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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira..
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 24 de maio de 2016

BILHETE-POSTAL

Vindos de Espanha atravessámos Bragança rumo ao Ribatejo. Seria mácula persistente não estacionar na cidade de modo a dois acompanhantes vislumbrarem três ou quatro referências marcantes, dando azo à fixação de imagens na memória e nos instrumentos de fixação tão bem enunciados pela Susan Sontag.
É, que, esses companheiros de viagem possuíam uma vaga ideia de Bragança baseada em lugares-comuns dentro da linha do Anatómico Jocoso, e mais não digo neste bilhete-postal.
Fomos ao Centro de Arte Contemporânea, depois de encaminhar os visitantes fui à cafetaria, a sempre amável Dona Lili recebeu-me afectuosamente, pedi-lhe para não se esquecer dos doces e lambiscos brigantinos no «cardápio», enquanto bebia água engarrafada observei crianças a brincarem no espaço relvado, pais a cuidarem, a lerem. Muito bem.
Não podia esquecer o Museu Abade Baçal. Uma Senhora sorridente recebe-nos simpaticamente. Os apressados viajantes vão observar as colecções, fico no átrio a contemplar fotografias evocativas do Senhor Abade e dilectos Amigos. A Sontag teria escrito palavras prenhas de alacridade ante tais visões.
Lavados os olhos pergunto à Senhora se posso ver e comprar publicações referentes ao Museu, baixa os olhos, quase em murmúrio diz-me não existirem. Folheio uma exposta. Está esgotada. Vejo outras relativas a Museus de terras vizinhas, durienses. Pois, o Douro!
Pergunto à funcionária pelas actas ou relatos impressos dos ditos falados no decorrer das rememorações ocorridas em 2015, salientadoras dos cento e cinquenta anos do nascimento do cidadão Francisco Manuel Alves. Não existiam!
Passei ao jardim contíguo de tão gratas recordações, pisei a relva na intenção de saber a identidade das árvores crescidas e dos arbustos, anonimato total.
Porque reputo de vital conhecermos as raízes da nossa ancestralidade, levei-os ao Castelo, o adiantado da hora não permitiu franquearmos as portas do Museu Militar e do Museu da Máscara, permitiu isso sim contemplarmos o Pelourinho, a Igreja de Santa Maria, a Domus, lavar os olhos a observarmos o refulgente cromatismo de lonjuras e proximidades. Circunscrevendo tudo quanto as muralhas encerram expliquei as razões de Dom Álvaro Cunqueiro ao comparar Bragança a Sedan. O viajado galego, notável gourmet, dono de escrita divertida, orgulhoso do seu galeguismo sempre se distanciou do chauvinismo pateta a impedir o reconhecimento de outras gentes e outras terras. Dadas as explicações zarpei satisfeito, tinha cumprido o meu dever.
No dia 16 deste mês voltei a Bragança, nova passagem meteórica, ainda assim ganhei prazer a saberes trocando opiniões sobre a cidade do nosso enlevo com dois cidadãos atentos conhecedores das realidades locais, atentos aos desafios soprados de outros lados especialistas no ganho em todos os tabuleiros.
À noite, o Alberto (Beto) Fernandes explicou-me a diferença entre trabalhar com um motor e ser seu dono, revelou aguçado entendimento sobre o acessório e o essencial no tocante à afirmação bragançana no confronto ou competição entre as cidades da Região e do Norte. Aprendi, mais sedimentei a convicção de não ser do Norte, sim Transmontano, do Nordeste, da Terra Fria (o que faz toda a diferença).



Armando Fernandes
in:jornalnordeste.com

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