A Quaresma, na liturgia da Igreja, é um tempo de graça que convida insistentemente à conversão do coração a Deus que nos chama à santidade. Um tempo que também se caracteriza pela penitência pascal em várias dimensões, sobretudo naquelas já clássicas na vida eclesial: a oração, o jejum e a esmola.
Lê-se numa homilia do séc. II: «É bom dar esmola como penitência dos pecados; o jejum vale mais que a oração, mas melhor que ambos é a esmola. A caridade cobre a multidão dos pecados, e a oração feita com intenção recta livra da morte. Bem-aventurado aquele que for achado perfeito nesta prática, porque a esmola redime o pecado».
O Papa Francisco na exortação Apostólica A alegria do Evangelho convoca-nos à prática das 14 obras de Misericórdia e diz: «a literatura sapiencial fala da esmola como exercício concreto da misericórdia para com os necessitados: «A esmola livra da morte e limpa de todo o pecado» (Tb 12, 9). E de forma ainda mais sensível se exprime Ben-Sirá: «A água apaga o fogo ardente, e a esmola expia o pecado» (3, 30). Encontramos a mesma síntese no Novo Testamento: «Mantende entre vós uma intensa caridade, porque o amor cobre a multidão dos pecados» (1 Pd 4, 8). Esta verdade permeou profundamente a mentalidade dos Padres da Igreja, tendo exercido uma resistência profética como alternativa cultural face ao individualismo hedonista pagão. Recordemos apenas um exemplo: «Tal como, em perigo de incêndio, correríamos a buscar água para o apagar (...), o mesmo deveríamos fazer quando nos turvamos porque, da nossa palha, irrompeu a chama do pecado; assim, quando se nos proporciona a ocasião de uma obra cheia de misericórdia, alegremo-nos por ela como se fosse uma fonte que nos é oferecida e na qual podemos extinguir o incêndio».
E porque a penitência quaresmal deve ser também externa e social, que não só interna e individual, proponho que a Renúncia Quaresmal seja a favor do atendimento social e caritativo da Cáritas Diocesana. Em 2013 a Cáritas Diocesana atendeu 11152 pessoas que mais precisam da nossa comunhão e caridade, num total de 3404 famílias da nossa Diocese de Bragança-Miranda. Este número aumenta significativamente no dinamismo de dar e receber com a acção de tantas pessoas generosas e das Santas Casas da Misericórdia, das Fundações e Centros Sociais e Paróquias.
O Ano da Vocação sugere-nos de modo ainda mais especial a oração pelas vocações. Uma experiência comprovada na nossa Diocese é a Lectio divina que rogamos se faça em cada Unidade Pastoral. Na Unidade Pastoral da Senhora das Graças em Bragança vamos rezar a Palavra na leitura, meditação e contemplação na Igreja de Nossa Senhora das Graças nas cinco segundas-feiras da Quaresma com o seguinte alinhamento:
1. 10 de Março – O Profeta, uma primavera de Deus, «Eis-me aqui. Envia-me».
Leitura: (Is 6, 1-13 – resposta de Isaías);
2. 17 de Março – O amigo, morada de Deus, «Vinde Ver».
Leitura (Jo 1, 35-51 – resposta dos discípulos missionários);
3. 24 de Março – A Mãe, traço de Deus, «Alegra-te ó cheia de graça. Eis a serva do Senhor».
Leitura: (Lc 21, 26-38 – resposta de Maria);
4. 31 de Março – O discípulo, contágio de Deus, «Sereis pescadores de homens».
Leitura: (Mc 1, 14-20 – resposta dos discípulos missionários);
5. 07 de Abril – O discípulo missionário, testemunha do Reino de Deus, «Arrependei-vos, porque está perto o reino de Deus.
Leitura: (Mt 4, 12-23 – resposta dos discípulos missionários).
A sobriedade dos sinais exteriores é a nossa riqueza espiritual. A pedagogia da Quaresma, escolhida pela liturgia própria deste tempo, serve para educar na fé e na resposta à Vocação de Deus que nos chama. Este tempo favorável de memória do Batismo e de penitência alegre no caminho para a Páscoa, pode designar-se: O sacramento da Quaresma.
Bom caminho até à Páscoa!
in:mdb.pt
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