se o ramal ferroviário Socorro / Monte Alegre do Sul / Amparo (3), ficando a Estância ligada somente por meio rodoviário precário, mas não tardou a chegada do asfalto, graças aos esforços empreendidos pelos políticos da época. 
E a Estância Hidromineral de Monte Alegre do Sul, prossegue escrevendo sua história através dos tempos, nos anais do Estado. 
Em 17 de Novembro de 1978, após longos anos de nomeações constantes para prefeito da Estância ( o Brasil vivia uma situação de exceção), por força da lei Nº 1.844, Monte Alegre do Sul foi transformada em Estância Turística e foram marcadas eleições diretas para o dia 29 de abril de 1979. 
Em 08 de Maio de 1986, por força da Lei Nº 5.091, Monte Alegre do Sul volta à ser considerada Estância Hidromineral, fato esse o mais justo, pelos motivos já aludidos anteriormente.

Como veem, Monte Alegre do Sul tem um povo que pensa; atualmente até a prefeitura tem dado apoio aos estudantes: quem cursa faculdades no período noturno, tem garantido transporte de ida e volta por conta da prefeitura, num raio de no máximo 50 quilômetros e desde que haja um número mínimo de estudantes (8 pelo menos). Ultimamente o orgulho da cidade são as estudantes da E.M.E.F. “Prof.ª Esther Silva Valente”, as alunas Bruna Caroline Pettean e Maira Gabriela Daólio Campanari, que foram classificadas entre as finalistas de importante concurso nacional, o 15º Prêmio Nacional Assis Chateaubriand – Projeto Memória, cujo tema era “Rondon (4) e a luta pela integração nacional e a causa indígena”.

BIBLIOGRAFIA

·         Prólogo e Nota do Autor : para o texto, usei grande parte dos dados históricos publicados no site da Prefeitura Municipal da Estância Hidromineral de Monte Alegre do Sul; (www.montealegredosul.org.br)

·         (1): observa-se aqui que este testemunho histórico comprova, que o Brasil foi um dos primeiros países do mundo a usar o correio).

·         (2): esta Estação fica bem próxima da Fonte da Índia, mote de texto já publicado no site “Memórias e outras coisas...” há algum tempo.

·         (3): a cidade natal do autor, Cravinhos, passou por situação semelhante no mesmo ano, perdendo sua ligação pela Companhia Ferroviária Mogiana; mais tarde refizeram a linha, diminuindo-a 800 quilômetros entre São Paulo e Goiás; a estação de Cravinhos foi refeita somente nominalmente, pois ficava fora da cidade; distante vários quilômetros da cidade!!!! Essa política do governo federal fez com quê muitas cidades perdessem o charme das chegadas e saídas dos trens mistos, que causam tantas lembranças a este autor. Muitas cidades do interior de São Paulo, praticamente morreram após este gesto, que coincide com a queda dos preços do café no mercado internacional. Hoje, da Rede Ferroviária Federal resta muito pouco; estão semiabandonadas, pois foi dada preferência ao transporte rodoviário, o que se provou ter sido tal medida de grande impacto negativo para o país e para o meio-ambiente.

·         (4): Rondon foi o responsável a levar o telégrafo para o interior do Brasil. Indianistas também faziam parte de sua numerosa equipe; juntos fizeram os primeiros contatos com muitos índios e tribos primitivas.

·         PS: como os leitores podem depreender, a cidade de Monte Alegre do Sul tem um legado português (que se comprova pelos nomes dos pioneiros e pelo casario da cidade), que fazem parte da história da cidade; ainda que a colônia italiana também tenha participado (e participa de sua história). Este legado, da influência portuguesa,  está latente até no jeito de ser dos habitantes.

·         Texto escrito em: 25/03/2010


Antônio Carlos Affonso dos Santos – ACAS. É natural de Cravinhos-SP. É Físico, poeta e contista. Tem textos publicados em 8 livros, sendo 4 “solos e entre eles, o Pequeno Dicionário de Caipirês e o livro infantil “A Sementinha” além de quatro outros publicados em antologias junto a outros escritores.

Sem comentários:

Enviar um comentário