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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 27 de junho de 2017

Relação das Exéquias mandadas celebrar em Bragança pela Câmara à Morte de El-Rei D. João VI

Possuímos uma folha avulsa, sem título, mas que, pelo assunto, mostra ser uma relação das exéquias celebradas em Bragança pela morte de el-rei D. João VI. É impressa em Lisboa, na Tip. de Bulhões.

Diz que tendo constado em Bragança, a 25 de Março, por aviso da secretaria de Estado dos Negócios do Reino, a morte daquele rei, a câmara, reunida em sessão extraordinária, mandou anunciar o luto por meio de um bando e tocar funebremente os sinos da cidade por três dias, destinando o dia 19 de Abril para a cerimónia da quebra dos escudos e exéquias fúnebres.
O cortejo saiu dos paços do concelho e percorreu as ruas da cidade, indo nele incorporados: o bispo D. Frei José Maria de Santa Ana Noronha, o cabido, as irmandades da Misericórdia e Ordem Terceira, todos os funcionários públicos e pessoas gradas da cidade e a clerezia de Bragança e área em circunferência de duas léguas, com as tropas da respectiva guarnição e mais:

Bento José da Veiga Cabral, governador da praça;
José de Barros e Abreu, major comandante do regimento de cavalaria nº 12;
Manuel Bernardo da Silva Rebocho, tenente-coronel comandante do
regimento de infantaria nº 24;
Joaquim Gualdino da Rosa, major de infantaria nº 24;
Emídio José Lopes da Silva, major do mesmo;
António Manuel de Medeiros Feio, comandante da companhia de veteranos;
António José de Morais, bacharel ex-almotacel;
António Ferreira de Castro Figueiredo, ex-vereador, que conduzia a bandeira da cidade;
António dos Inocentes, alcaide da câmara;
António José de Sá, bacharel, juiz-almotacel;
António José de Lima, idem.
Tudo «de luto pezado, de capas compridas, chapeus desabados e fumos cahidos sobre o hombro direito».
João Nogueira da Silva, desembargador e corregedor da comarca;
José Bento Pestana da Silva, juiz de fora, presidente.
João de Sá Carneiro Vargas, vereador da câmara;
Manuel António de Barros Pereira do Lago, idem;
António José de Novais da Costa e Sá, idem;
Cada um destes vereadores levava um escudo real no braço esquerdo.
Manuel António de Azeredo Pinto de Morais Sarmento, procurador da câmara;
João Manuel Lopes, escrivão da mesma.

Logo que o cortejo saiu dos paços do concelho, se dirigiu ao largo da Cidadela, onde estava construído, a propósito, um tablado, e subindo respectivamente a ele os três vereadores mencionados, quebraram os escudos e os deixaram cair sobre ele, tendo previamente recitado a «Oração» do costume. Também, quando o cortejo recolheu aos paços do concelho, o juiz de fora, presidente, foi o primeiro a subir a escada e no alto dela quebrou a sua vara e a deixou igualmente cair por terra, fechando-se imediatamente todas as portas e janelas dos mesmos, em sinal de luto.
Tiveram depois lugar as exéquias religiosas, a que assistiu todo o acompanhamento na igreja de Santa Maria, onde se elevava uma majestosa essa, na qual se liam, em diversos lugares dela, as seguintes inscrições:

1.ª «O lucto pelo Heroe, Bragança toma,
Que os herões excedeu da Grecia e Roma».
2.ª «Nas sombras luctuaes, entregue á Morte
Jaz o sexto João, oh! fado!, oh! sorte!»
3.ª «Das vidas a melhor a parca feriu,
E este golpe fatal tudo sentiu».
4.ª «Na morada feliz, habita, e mora,
O monarcha sem par, que Lysia chora».

À função religiosa assistiram, além de outros:

José da Graça Torres, dirigente das mesmas, familiar do bispo;
Luís António da Costa, capelão da Sé catedral, regente da música da mesma;
Paulo Miguel Rodrigues de Morais, deão da catedral, que celebrou missa fúnebre;
Manuel da Silva, cónego prebendado, que serviu de diácono à mesma;
Manuel António do Carmo, meio prebendado, que serviu de subdiácono.
As absolvições foram feitas, respectivamente, por: Paulo Miguel Rodrigues de Morais, deão;  Matias José da Costa Pinto de Albuquerque, mestre-escola; José Maria de Meireles, tesoureiro-mor da Sé; Manuel Alves Leal, arcediago de Bragança; e, em último lugar, pelo bispo Santa Ana Noronha, que também pronunciou a oração fúnebre Fecit quod placitum erat coram Domino, et ambulavit per omnes vias David, patris sui – que deve ter sido magistral, pois, como escreve o autor, «declarou-se o nome do orador, e do primeiro orador do nosso seculo, tanto basta, por consequencia, para se fazer o completo elogio ao discurso, cuja elegancia e exactidão d’estylo não seria facil descrever».

Memórias Arqueológico-Históricas do Distrito de Bragança

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