sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020

Paulo Moura – Homenagem ao Bombeiro Voluntário (2008)

Tendo a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Bragança solicitado ao Presidente da Câmara Municipal de Bragança uma estátua de homenagem aos Soldados da Paz, para celebrar os 118 anos de existência, o assunto foi levado à reunião camarária de 9 de junho de 2008. Ficou decidido que se abrisse um concurso para o efeito, sugerindo-se a Rotunda do Mercado para a implantação do monumento comemorativo, e apontando-se o dia 8 de dezembro de 2008, dia da Padroeira dos Soldados da Paz, para a sua inauguração. Por despacho do Presidente da Câmara Municipal de 17 de junho de 2009, foi adjudicada a execução da obra ao escultor Paulo Moura.
Paulo Moura formou-se em Escultura na Faculdade de Belas Artes do Porto, e radicou-se em Carrazeda de Ansiães, onde tem o seu ateliê. Representante da nova geração de escultores, viu o seu trabalho reconhecido no Simpósio Internacional de Escultura, realizado entre 4 e 26 de setembro de 2006, no Município de Vinhais.
Na memória descritiva referente a este projeto de Homenagem ao Bombeiro, Paulo Moura aponta na introdução um aspeto importante: o local escolhido para a implantação do elemento escultórico. Com efeito, a Rotunda do Mercado Municipal de Bragança é um espaço público que não possui condições para manifestações lúdicas, permitindo uma interatividade com a escultura por parte dos observadores, visto estar condicionada pela circulação automóvel.
O objetivo que presidiu em primeira análise à elaboração da obra foi a temática ligada ao papel desempenhado pelo bombeiro voluntário que faz parte do imaginário da criança, e as palavras cheias de encanto do escultor lembram-nos que os carrinhos que geralmente as crianças recebem de prenda são de bombeiros. Eles puxam a escada, desenrolam as mangueiras e brincam a salvar vidas. O espírito de aventura ocupa a mente dos mais pequenos, projetando uma vontade para o futuro.
É também destacada a faceta do espírito do voluntariado sempre presente nos bombeiros, que desempenham um papel notável a nível de cidadania, a todos acudindo, sem quaisquer distinções, e em situações diversas, marcando uma presença profissional e altruísta numa sociedade em que esses valores são muitas vezes esquecidos. No pensamento do escultor, a figura do bombeiro surge como um elemento de coesão social, cuja missão implica necessariamente a existência de solidariedade, disciplina e trabalho em equipa, configurando aspetos vitais para a criação de uma sociedade melhor.

No grupo escultórico, para além da figura do bombeiro, está também representada uma chama gigantesca simbolizando a Alma, ou força interior que o leva a combater a chama/sofrimento dos outros. O escultor especifica desta forma o seu pensamento: “Da particularidade como a forma é apresentada no seu conjunto e na disposição como se apresentam os três elementos preponderantes, o objetivo é o de traduzir simbolicamente as ‘chamas da Alma’ do Bombeiro, confluindo uma delas na configuração da imagem do próprio Bombeiro, que se localiza estrategicamente posicionado em direção ao quartel dos Bombeiros Voluntários de Bragança, fazendo desta forma a ligação Ação/Homem/Comando, desta localidade”.
Assim, o monumento de Homenagem ao Bombeiro posicionado em direção ao Quartel dos Bombeiros Voluntários de Bragança, e enquadrado cenograficamente no espaço que lhe fora destinado, é uma presença constante quer de dia, quer de noite, devido à iluminação para ele prevista, recordando a todos a importância da sua missão.

Título: Bragança na Época Contemporânea (1820-2012)
Edição: Câmara Municipal de Bragança
Investigação: CEPESE – Centro de Estudos da População, Economia e Sociedade
Coordenação: Fernando de Sousa

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