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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

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COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quinta-feira, 22 de março de 2012

As Rogas nas Vindimas do Douro

Cartoon: oserrano
Tal como em outras regiões vinícolas, as vindimas na região do Alto Douro são sempre motivo de festa e alegria. Naturalmente que nesta região, após um ano de árduos trabalhos pelos íngremes socalcos e num clima de intenso frio e calor, chegados a Setembro, com a colheita das uvas, fruto de um ano de muitas preocupações por causa das contingências da meteorologia e de males diversos que sempre espreitam as videiras, a festa é grande e prolongada. Nas vindimas, todos os dias são recomeços para uma etapa de trabalho e ao mesmo tempo de divertimento.
É diferente de todos os outros, este trabalho de cortar as uvas, em grupo, de as transportar e, à noite, as músicas populares a animarem os lagares que ainda existem nas quintas e nas casas de algumas famílias para fabricar aquele vinho especial e tradicional, pisadas as uvas com pés e pernas.
Nos dias de hoje, com as facilidades de transporte, os trabalhadores deslocam-se rapidamente, em carros e camionetas, desde as suas aldeias à região do vinho. Há uns anos, quarenta ou cinquenta, os vindimadores partiam das suas casas e percorriam muitos quilómetros, a pé, até chegarem às Quintas do Douro onde permaneciam dia e noite durante um mês ou mais. Grupos de pessoas, nesta fase do ano chamadas em grande número, a que se davam o nome de "rogas".
As rogas que presenciei na infância, em S. Lourenço, concelho de Sabrosa, vinham da montanha - Delgada, Arcã, Vilar Celas -, localidades pertencentes àquela freguesia, e por ali passavam, contentes pelo trabalho que conseguiram, pelo "dinherinho" que iam ganhar e também porque sair do pequeno lugar onde viviam por trinta dias era por si só uma alegria. Ali passavam para adquirirem pequenas coisas ou beber um "caneco" a acompanhar o farnel que traziam. Iam felizes, trouxas às costas, bombos e concertinas e o olhar atento do mestre da roga - pessoa, em princípio a mais velha, que dirigia e tomava conta do grupo e reprimia os seus excessos.
No regresso, pelo mesmo caminho, a roga voltava e mais uma vez parava na freguesia e os seus elementos, agora de cores mais rosadas, exibiam nas suas algibeiras o tilintar dos trocos que traziam; as notas, essas vinham bem escondidas. Os instrumentos musicais tocavam agora outra alegria, a saudade de casa, os lameiros, os pastos e os animais que tinham de cuidar... até dali a um ano.


Texto: Raul Coutinho

Fonte:
A. Fernando Vilela
in:jornal.netbila.net

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