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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

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COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira..
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

segunda-feira, 23 de março de 2020

COMO SE FAZ UM CORRUPTO

Por: Humberto Pinho da Silva 
(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")


Vou-vos contar uma história. História verídica, segundo a senhora que ma contou, ocorrida com familiar, que esteve preso.
Não é alegre, nem tem fim feliz, mas serve para verificar como nasce um corrupto.
Alberto (nome fictício,) era um jovem que nasceu no seio de família cristã. A mãe, profundamente católica, educara-o dentro dos parâmetros do catolicismo.
Certa ocasião, o rapazinho, ao regressar do colégio, encontrou, na rua, porta-moedas, com dinheiro – quantia insignificante.
Ao chegar a casa, abeirou-se da mãe, e entregou-lho.
Esta, depois e verificar o conteúdo, disse-lhe:
- Alberto: não devemos ficar, com nada que não seja nosso. É feio e pecado. Vai, e entrega-o na polícia ou lança-o num marco postal.
Assim fez.
Entretanto o jovem, cresceu; e empregou-se na firma onde o pai trabalhava.
Feito curto estágio, o patrão – que era paternalista, – resolveu entregar-lhe o cargo de compra de material, já que seu pai e avô, sempre foram trabalhadores irrepreensíveis e honestíssimos.
Alberto, seguindo a norma da casa, pedia três orçamentos, levava-os ao chefe de contabilidade, que escolhia. Por vezes, este, solicitava-lhe uma ou duas facturas de artigos diferentes do que comprava. Dizia-lhe que era para acertar, as verbas, que dispunham.
Tudo corria bem, até que colegas da contabilidade vieram ter com ele, propondo-lhe um “ negócio”.
“Negócio” que todos faziam e que todos lucravam: compravam produtos: canetas permanentes, livros, discos, etc.…. etc. e pediam facturas de : papel de máquina e “químicos”.
Alberto hesitou, quis dizer que não, mas era tímido, além disso os colegas eram-lhe superiores hierárquicos.
Contrariado, cedeu. Para ele, ficou apenas um dicionário de português (!) … 
O tempo correu…Até que a secretaria fez requisição de papel. Não havia em stock. O facto foi levado ao patrão, que mandou chamar o Alberto.
Logo o mais astuto da contabilidade, declarou:
- “Quem vai falar, sou eu.”
Não conheço o que disse. Sabe-se que ao sair do gabinete, declarou:
- “Tudo resolvido. O que é preciso é ter lábia. Se fosse o rapaz, metia os pés pelas mãos, e todos ficávamos mal.
Alberto respirou fundo, e rezou à virgem por não ter sido descoberto.
Mas…pouco tempo depois, fornecedor habitual da firma, disse-lhe à puridade:
- “ Você pode ganhar muito, de forma legal. Peça dois orçamento e depois, mostramos. Eu elaboro um mais barato. Dou-lhe três por cento ou dez, conforme os lucros.
Alberto, que era extremamente escrupuloso e honestíssimo. Cedeu…
Assim se fez corrupto…

Humberto Pinho da Silva nasceu em Vila Nova de Gaia, Portugal, a 13 de Novembro de 1944. Frequentou o liceu Alexandre Herculano e o ICP (actual, Instituto Superior de Contabilidade e Administração). Em 1964 publicou, no semanário diocesano de Bragança, o primeiro conto, apadrinhado pelo Prof. Doutor Videira Pires. Tem colaboração espalhada pela imprensa portuguesa, brasileira, alemã, argentina, canadiana e USA. Foi redactor do jornal: “NG”. e é o coordenador do Blogue luso-brasileiro "PAZ".

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