sexta-feira, 17 de abril de 2015

Obra Social Padre Miguel - “Resolvemos problemas a muitas famílias”

Fundada há 22 anos, a Obra Social Padre Miguel, em Bragança, concentra actualmente a maioria dos seus serviços nas instalações inauguradas em 2009. Em entrevista, o presidente da instituição, Nuno Vaz, acredita que, no próximo ano, a dívida possa ficar regularizada e garante que não irá recandidatar-se ao cargo nas eleições do próximo ano.
“Resolvemos problemas a muitas famílias”

Jornal Nordeste (JN)- A prestar apoio à população de Bragança há mais de 20 anos, qual o balanço que faz da evolução da instituição?

Nuno Vaz (NV) – O balanço é extremamente positivo. Tudo o que temos vindo a fazer ultrapassou todas as perspectivas daquilo que se tinha programado. Nós resolvemos imensos casos a muitas famílias que, se não lhe tivéssemos dado a mão, teriam vivido vidas muito difíceis. Foi uma obra que se implantou muito bem no terreno, procurou saber onde estavam realmente as pessoas com grandes necessidades, visitando os bairros da cidade, casa a casa, recorrendo ao apoio dos sócios, que têm sido um dos grandes pilares da instituição, à boa vontade dos funcionários que, em sistema de voluntariado, fora do horário de trabalho, sempre nos apoiaram. 

JN- O empréstimo que contraíram para as novas instalações apontava o ano de 2028 para a regularização da situação. No entanto, a instituição está a caminhar a passos largos para conseguir liquidar a dívida antes desse prazo …

NV- Sim. No próximo ano, se não ficar totalmente regularizada, deve ficar muito perto disso. Hoje já só temos uma prestação mensal de 2.584,67 euros. Quando pensámos neste projecto, a maioria das pessoas não acreditava que fosse concretizável, pois consideravam que era uma obra megalómana ou que seria como o Titanic e se afundaria logo. Mas nós éramos pessoas bastante responsáveis, com os pés bem assentes no chão. Inicialmente, pensámos que só vendendo parte das suites é que poderíamos avançar com a obra mas, entretanto, veio o PARES e, nessa altura já tínhamos algumas comprometidas. Venderam-se 11 das 26 suites, o que também ajudou muito para abater a dívida. 

JN- Como têm conseguido receitas para abater a dívida?

NV- Com a venda das suites e alimentação vitalícia aos utentes, com donativos, o apoio dos sócios e benfeitores, com a ajuda dos funcionários e outros apoios aos quais concorremos. Temos também feito várias alterações que nos permitem poupar cerca de 30 por cento em relação ao que inicialmente gastávamos, mas continuando a aumentar a qualidade e o bem-estar dos utentes. Por exemplo, através de sistemas economizadores de água e luz e da utilização de painéis solares para aquecer a água da piscina. A obra social tem por missão ser verdadeiramente social. Por vezes, ficamos tristes quando as pessoas, sem nunca terem vindo cá, só porque vêem estas instalações pensam que isto é para ricos, mas não. Isto é para pobres. Se a pessoa chega aqui com fome, primeiro matamos a fome, e depois vamos ver quem paga e como paga. Nunca ninguém sai daqui de mãos a abanar, temos sempre resposta, mas depois de colher informações, porque já encontramos também muitos oportunistas.

JN – Quais os projectos que tem a curto prazo para a instituição?

NV – Para já, pagar a dívida e continuar a melhorar o bem-estar dos utentes e dos funcionários. Temos outros terrenos, que foram doados, e a nova direcção pensará no projecto que entender adequado para o local. Se eles me pedirem empenhar-me-ei para ajudar e conseguir apoios para um novo projecto. Neste momento temos um projecto da Câmara para revitalizar uma parte do terreno onde se encontra a instituição. O local já começou a ser arborizado, vamos concretizar o projecto com a mão-de-obra de funcionários da instituição que trabalharam na área da construção civil. Vai ter também um lago, uma queda de água e uma área de lazer, que vai proporcionar uma maior qualidade de vida aos utentes.

JN - Para o ano há eleições da direcção da instituição mas já tornou público que não quer candidatar-se. Porquê?

NV- É verdade. Por uma razão muito simples: eu faço agora 76 anos. Não sou uma pessoa muito saudável e também devido ao desgaste. Muitas vezes, estou a trabalhar na secretária até tarde. Tenho dedicado toda a minha vida a isto. Vim para aqui apenas com o intuito de servir e não de me servir. Não vim para aqui para reinar. Apoiarei a direcção que eu vir que melhor vai ter capacidade para orientar a instituição, continuar os projectos e o bem-estar de toda a gente.

in:jornalnordeste.com

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