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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite, Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues, João Cameira e Rui Rendeiro Sousa.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 15 de setembro de 2015

Vila de Izeda - Caracterização

Ocupando a extremidade meridional do território concelhio, a freguesia de Izeda abarca uma considerável superfície, confrontante, respectivamente a sul e nascente, com os vizinhos municípios de Macedo de Cavaleiros e Vimioso. Distando uns quarenta quilómetros para sul da capital concelhia, Izeda tem na E.N. 217 o seu principal eixo de ligação viária com aquele núcleo urbano.
Tendo encabeçado um concelho de efémera duração – criado em 1836 e extinto logo em 1855 – a Vila de Izeda conheceu já algum protagonismo administrativo, paralelamente a uma certa pujança demográfica e económica.
Atravessando um longo período de apagamento e mesmo certo declínio logo a partir dos finais do século passado, a freguesia acabaria por dar indícios de recuperação na segunda metade desta centúria, culminando em 1990 na respectiva elevação à categoria de Vila.
Abarcando uma parcela da bacia orográfica do Sabor, à margem direita daquele curso de água, Izeda estende-se a ocidente por área planáltica de mediana altitude (entre os 500 e os 750 metros), pouco acidentada em termos topográficos.
Adquirem aqui alguma expressão as actividades industriais (sobretudo ligadas ao sector da construção civil) e terciárias, sendo porém na agro-pecuária que temos de procurar ainda o principal esteio da economia local (assumindo a olivicultura certo protagonismo especifico). Contra os 1216 residentes noticiados em meados do século, a freguesia registará hoje um pouco menos de um milhar (942). Pinho Leal, sempre inventivo, reclamava o topónimo Izeda como suposta corrupção de “Yazeda”, que em português antigo significaria estância ou enseada (!). Leite de Vasconcelos apontava o latim “iliceta” (azinhal), interrogando por sua vez o Abade de Baçal se não proviria do arábico nome próprio “Yezid” (embora acrescentando que em um documento do século XI surge igualmente o nome arcaico português “Oseda”): As míticas origens da localidade desde cedo se alimentaram igualmente da imaginação e criatividade quer de eruditos, quer da tradição oral popular.
O pároco redactor das “Memórias Paroquiais de 1758 aludia à Ermida de Santa Eulália (actualmente em ruínas), uma meia légua distante do lugar de Izeda, e implantada em local onde a tradição referia ser o do assento de “hua cidade chamada Medea, de que ainda parecem vestígios”.
O informe, precioso do ponto de vista arqueológico, não terá sido ainda convenientemente explorado no terreno. Bastará a significativa abundância de estações castrejas em freguesia limítrofes (nada menos que três em Calvelhe e uma outra em Paradinha Nova) para aferir das probabilidades de um recuado povoamento proto-histórico no aro da actual Izeda.
Embora comummente referida como “romana”, a Ponte de Izeda, alçada sobre o rio Sabor entre esta freguesia e a vizinha Santulhão (esta já pertencente a Vimioso), é um magnífico exemplar de arquitectura pontística, com seus múltiplos arcos e perfil “em cavalete”. Dotada de quatro talhamares (que sobem até à altura do fecho dos arcos, mostrando um perfil arredondado a montante e agudo nos voltados e jusantes), a estrutura de alvenaria, em rocha xistosa da região apresenta um amplo arco central bastante aberto e mais quatro outros arquetes (dois de cada lado), estes já levemente apontados e de tamanhos desiguais. Sendo uma construção de fábrica inequivocamente baixo-medieval, esta ponte mostra-se estreita e dotada de guardas, sob a forma de muretes de topo abaulado).
Em 1987 foi erguida, a escassas centenas de metros, uma segunda ponte, em betão armado e tabuleiro recto assente sobre múltiplos pilares (cerca de 250 metros de comprimento e 40 de altura).
No domínio da arquitectura religiosa, contam nesta freguesia, para além da Igreja Matriz (de amplas proporções e fábrica setecentista), uma mão cheia de templetes, a saber: a Capela de Sta. Catarina (construída em 1982, no lugar da antiga, em ruínas, do séc. XVI; actual data de 1982), a Capela de Sto. Apolinário (possivelmente já deste século, embora o par de colunas “toscanas” do pequeno alpendre pareça denotar certa antiguidade) e já aludida Capela de Sta. Eulália (em ruínas). Existiram ainda templetes invocados a N. Sra. da Conceição (particular e datado de 1860) e a dita Capela dos Frades, no Bairro da Veiga.
Muito curiosa é a atribulada história de uma casa conventual, instalada pelos meados da primeira década deste século em Izeda e constituída por Missionários do Imaculado Coração de Maria. A dita comunidade esperava edificar um colégio e Igreja, tendo-se inclusivamente iniciados a sua construção, que ficaria interrompida e abandonada, com a ida dos missionários para Espanha.
Outro ambicioso projecto que não passaria dos limbos foi o da erecção de um sumptuoso Santuário do Coração de Maria, assinado por arquitecto madrileno e patrocinado por duas abastadas irmãs de Izeda – Maria Rosa e Maria Clara Martins. O magnificente templo, de estrutura neogótica, viu a sua primeira pedra benzida em 1909, atingindo as paredes no ano seguinte, uma altura de dois metros. Ficar-se-ia o arrojado projecto por ali, com o entaipamento de portas e janelas. Na entrada principal do edifício da antiga colónia correccional, pode ainda observar-se um exímio trabalho de cantaria interrompido. Subsistirá em Izeda, no Bairro do Pereiro, a memória toponímica do local de assento da antiga Igreja Paroquial (em uma casa particular da Rua da Fonte do Mouro há uma pedra com data de 1622).
O actual templo foi edificado em 1757, ostentando uma traça bastante austera. A estrutura é demarcada por uma planta rectilínea e uma volumetria simples, onde sobressaem os corpos da torre sineira – em posição central e avançada em relação a parede fronteira – e uma espécie de “Zimbório”, central de planta quadrangular, provido de lanternim e levemente sobrelevado. No vasto, ajardinado e bem cuidado adro, pode apreciar-se uma pia de água benta bem em granito, alegadamente proveniente da arruinada Capela de Sta. Eulália.
Vasta mole arquitectónica, alvejando entre o acastanhado da paisagem circundante, é o Estabelecimento Prisional Central de Izeda, primitivamente Escola Profissional de Santo António. O actual Complexo data de 1960, integrando um vasto corpo rectangular de três pisos (o térreo aberto em arcaria de volta perfeita), adossado ao qual se observa, a um dos flancos, uma ala lateral rematada por sóbrio templete.
Tradições
Antigamente, nos tempos livres, os homens de Izeda distraíam-se a jogar ao fito, à relha, ao ferro e ao calhau, enquanto que as mulheres passavam os seus tempos livres a fazer lindas rendas (panos de enfeitar, colchas, toalhas, etc.). Estes jogos tradicionais, actualmente, estão praticamente extintos, mas ainda existem mulheres que fazem diversas rendas.

in:cm-braganca.pt

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