Número total de visualizações do Blogue

Pesquisar neste blogue

Aderir a este Blogue

Sobre o Blogue

SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 10 de março de 2020

Estudo preliminar indica ensino do mirandês "insuficiente" para manutenção do idioma

Investigadores da Universidade de Vigo, em Espanha, estão a realizar, "pela primeira vez", um estudo "abrangente" sobre o estado da língua mirandesa e, numa fase ainda "preliminar", alertam para a "insuficiência" do ensino, quanto à manutenção futura do idioma.
"A nossa primeira impressão é que o ensino do mirandês, que atualmente se está a oferecer nas escolas do concelho, é insuficiente. Os alunos que não aprendam o mirandês em casa, têm um conhecimento praticamente nulo desta língua", revelou hoje à Lusa o professor do departamento de Filologia Portuguesa e Galega da Universidade de Vigo (UV), Xosé Costas.

Para chegar a esta conclusão, ao longo dos últimos três dias, uma equipa de alunos da UV, designada por "Brigada da la Léngua" (Brigada da Língua), composta por seis equipas de dois elementos, percorreu o concelho de Miranda do Douro, no distrito de Bragança, onde foram realizados cerca de 350 inquéritos à população residente e estudantil que começaram por mostrar alguns sinais "preocupantes" sobre o estado da segunda língua oficial em Portugal.

"Os alunos até podem aprender a escrever o mirandês, mas não têm o conhecimento da língua. Os inquéritos realizados neste estudo inédito e abrangente revelaram que a aprendizagem escolar da língua mirandesa é praticante nula e os alunos não se sentem cómodos, como utilizadores de uma língua em que se possam expressar com naturalidade", indicou o especialista galego.

Segundo Xosé Costas, foi uma "surpresa" verificar que os alunos que estudam língua mirandesa têm um conhecimento "praticamente nulo do idioma".

Para o especialista em Filologia Portuguesa e Galega, o que faz falta é "uma política de valorização do mirandês", e dotar o idioma de elementos de "prestígio" que ainda não tem.

"Se nada for feito, de futuro, para fomentar o desenvolvimento da língua mirandesa, esta pode estar morta dentro de uma geração", frisou o investigador.

O grupo de investigadores contou à Lusa que, na parte norte do concelho de Miranda do Douro, o mirandês "está vivo" devido ao uso que é feito pela população mais idosa. Já na zona sul deste território, "é uma língua menos usada".

"Na cidade de Miranda do Douro, nota-se falta de conhecimento e muito pouco uso da língua mirandesa por parte da população", verificou Xosé Costas.

Outra das conclusões preliminares deste estudo, porém, é que a população do concelho transmontano gostaria de ter acesso a mais publicações bilingues, e que o mirandês fosse utilizado em serviço públicos.

Todos os dados recolhidos pela "Brigada da la Léngua", que vão desde a análise da tradição oral até aos conhecimentos adquiridos pelos inquiridos, ou o seu uso no meio social, serão compilados e estudados pela UV, através de um programa informático, desenhado para esta investigação académica, e os resultados serão publicados.

A Associação de Língua e Cultura Mirandesa (ALCM) é parceira neste estudo e o seu representante, Alcides Meirinhos, adiantou que nunca se tinha feito um levantamento desta natureza, para se verificar o estado da língua mirandesa.

"Não sabemos quantas pessoas falam a língua mirandesa e qual é a competência de cada falante", vincou.

O objetivo da ACLM foi estabelecer uma pareceria com a UV, de forma a compreender o estado atual da língua mirandesa.

"Só a partir do momento em que haja dado concretos e cientificamente avalizados é que podemos tomar medidas tendentes a que o mirandês continue a ser a nossa língua", vincou o Alcides Meirinhos.

O responsável disse ainda que este estudo, tido como inédito, vai desde o início ao encontro da população, ao contrário de outros estudos académicos, feitos nos gabinetes das universidades.

Umas das alunas do último ano de Filologia Galega, Sol Vilas, que participa na elaboração do estudo, disse que é importante conhecer o real estado do mirandês, porque se trata de uma língua menorizada.

"Há muitas pessoas que falam mirandês, mas não é uma língua valorizada. O escalão etário que mais utiliza o mirandês [corresponde aos] mais idosos. Os mais jovens estudam o mirandês, contudo, não o utilizam no dia-a-dia", constatou a estudante finalista.

Já Aicha Villaverde, também estudante de Filologia Galega, vincou que sua participação neste estudo lhe deu a conhecer uma nova realidade linguística.

"A situação do mirandês parece-me que é a mesma do galego. Os jovens não se motivam, porque a língua não é oficial, nas escolas", vincou.

A língua mirandesa é uma língua oficial de Portugal desde 29 de janeiro de 1999, data em que foi publicada em Diário da República a lei que reconheceu oficialmente os direitos linguísticos da comunidade mirandesa.


FYP // MAG
Lusa/fim

1 comentário:

  1. Caro amigo Henrique,boa tarde/noite!

    Desde que li o artigo do professor Xosé Costa,que fico cismando sobre o conteúdo da matéria.

    Creio que ele está errado em prever o definhamento e posteriormente o fim do idioma mirandês que,na opinião dele,desaparecerá quando desaparecerem
    os últimos anciões das terras altas!
    Sabe, caro amigo: eu usei um tradutor de Tuguês para Mirandês,que me foi enviado pelo iminente colaborador Manoel Amaro (a pedido meu), como qual
    eu fiz algumas traduções de meus textos, para ver como"soariam","como o acento regional fica após escrito" e "como soaria aos ouvidos de um interlocutor
    ou leitor audaz.

    Pois bem, eu fiz a "tradução" de um livro meu,inédito,para o mirandês. Ficou assaz diferente,mormente por usar palavras não nativas das gentes do Brasil,
    em histórias,cujos enredos se passam nas terras de Pindorama.

    Eu, ACAS,creio que o mirandês não vai desaparecer!

    E,se alguém se dispuser a publicar ou dar ciência do fato, que um velho brasuca maluco ,fez traduções de contos dialéticos e cultos genuinamente brasileiros
    para o mirandês, podem crer que é verdade.

    Um abraço brasuca,

    Antônio Carlos Affonso dos Santos - ACAS

    ResponderEliminar