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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Paisagem no Penedo Durão-Assumadouro (Parque Natural do Douro Internacional) (Freixo de Espada-à-Cinta

O quartzítico Penedo Durão é um dos locais mais emblemáticos do Parque Natural do Douro Internacional. Este penedo ciclópico e medonho está debruçado a centenas de metros em precipício sobre o rio Douro. Daqui avista-se a vasto  Planalto Castelhano e que em Portugal se prolonga até à Aldeia Histórica de Marialva e mais a Sul cessa contra a muralha enorme, estruturalmente complexa da Serra da Estrela .
Observa-se ainda a barragem de Saucelhe que constitui um aproveitamento hidroeléctrico espanhol, em funcionamento desde 1956 -escuta-se o ruído da água a sair pelo escoadouro das turbinas; na margem oposta minas abandonadas, a enorme cratera que desfigura a paisagem, e a foz do selvagem rio Huebra quase gémeo do Águeda.
Um grifo, que é uma das aves mais espectaculares da fauna portuguesa voa tranquilamente abaixo de nós. É conhecido nesta região por abutardo, que com as suas asas largas com mais de  2,30 m de envergadura, utiliza as correntes de ar quente e os ventos para ascender até elevadas altitudes. Desta forma prospecta um vasto território procurando encontrar cadáveres de animais que constitui o seu alimento. Na nossa ascensão até ao Penedo Durão é possível observar os “alimentadores de abutres” colocado pelo Parque Natural do Douro Internacional. Tão bem ou melhor que às muralhas de Marvão, lhe assenta a descrição de Raul Brandão:”daqui se vêem as águias voando abaixo de nós”.
Um caminho de macadame para poente indica-nos “Assumadouro”. O automóvel com algum custo desloca-se sobre a cumeada do Penedo Durão, enorme baleia de rocha dura, sob a sua dianteira saltitam em fuga coelhos, tantos como nunca vimos. O denso coberto vegetal é odorífico e as estevas são predominantes. Por vezes numa nesga do terreno avista-se o plúmbeo Douro.
Chegamos ao ponto desejável a vista é inolvidável; é ali está Barca de Alva rodeada por terrenos boleados xistentos, acolá as quintas do Douro com olivais, amendoais, vinhas e laranjais a darem uma nota mediterrânea. Mansas e bravas, selvagens e distantes, estes territórios foram esquecidas pela UNESCO quando classificaram o Alto Douro Vinhateiro; identificamos a Quinta do Salgueiro arroteada pelo poeta Guerra Junqueiro, que nos últimos anos da sua vida se entregou aos assuntos agrícolas e de mineração com notável zelo, dando os seus estudos sobre radioactividade, ensejo a polémicas e louvores por parte dos homens de ciência. Mais ao fundo serra da Marofa, Pinhel, talvez a Guarda, Ciudad Rodrigo e o estreito canhão do rio Águeda.
O Penedo Durão aqui é dissecado pelo vale estrutural da Ribeira do Mosteiro, com as suas extraordinárias dobras e a calçada de Aljapares, e que alberga uma das paisagens mais impressivas de Portugal. Depois do espectacular materializado pelo canhão da Ribeira do Mosteiro, o penedo quartzítico prossegue o seu caminho até a Senhora do Castelo em Urros .

Nota pessoal em Penedo Durão
Na visita ao Penedo Durão não estávamos sós! Um casal suíço numa autocaravana bebe o nosso “sol engarrafado”, sentados confortavelmente em cadeiras de praia, dispersam os olhos por aquela beleza sem fim.
Conversamos, vão ali passar a noite, andam a viajar por toda a Europa. Talvez por simpatia dizem-me que Portugal e a Irlanda são os mais belos países que conheceram, e que o nosso é um dos últimos paraísos existentes na Humanidade. Ficam espantados quando eu lhes digo que por vezes os portugueses não gostam de o ser …não compreendem… como é possível? Digo-lhes que a esmagadora do povo lusitano, se lhes dessem a escolher entre a Suiça e Portugal, preferiam o primeiro. Dizem eles que devemos ser doidos, como é possível gostar-se mais duma pátria que não tem mar, apenas montanhas, que é gelado durante 7 meses, onde apenas se trabalha, dorme, come enlatados e no Inverno às duas horas da tarde já é noite.
Como é possível o povo português bolçar sobre o paraíso terreal, e abre os braços para as arribas rochosas que caem, quase a prumo sobre a margem direita do Douro, meio milhar de metros mais abaixo. É a imagem de uma força imensa.
Vão comer um peixe pequeno azulado, que nunca experimentaram. Num fogareiro ajudo-os a assar uma sardinhada com pimentos. São constantes os elogios ao pitéu, acompanhado agora por um bom tinto duriense.
Já é noite, ao fundo muito pequenina a ponte iluminada de Edgar Cardoso, diz-me que tenho de voltar (o Sevilha ganha a Taça Uefa). De noite vultos suspeitos esvoaçam em redor…não tenho medo já conheço o Penedo Durão, que fica em Portugal, na margem direita do rio Douro no concelho esquecido de Freixo de Espada à Cinta.

in:portugalnotavel.com

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