Francisco Frade é oficial do exército. Há mais de vinte anos que pediu a reforma da vida militar, da folia da capital e da disciplina profissional que lhe eram exigidas. A liberdade sempre esteve na sua terra, onde voltava nas férias. A liberdade de voltar a ser menino, aquele que saiu novo para cumprir o privilégio de poder estudar fora.
As lembranças de Freixo levava-as sempre para ajudar a contar os dias para o regresso para junto da família e amigos, e para a vida longe dos “galões” : “As brincadeiras em Freixo eram ir até ao rio, tomar banho, jogar à bola, conversar com os amigos, andar de burro que também era uma festa, ir numa burricada pró rio e vários se juntavam com burros”.
Dos tempos de criança lembra as dificuldades dos dias de muitos dos seus colegas, “iam para a escola descalços em dias de geada, com os pés na geada era uma coisa impressionante”. Brincou com muitos deles ao eixo e com a bola de farrapos, com carrinhos de lata e ao peão, “a vida era muito diferente, agora é muito fácil, há internet, telemóvel”. Os tempos já não são como quando havia uma só grafonola na vila, à corda. “Era a grafonola do barbeiro e no verão pedia-se emprestada para os bailaricos”.
Os tempos de menino já estão longe. Os regressos à terra já não são ansiosos. Há quase 20 anos que voltou de vez a Freixo. Muita coisa mudou. Algumas mudanças acompanhou-as de perto, mas por cá continua a sentir-se como “peixe na água”.
(abril de 2015)
Texto: Joana Vargas
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