Foto: A Voz de Trás-os-Montes |
Já carregamos mais um Entrudo. Estamos sob o efeito da lua nova e, como diz o nosso povo “não há Entrudo sem lua nova, nem Páscoa sem lua cheia”, e “do Carnaval à Páscoa vão sete semanas”.
“No Entrudo come-se tudo” e agora mais que nunca, vai-se comendo o célebre butelo com casulas, que até tem direito a um festival gastronómico nesta altura em Bragança. Estes dias são ditos ‘gordos’ porque são dias de mesa farta.
A nossa família, no programa de rádio, tem recordado a antiga tradição de algumas localidades da nossa região, de oferecer um galo à professora primária, pelo Carnaval. O tio Rebelo, de Real Covo (Valpaços), disse-nos, a propósito, que no seu tempo “as professoras eram fidalgas! Aqui não queriam o galo! Queriam um cabrito. E lá tínhamos que lho dar. Bote ó jornal, tio João!”. A tia Ana Teiga, de Gralhós (Macedo de Cavaleiros), também nos contou que, no Domingo Gordo, é tradição na sua aldeia rematarem o charolo, composto de roscas, talaças e algum fumeiro.
Depois de a geada ter feito gazeta durante algumas semanas neste Inverno, voltou a atacar mas, durante o dia, o sol tem brilhado. A nível agrícola, anda agora a fazer-se o trabalho sujo: estrumar as terras e preparar as leiras para o renovo. As podas e as limpas continuam, mas agora são as vinhas que mais atenção requerem.
Nos últimos dias festejaram o seu aniversário connosco a tia Amélia Domingues, a ‘mé-mé’ (98), de Baçal (Bragança); Arnaldo Machado (94), de Deimãos (Valpaços); Teresa Aranda (80), de Cal de Bois (Alijó); Cassiano Lopes, o mestre do esfola beiços (75), de Carviçais (Torre de Moncorvo); António Xavier, o homem do buraco (72), de Coelhoso (Bragança); Helena do tio Filinto (69), de Vila Boa (Bragança); Ramiro Pires (65), de Freixedelo (Bragança); Ruben Fidalgo (18), de Paradinha de Outeiro (Bragança), emigrado na Inglaterra; Irene Gonçalves (80), de Samil (Bragança); Brigite Gouveia (50), de S. Martinho de Angueira (Miranda do Douro) e Armindo Xavier (57), Macedo do Mato (Bragança).
Que a vida os brinde até voltarem a festejar o aniversário connosco no próximo ano.
No Domingo passado fomos de excursão ao Santuário de N.ª Sr.ª da Lapa. Mais uma vez cumprimos a tradição de passar pela gruta atrás do altar, a tal passagem que se diz só conseguir fazer quem não tiver pecados mortais. O almoço, o baile e o lanche foram na Quinta de Santo Estêvão (Aguiar da Beira).
O Carnaval de Coelhoso aconteceu na tarde de Domingo Gordo e, como já vem sendo tradição, junta-se a folia do Carnaval do Brasil com o ‘Enterro do Pai Fartura’, numa parceria com o Instituto Politécnico de Bragança (IPB), através da Associação dos Estudantes Brasileiros desta instituição de ensino, que se fazem representar com bailarinas vestidas a rigor e muito samba.
Esta festa de Carnaval conta também com a presença de muitas pessoas das aldeias vizinhas, que não querem deixar de participar ou assistir ao desfile e à marcha para o velório do pai da carne, que depois é estourado e queimado.
Ao final da tarde, no pavilhão multiusos de Coelhoso, teve lugar o baile, com a animação de um Dj. Esta festa já faz parte do Carnaval da região, sem a presença de caretos.
Na aldeia de Fradizela (Mirandela) realizou-se no Domingo, pela primeira vez, um almoço convívio e uma missa campal, seguida de procissão com o transporte de um andor no frontal de um tractor agrícola.
A tradição era benzerem-se os animais, mas como já quase não os há, são agora os tractores e as máquinas agrícolas a serem benzidas, para proteger os tractoristas dos acidentes.
Tio João
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