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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

segunda-feira, 13 de junho de 2016

Memórias Orais: Celeste Quinta

“Comprávamos meio quilo de sardinhas e depois assava duas sardinhas e minha mãe tinha de as partir pelos filhos e pelos netos. Um queria a cabeça, outro queria o meio, ai naquele tempo, meu Deus, era uma miséria mas tínhamos mais sabor”.
Celeste Quinta tem 86 anos, é natural de Poiares mas vive no Lar em Freixo de Espada à Cinta. As amarguras da vida não lhe tiraram o brilho que quase sempre traz no olhar até mesmo quando se emociona. Criou nove filhos mas só seis “vingaram”. A falta de cuidados médicos muitas vezes não permitiam que os anjinhos, como Celeste lhes chama, vivessem. Os outros seis estão bem, “graças a Deus, diz, a mãe é que foi parteira de quase todos, apenas um nasceu já no hospital.
Das dificuldades nem se quer lembrar mas com as poucas palavras retrata um tempo que só queria que tivesse passado depressa. “Só nos abonava o pãozinho, não tínhamos dinheiro para mais nada. O meu era pastor e eu todas as noites dava a volta à vila a vender leite, em cima de uma burrinha”. Umas vezes o dinheiro chegava para um pão, outras não era suficiente.
Do marido não traz as melhores recordações mas ainda assim esteve ao lado dele até o fim da vida. Os dois começaram a vida numa casa pequena, térrea, sem água nem luz. “Lá morávamos nuns palheiros, eu e o meu limpávamos aqueles buracos, bem limpinhos para fazer os quartos para os filhos, outro para nós, com tábuas velhas”. Depois do trabalho, no tempo de verão, varria muitas vezes as eiras para que no fim da apanha das sementes lhe dessem pão e azeitonas. 
Os filhos da “ti Celeste” como carinhosamente é conhecida, estão bem. Ainda que criados a pulso. Já tem netos e bisnetos e talvez aqui tenha estado a sua maior força para viver.

Texto: Joana Vargas

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