segunda-feira, 20 de junho de 2016

As estórias e as histórias das pedras

Um dia destes fui até Rabanales, uma localidade zamorana, que fica a uma dúzia de Klms de Alcanices. Para além de ser uma terra de boa carne também é rica em património cultural construído e humano. E contava em 2013 com 246 habitantes.
Outrora foi uma terra bastante populosa, agora é como algumas aldeias transmontanas, quase desertas onde teimam em viver pessoas que não querem desfazer-se dos seus bens e do amanho das terras.
Já la tinha ido com o meu amigo Moisés Anes, inspetor de educação, agora aposentado, e que melhor do que eu conhece alguns povos da raia. É natural de Rio Frio e ensinou-me o caminho até lá. A boa gastronomia e os restos de castros e tudo o que a Igreja de São Salvador, a Igreja Paroquial de Rabanales tem de arte. Um espaço que ocupará umas horas para quem gosta de arte e de restauro e conservação.
Claro que hoje em dia e, parece-me que foi sempre, assim, as pedras das nossas casas, das escadas, as que juntas servem de muro dos campos, suporte de terras, que juntas são a base de muitos castelos e monumentos, igrejas, palácios, casas familiares, encerram, nelas mesmo, estórias e histórias para e por contar.
Servindo-me da Wikipédia, fico a saber que a igreja paroquial de Rabanales foi construída durante o reinado dos Reis Católicos, e sua capela, é feita em grande parte com materiais romanos. Destacam-se os blocos de granito de 1,10 x 1,23 e 0,40 ou 0,50 de espessura, ou estelas sepulcrais e pedras esculpidas.
À sua volta têm sido descobertas várias sepulturas. Abunda a lousa. Além disso, também apareceu um sarcófago de granito. Todos estes restos apontam para uma origem cristã, embora não se saiba a data exata.
Destaque-se ainda a existência de castros. O Castrico, numa colina; o Castro da Gallinera, ao norte; o Castro de São João, a oeste, e o Castro Luísa.
Outras 2 grandes pedras que se destacam são dois “Falos”, símbolo da fertilidade e da vida em quase todas as mitologias, que estão localizados junto à Igreja. A sua origem, talvez romana, dada a utilização que como símbolo surgem, no seu extenso império. 
Daqui podemos concluir, sem dúvida, que há muita história à volta das pedras. Basta pensar nas vezes que vou ao Castelo de Bragança apreciar a construção, os materiais usados, as recuperações, o tipo de obras de conservação. São atividades que me chamam a atenção. Desde cedo me dediquei às questões do património e ainda hoje retenho na memória as ruinas de umas antigas casas que havia em Angola, na minha terra, onde vivia, e cuja curiosidade sobre as mesmas ainda baila no meu pensamento. A par disso venero muito a Anta de Zedes, minha aldeia natal, que continua de pé, através dos tempos, apesar do abandono a que está prestada pelas autoridades. O que lamento. Sobre ela, muitas histórias há para contar e outras estórias, sobre namoricos e outros encontros. Bom seria que uma sala da antiga escola primária pudesse servir para criar um Centro Interpretativo do Megalitismo. Por razões alheias ao comum dos mortais, não vejo que isso venha a ser possível, o que constituirá um erro com reflexos na preservação da Casa da Moura.
Mas é preferível que ela se mantenha de pé e que não haja nenhum visionário que dê cabo do monumento e não valorize o espaço envolvente.
E a propósito da anta de Zedes, vem-me a ideia também defendida pelo Padre António Bernardo, e que a partilhou há uns quatro anos, com um grupo de pessoas que foram a assistir ao nascer do sol junto à anta de Zedes que nós nordestinos, seremos, talvez, descendentes dos Zoelas, uma tribo pré romana pertencente ao povo das Astúrias mencionado por Estrabão e que habitavam as serras de Nogueira, Sanábria e de Culebra até aos montes de Mogadouro, assim como Santa Comba, no norte de Portugal e Espanha. 
A capital foi a cidade de Curunda, construída num lugar indeterminado entre Bragança e a Província de Zamora, havendo quem considere que Rabanales poderia ter sido essa cidade.
Os zoelas também são mencionados em altares encontrados en Bragança, concretamente em Castro de Avelãs. Foram encontradas estelas funerárias decoradas com símbolos circulares, simbolizando o sol e com desenhos de animães como o cerdo e o venado. Os zoelas são de origem desconhecida. Muitos autores consideram-na uma das etnias mais antiga da Península Ibérica. O cultivo do linho cultivado pelos zoelas, era famoso em Roma.
Mas sobre esta matéria voltaremos a ela noutra ocasião. Saibamos respeitar o património natural e construído. Seremos mais ricos como comunidade.

Bibliografia/Wikipédia.es




Os Segredos da Princesa
Por João Sampaio

in:Correio Transmontano no Facebook

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